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Resultados de pesquisa da AEB serão apresentados no 2º Fórum da Indústria Espacial
A pesquisa Processo de Identificação e Análise de Demanda ao Setor Espacial Brasileiro, realizada este ano, em âmbito nacional, pela Agência Espacial Brasileira (AEB) será tema do 2° Fórum da Indústria Espacial Brasileira. O evento será realizado em São José dos Campos (SP), nos dias 27 e 28 de novembro, ocasião em que os resultados parciais serão apresentados e validados pela indústria nacional.
Realizada pela AEB, a pesquisa tem como objetivo promover maior alinhamento entre o Programa Espacial Brasileiro e as necessidades prioritárias da sociedade, além de orientar as ações da indústria espacial e dos institutos de pesquisa na obtenção de soluções para os problemas nacionais, regionais e locais.
De acordo com a coordenadora da pesquisa e Tecnologista da AEB, Fernanda Lins, o processo de identificação e análise de demandas nacionais ao setor espacial é relevante para entender como as missões espaciais atuais (nacionais e estrangeiras) têm colaborado no suprimento das demandas existentes, no reconhecimento dos benefícios gerados pelos satélites nacionais e nas possíveis deficiências de tecnologias espaciais disponíveis no Brasil; para a identificação de demandas futuras, a médio e a longo prazos; e para a compreensão do cenário atual de investimentos estratégicos do governo e, nesse contexto, uma melhor caracterização da transversalidade das aplicações dos produtos espaciais e de sua importância para o desenvolvimento do País.
Para realização da pesquisa, a AEB utilizou a aplicação de questionários para especialistas do setor público federal e universidades, em seis áreas diferentes: Observação da Terra, Coleta de Dados, Meteorologia, Comunicações, Posicionamento e Navegação e Missões Científicas. A iniciativa, pioneira no setor espacial, contou com a participação expressiva de especialistas nas seis áreas. Segundo Marcelo Maranhão, Gerente de Geotecnologias Aplicadas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a iniciativa da AEB em fazer um mapeamento das demandas nacionais de observação da terra é fundamental para o alinhamento de políticas públicas e investimentos em ciência e tecnologia.
“Esse levantamento dará a devida legitimidade a uma matriz de prioridades que atenderá principalmente as questões de monitoramento do meio ambiente (às quais corroboram com compromissos internacionais assumidos pelo governo), segurança e defesa, gestão de riscos a desastres naturais, infraestrutura e planejamento urbano. Também deverá estar prevista a forma de disponibilização e acesso aos dados a serem gerados, o que implicará uma estrutura de TI dedicada a atender às tecnologias, como cubo de dados, processamento em nuvem e protocolos de acesso via geoserviços”, afirmou Marcelo Maranhão.
Na primeira rodada da pesquisa, 205 especialistas responderam aos questionários, sendo 130 do setor público, 11 do privado e 64 da academia. Participaram da segunda rodada 131 especialistas, sendo 78 do setor público, 4 do privado e 49 da academia. A segunda rodada serviu para dirimir algumas dúvidas encontradas na primeira.
Os resultados obtidos na pesquisa nortearão os investimentos nos próximos anos. Por exemplo, na área de Observação da Terra, constatou-se que os programas e projetos nacionais nas instituições partícipes têm sido atendidos por uma série de produtos disponibilizados por satélites nacionais e estrangeiros, de acesso amplo ou limitado. Os resultados indicam uma ampla utilização de produtos e serviços dos satélites das séries Landsat, CBERS, RapidEye, Sentinel e Ikonos. A demanda por sensores de alta resolução espacial é seguida pela busca do aprimoramento das resoluções espectral e temporal dos sensores de média e baixa resolução espacial. As instituições nacionais apresentam, ainda, crescente demanda por sensores do tipo SAR para regiões com ampla cobertura de nuvens e aplicações específicas.
“Na última década, a comunidade científica internacional e brasileira demonstraram crescente interesse pelos problemas da área de Observação da Terra/Sensoriamento Remoto, primeiramente terrestre e, em seguida, a atenção para questões espaciais para monitorização da terra, exploração planetária e geolocalização de pessoas, objetos e veículos em movimento”, afirmou o professor adjunto Dr. Giancarlo Santilli, do Laboratório de Ciência Aeroespacial e Inovação da Universidade de Brasília (UnB). Ele acrescentou ainda, que dada a importância e envolvimento ativo da Academia no desenvolvimento de tecnologia e pesquisa aplicada ao setor espacial, é fundamental atentar para as necessidades e indicações que vêm desse importante ator.
Necessidades e indicações
Na área de coleta de dados constatou-se uma crescente demanda pela disponibilização de dados em tempo quase real e pela densificação das Plataformas de Coleta de Dados em cobertura nacional. Enquanto alguns especialistas tendem a escolher soluções de satélites geoestacionários para fornecimento do serviço, outros sugerem uma constelação de nanossatélites para um novo sistema nacional.
Com relação à área de Meteorologia ficou evidente a necessidade de utilização cada vez maior dos dados de forma operacional. Os serviços de previsão imediata do tempo exigem investimentos em novas tecnologias de comunicação e disseminação de dados de diferentes fontes, de forma rápida e com baixo custo.
Na área de Comunicações, grande parte da demanda refere-se a serviços de internet. Um país de território vasto como o Brasil depende de tecnologias capazes de conectar áreas remotas com os grandes centros urbanos, de forma a promover o desenvolvimento regional e a oferecer serviços de qualidade aos cidadãos. Há tendências nas áreas de Internet das Coisas, Defesa e Comunicações Estratégicas.
Quanto à área de Posicionamento e Navegação por satélite, notou-se um aumento considerável da demanda por serviços baseados em localização. O controle de tráfego aéreo, terrestre e aquático, incluindo atividades de monitoramento e fiscalização, apresentam-se como tendência em aplicações, além de atividades de mapeamento e cadastro urbano e rural. Outra demanda bem caracterizada é o desenvolvimento de sistemas de aumento da precisão com base em satélites.
Já na área de Missões Científicas, observou-se demandas mais demarcadas na área de fenômenos atmosféricos e clima espacial, astronomia/astrobiologia e no desenvolvimento de engenharia, em específico na construção de pequenos satélites e de foguetes de pequeno porte. Missões de observação da Terra, de minimização do custo com nanossatélites e constelação de satélites com sensores SAR são as tendências mais caracterizadas.
Os relatórios poderão ser acessados e as inscrições para o 2º Fórum da Indústria Espacial Brasileira podem ser feitas aqui