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PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA BUSCAM NOVAS OPORTUNIDADES NA CHINA
O engenheiro de energia solar Pedro Henrique Nogueira, 26 anos, natural de Luziânia (GO), participa do mesmo projeto de mestrado que seus colegas, Felipe Iglesias e Renan Felipe, na Beihang University of Aeronautics and Astronautics (BUAA), na China. Já Audrey Rodrigues de Siqueira, 26 anos, de Jaguaraí (SP), cursa o mestrado na mesma instituição, mas diferente dos três colegas trabalha com satélites de localização com foco em GPS.
Os quatro estudantes passaram por um rigoroso processo de avaliação intermediado pela Agência Espacial Brasileira (AEB), parceira da Beihang University, e hoje estão na China, concluindo o mestrado na área espacial. Dois deles devem voltar para o Brasil no final de julho deste ano, um já foi convidado para trabalhar em outro país, e o quarto estudante conclui o mestrado em 2018.
Pedro Henrique conta que no primeiro semestre cursou todas as matérias, já no segundo participava de um projeto integrador, que envolvia todos os estudantes do mestrado. O grupo fez visitas técnicas a Shangai para conhecer a linha de produção da Longa Marcha, à Academia Espacial, e a empresas privadas em Xian, no centro da China, experiências que, para eles, fizeram a diferença.
Segundo o Pedro Henrique, a diversidade e a dinâmica da carga horária foram os fatores que mais lhe chamaram a atenção, como também foram decisivos para ser aprovado na seleção. Pedro trabalha com sistema de potência de energia que usa a energia solar. “Para mim foi uma oportunidade de continuar o que eu já conhecia, mas com uma aplicação diferente. No Brasil trabalhei com aplicação terrestre, aqui na China com aplicação espacial”, ressaltou.
Diferencial – “No Brasil acho a engenharia um pouco teórica, a gente aprende muito a teoria Matemática e a Física, mais do que desenvolve e gerencia o que é um desafio para trabalhar em projetos maiores. Aqui na China eles se preocupam mais em projetar ao invés de ensinar, o foco está em desenvolver. A parceria da Agência Espacial Chinesa com empresas privadas torna o processo de construção de um satélite bem mais rápido que no Brasil”, afirmou.
Para o engenheiro, os chineses têm disponibilidade de material e peças a um custo bem barato, não só pela aquisição de Pequim, mas por trabalharem com empresas que produzem esse tipo de material em outras províncias. Isso favorece a rapidez no escoamento da produção, principalmente, em razão de o país dispor de grande número de rodovias e ferrovias. “Esse fator contribui para que o desenvolvimento na área espacial na China seja bem forte”, afirmou Pedro.
O engenheiro mecânico, Audrey Siqueira, graduado pela Universidade Estadual de Guaratinguetá (Unesp), trabalhou três anos como voluntário em programas que projetavam aeromodelos, um dos requisitos que o ajudou a ser selecionado para o mestrado na China. Audrey também participou de algumas competições desenvolvendo aeromodelos. No Brasil ele conquistou o segundo lugar em uma competição, mas em um mundial, em Atlanta (EUA), seu grupo fez o melhor avião e conquistou o prêmio. Essa competição, para ele, foi o diferencial no processo de seleção.
Requisitos – “Eles queriam candidatos que fossem fluentes no inglês e que conhecessem as áreas espacial e aeronáutica”. Esses dois fatores me favoreceram, pois fiz intercâmbio pelo programa Ciências sem Fronteira, na Alemanha, de 2012 a 2013.
Diferente dos outros três colegas que estudam microssatélites, Audrey estuda satélites de localização, que foca em GPS, área que segundo ele é direcionada para países em desenvolvimento que têm projetos na área espacial, como Brasil, Peru, Bolívia, Venezuela e Paquistão. Acho que vou trabalhar no sistema de comunicação de satélite, mas o que deve diferenciar dos outros três colegas é a área de pesquisa.
Para o engenheiro o que diferencia o ensino do Brasil em relação à China é que “aqui eles nos dão autonomia, aí no Brasil há o sentimento paternal, aqui há uma relação mais profissional. Por exemplo, aqui usamos o celular pra tudo, no Brasil somos repreendidos pelo uso do celular em sala de aula. Aqui os professores incentivam os alunos a usarem o celular, pois se precisarmos tirar fotos, pesquisar, temos o aparelho, a relação é diferente”.
Mesmo com culturas e população bem diferentes, Audrey impressiona com os dados do país e diz ser inevitável não fazer comparações. “No final dos anos 80 e início dos 90 a economia brasileira e a chinesa representavam a mesma porcentagem na economia mundial, hoje a participação do Brasil é de 1% e a dos chineses 12%, nota-se que em pouco tempo a China cresceu muito e nós ficamos para trás”, concluiu.
Filho de um técnico de manutenção da Embraer e de uma comerciante, Audrey sempre gostou da área e dos desafios da profissão e, apesar das barreiras encontradas no país oriental, como a dificuldade com a alimentação e com o idioma, os estudantes já se adaptaram ao novo estilo de vida. E até a angústia em se deparar com um prato apimentado eles já tiram de letra.
Coordenação de Comunicação Social – CCS