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Saiba mais sobre as pessoas que fazem a história do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno
O Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) faz aniversário no dia 12 de Outubro, comemorando seus 56 anos. Para celebrar esta data tão importante para o Programa Espacial Brasileiro, a Agência Espacial Brasileira (AEB) resolveu mostrar um pouco sobre as pessoas que fazem e fizeram esta história.
Os Comandantes
O atual diretor do CLBI, Coronel Bruno Janhsen, tem uma história antiga com a instituição. A primeira vez que veio para Natal (RN) foi para trabalhar na Base Aérea, localizada na mesma cidade.
“É a sequência natural dos oficiais aviadores. A gente faz um curso de especialização de 1 ano, aqui em Natal. É um ano que vem todo mundo aqui recém-formado, independente, o primeiro local que trabalhamos fora de um alojamento militar”, disse.
Mesmo após o término do curso, Janhsen sabia pouco sobre os trabalhos realizados no CLBI. Após entrar no curso de Engenharia Eletrônica, do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), começou conhecer melhor e se interessar pelo Centro. Conseguiu uma vaga como capitão no setor de radares e telemetria. Sua primeira passagem pelo local.
Após ser transferido para o Sudão do Sul, para realizar uma missão de paz para a ONU, escolheu retornar para o CLBI novamente. Depois teve que sair do Centro novamente, por outros motivos, mas sempre pensando em voltar. “Tinha sempre esta vontade de voltar para a Barreira porque é um local que eu gostei bastante de servir. É uma missão bem vibrante. A gente faz uma atividade muito interessante“, falou.
Janhsen diz que é atraído de volta para o Centro por uma mistura de seu lado profissional com o pessoal. Além dos trabalhos realizados dentro do CLBI, também destaca-se a qualidade de vida de Natal. “Depois de servir e morar em um local que me sinto tão bem, para mim, esta é a combinação perfeita“, disse.
O Vice-diretor do CLBI, Tenente-Coronel Silva Neto, começou sua carreira nas Forças Armadas servindo em Alcântara (MA), mas, logo depois, veio para o CLBI para trabalhar na área administrativa. Saiu do Centro alguns anos depois mas retornou quando foi convidado pelo Coronel Janhsen para o cargo que ocupa. Uma história que soma 14 anos servindo no centro. Mas o que traria ele de volta?
“Primeiramente, o ganho profissional. Eu tenho um grande apreço e simpatia pela carreira espacial. Tive um grande ganho de conhecimento neste período. Além disso, aqui é um local maravilhoso (Natal)”, disse.
Silva Neto sente-se muito feliz com os trabalhos desenvolvidos no Centro. Quando chegam funcionários novos, ele faz questão de recebê-los com entusiasmo.
“Sejam bem vindos à melhor unidade da Força Aérea, eu sempre digo para eles. Além de ser um local bom para servir, uma unidade que propicia você desenvolver todas suas atividades em qualquer área operacional, as pessoas daqui “vestem a camisa”. Isso faz com que todos que cheguem adiram à cultura organizacional”, disse.
Gerações
A primeira memória que o Tenente Barros tem do CLBI foi dos relatos do seu pai, falando sobre quando serviu no quartel, como soldado, na parte de telemática, que é o conjunto de sistemas de informática relacionados a rede de telecomunicações.
“Ele sempre me explicava que aqui era um local de lançamento de foguetes. Então, já tocou o imaginário de uma criança. E, ao longo dos anos, meu pai sempre expressou muita saudade e falava de ótimas lembranças de seu tempo de Força Aérea”, disse.
Engenheiro mecânico por formação, Barros entrou na Aeronáutica como oficial temporário de nível superior, logo após o falecimento do seu pai.
“Em vida, seria um orgulho muito grande. Ele sempre soube que eu tinha este perfil, mas nunca que entraria aqui. Durante os dias de treinamento, eu ficava lembrando do meu pai e ficava pensando no que ele diria neste momento. Acho que ficaria muito orgulhoso”, disse.
No primeiro aniversário do seu filho, Barros fez a festa toda baseada no CLBI, incluindo a confecção de um uniforme parecido com o que via seu pai usar em várias fotos.
Barros destaca como o trabalho no CLBI fez com que crescesse profissionalmente e pessoalmente.
“Hoje eu sei bem o que meu pai sentia quando falava com tanta saudade da Força Aérea. Uma das coisas mais importantes para mim é usar o mesmo sobrenome que meu pai usou na farda dele”, disse.
A Presença Feminina
A Suboficial Girlene Medeiros de Araújo, com formação em Engenharia Elétrica, é operadora do radar ADOUR, que, junto com o BEARN, compõem complexo de antenas do CLBI. Natural do interior do Rio Grande do Norte, fez o concurso para as Forças Aéreas e foi para São José dos Campos, onde ficou por 5 anos. Então, conseguiu a transferência para trabalhar no Centro.
Ela não conhecia muito do CLBI e pediu a transferência para ficar mais perto da família, mas logo entendeu a importância do lugar. Funcionária mais antiga, com 17 anos de casa, Girlene expressa extrema gratidão pelo trabalho realizado no Centro. “ Foi uma surpresa positiva porque é uma unidade que faz parte do programa espacial brasileiro. Eu me senti orgulhosa de trabalhar aqui e fazer parte deste programa“, disse
A Primeira tenente Maria Alice, que chegou há cerca de 1 ano, e trabalha junto com Girlene compartilha o entusiasmo da colega. “Eu sabia que era o primeiro local de lançamento do Brasil, mas a gente não tinha conhecimento da importância do trabalho de rastreio“, disse
O ritmo de trabalho a surpreendeu positivamente. “A gente não tem aquela rotina fixa. Tem muita operação e cada uma é diferente. Sempre tem demandas novas e, às vezes, somos escalados para coisas diferentes. Tem sido muito legal pois me formei em Engenharia. São tantas áreas diferentes e é interessante como tudo se integra. É muito gratificante. A gente vibra quando a operação dá certo e, se tiver que fazer muito mais do que o previsto, vamos fazer para que tudo aconteça da melhor forma, porque o sucesso do programa espacial é nosso também”, disse.
Maria Alice faz questão de realçar o trabalho feito pela sua colega Girlene, que faz questão de sempre ajudar os novos integrantes do CLBI.
“Ela é uma pessoa inspiradora porque rompeu barreiras. Tinham lugares que as mulheres não iam e hoje em dia chegam. Ela mostrou qualidade do serviço e profissionalismo e que o imperativo não é o sexo da pessoa, mas a força de vontade, a proatividade, a capacidade de interagir e de estar sempre estudando. Este ambiente de engenharia é predominantemente masculino e, ver que ela está lá todos estes anos, com respeito dos seus pares, é muito inspirador”, disse.
O funcionário mais antigo
Francisco Silvio da Silveira estava emocionado, junto de sua família, quando seu nome foi mencionado em cerimônia de formatura realizada no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) na última sexta (8). Ele é o funcionário mais antigo do CLBI com 50 anos de serviços prestados.
Silvio estava servindo a Aeronáutica quando foi ao Centro pela primeira vez. Foi para fazer a segurança do lançamento do primeiro foguete a ser lançado na Barreira em 13 de Dezembro de 1965, o Nike Apache.
“Ver o lançamento do foguete pela primeira vez foi uma das experiências mais emocionantes da minha vida. “, afirma.
Depois de sair das Forças Armadas, acabou indo trabalhar como garçom no CLBI em 1971, quando tinha 25 anos. Tem uma memória muito afetuosa para quando foi designado para servir o presidente Ernesto Geisel, o presidente Figueiredo e o Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes.
Ele lembra com carinho dos primeiros anos do Centro, quando tudo ainda era precário. Os primeiros momentos foram difíceis, mas através de muito trabalho de todos os envolvidos, a Barreira cresceu e se tornou o que é hoje. “Se você realizar algo com amor e dedicação, consegue desenvolver. Tudo depende da boa vontade”, disse
Silvio está prestes a se aposentar, no mês de Novembro, pois está atingindo a idade de aposentadoria compulsória e sabe que vai ficar com muita saudade do CLBI. “Se eu pudesse pararia só quando não conseguisse mais andar. Eu tenho orgulho. A minha vida foi praticamente toda aqui. É uma família. O nome daqui não era para ser Barreira do Inferno, mas Barreira do Paraíso”, disse.
Sua filha, Luciana Freire, que estava presente na cerimônia mostrava-se emocionada com as homenagens ao seu pai.
“A família toda está orgulhosa. São 50 anos de uma história. A Barreira faz parte da vida do meu pai e isso se estende para nossa família. São muitos anos de dedicação e recordações positivas. O CLBI proporcionou momentos inesquecíveis em nossa vida”, disse Luciana.