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Satélite com tecnologia SAR permite monitorar o território brasileiro com mais precisão
Os satélites são sistemas que nos ajudam a conhecer nosso meio ambiente e a observar situações que podem impactar toda a sociedade. Os países enviam ao espaço exterior satélites artificiais para fotografar e verificar o que está acontecendo na superfície da Terra, e uma das tecnologias que ajuda nesse trabalho é a de imageamento por radar. Esse sensor permite enxergar objetos e cenários a grandes distâncias.
Os sensores radar operam na faixa de micro-ondas e, portanto, não dependem da iluminação solar e são pouco influenciados pelas condições atmosféricas. Além disso, a tecnologia Synthetic Aperture Radar (SAR) permite imageamento em três dimensões, fornecendo, assim, possibilidade de mapear relevo e estruturas tridimensionais.
Os produtos de sensoriamento remoto mais conhecidos e utilizados para fotografia e imageamento terrestre, via satélite, são os ópticos, que operam na faixa visível do espectro eletromagnético. Apesar de poderosos, apresentam algumas limitações, como a necessidade de uma fonte externa de iluminação (sensor passivo) e a grande dependência das condições climáticas. Existem outras regiões do espectro eletromagnético que também são úteis para sensoriamento remoto, permitindo aplicações que vão além do que é proporcionado por imagens ópticas no espectro do visível.
As imagens de radar ajudam enxergar e monitorar um país de grande extensão territorial como o Brasil. Os imageamentos sistemáticos, ou eventuais, permitem observar a Amazônia e outras regiões do território brasileiro, para cartografia ou identificação de mudanças; de barragens e recursos hídricos; de avaliação de impacto de vazamentos de óleo em mar brasileiro, ou de desastres naturais; de avaliação de utilização de solo para agricultura ou mineração; para pesquisa científica; para combate a ilícitos, entre outros.
Um satélite com a tecnologia SAR ainda possibilita monitorar diversos biomas brasileiros, em particular a Amazônia, mas também é útil para monitorar a Caatinga, Pampa Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal; além da Amazônia Azul. Na região Norte do país, durante parte do ano, há presença de nuvens densas, o que, aliado à altura da copa das árvores, dificulta verificar o que ocorre na superfície da Terra.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em seu relevante processo de monitoramento do bioma amazônico, utiliza imagens na faixa do visível (e do visível próximo). Já o Centro Gestor e Operacional de Proteção da Amazônia (Censipam) emprega imagens obtidas com a tecnologia SAR. Não se tratam de sistemas concorrentes ou excludentes, são complementares. Podem e devem ser utilizados para aperfeiçoar o monitoramento da Amazônia, de outros biomas, de recursos hídricos e marítimos.
Hoje, o Censipam processa as imagens radar no Brasil e auxilia o INPE no período de chuva e de nuvens densas, muito comum na Amazônia. Como o Brasil ainda não possui seu próprio satélite radar, são utilizadas imagens de satélites obtidas de outros países.
Desde os anos 80, o Brasil empenhou-se, no âmbito do Programa Espacial, em capacitar-se no desenvolvimento, lançamento e operação de seus próprios sistemas satelitais. O Brasil em parceria com a China, desenvolveu e lançou seis satélites de sensoriamento remoto óptico.
A tecnologia SAR condiz com a estatura e as demandas do País, e já estava prevista no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) para o decênio de 2012-2021. Por isso, a Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), empreendeu, em 2018, um levantamento de demandas nacionais e em 2019 encomendou o estudo de um satélite SAR nacional, com a participação e contribuições de profissionais da AEB, do INPE e do Ministério da Defesa.
Sobre a AEB
A Agência Espacial Brasileira é uma autarquia vinculada ao MCTI, responsável por formular, coordenar e executar a Política Espacial Brasileira. Desde a sua criação, em 10 de fevereiro de 1994, a Agência trabalha para viabilizar os esforços do Estado Brasileiro na promoção do bem-estar da sociedade, por meio do emprego soberano do setor espacial.
Coordenação de Comunicação Social – CCS