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PROFESSORES DE TODO O PAÍS RECEBEM LIVROS PARA APRIMORAR O ENSINO DA ASTRONOMIA E ASTRONÁUTICA NAS ESCOLAS
- Foto: Charles Damasceno
Eles têm verdadeira paixão pelos mistérios do Universo e fazem questão de passar esse amor para os alunos. Não ligam para as dificuldades de encontrar material nem medem esforços para conseguir informações produtivas a fim de passar aos jovens noções de astronomia e astronáutica, matérias que estão fora do currículo escolar brasileiro. A partir de agora, os professores de geografia Sandra Araújo (Caseb), de ciências Solange Andréia Soares (CEF 411 de Samambaia), de matemática Jaime Pereira Campos (CEF 3 de Brasília) e outros milhares de educadores de todo o país terão acesso a subsídios que vão aprimorar sua capacitação sobre o assunto e enriquecer as atividades em sala de aula, com várias sugestões de métodos pedagógicos.
Nesta quinta-feira (8/7), foram lançados mais três livros da coleção Explorando o ensino: Fronteira espacial (partes 1 e 2) e Mudanças climáticas. A cerimônia, no auditório da Agência Espacial Brasileira, contou com a presença do presidente da AEB, Carlos Ganem; do ministro da Educação, Fernando Haddad; do ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, e dos autores das obras. Ao todo, 73 mil exemplares e 20 mil lunetas foram distribuídos a escolas de ensino fundamental e médio da rede pública de todo o país. As lunetas foram produzidas pelo MEC para escolas participantes da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). O projeto que é resultado de proposta feita pelo Programa AEB Escola ao MEC.
As obras do Fronteira espacial tratam de Astronomia e Astronáutica (volumes 11 e 12) e têm autoria do jornalista científico Salvador Nogueira e do professor João Batista Canalle, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Dividido em três capítulos, o primeiro livro fala do estudo dos astros, uma das mais antigas ciências da humanidade. E mostra “a tentativa do homem em desvendar os mistérios macros dos mundos que os cerca”. O segundo desperta o olhar para uma ciência jovem por meio dos esforços, conhecimentos, feitos e as tecnologias que permitiram ao homem compreender e alcançar o espaço sideral.
O 13º volume da coleção insere a discussão sobre aquecimento global, mudanças climáticas no Brasil e no mundo, além das repercussões nas esferas social, ambiental e econômica. São três autores: Gilvan Sampaio, meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); Neilton Fidelis, assessor da Secretaria Executiva do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas; e Rachel Martins Henriques, pesquisadora do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (IVIG/Coppe/UFRJ).
Sonho possível
Para o presidente da AEB, Carlos Ganem, a data é importante “no sentido do resgate de uma atividade fundamental para o princípio de uma ciência que sequer é ensinada oficialmente na rede de ensino e que transformou o mundo.” Ele diz que a ideia é permitir que crianças possam sonhar com profissões que não estão no rol das opções. “Hoje as crianças de cidades grandes nem sequer sabem o que é o céu. O Brasil não pode esperar”, alerta.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, destacou que o ensino das ciências é fundamental para aprimorar as habilidades dos estudantes em matemática – disciplina que, ao lado de português, é a abordada pelos exames nacionais para medir a qualidade de ensino do país. Haddad lembrou a definição, em 2007, de metas nacionais para a educação até 2021. E salientou que o objetivo é que as crianças da 4ª série em 2021 tenham a proficiência daquelas da 8ª série em 2005. “Quando os alunos veem a aplicação da matemática na física, por exemplo, começam a entender e se envolver mais. Os livros vão tornar mais interessante o trabalho do professor, mais envolvente a sala de aula e contribuir para o desenvolvimento duradouro do ensino”, acredita o ministro.
A escassez de engenheiros espaciais e pessoas com formação voltada para a astronáutica no país foi ressaltada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Ele afirmou que o investimento no Programa Espacial Brasileiro, desenvolvido pela AEB, vem crescendo nos últimos anos e necessita de profissionais capacitados. “A nova coleção vai contribuir muito para que jovens possam se interessar cada vez mais por essas áreas”, espera Rezende, que também comemora o aumento da participação de estudantes na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Segundo ele, o número de inscritos passou de 10 milhões em 2005 (primeiro ano da Obmep) para 19,4 milhões no ano passado. O efeito, acredita, será uma busca maior por engenharias.
O ministro adiantou que este ano ocorrerá a entrega a nova torre da Base de Alcântara (MA) para veículos lançadores de satélites (VLS) e serão iniciadas as obras da Alcântara Cyclone Space, empresa binacional (Brasil e Ucrânia) de serviços espaciais. A expectativa é de que em 2012 comece o lançamento de foguetes para colocar satélites em órbita. Também está em fase de estudo o Projeto Satélite Geoestacionário Brasileiro.
Oficina
Na tarde desta quinta-feira, 63 educadores de escolas públicas do DF participam de uma oficina com o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e presidente da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), João Batista Canalle. A ideia é discutir sobre o conteúdo dos livros, ensiná-los a montar a luneta e utilizá-la para observar o céu. Segundo ele, a cada ano, aumenta o número de alunos interessados entre as escolas participantes. Este ano, foram inscritos 770 mil estudantes de 9,5 mil escolas, além de 60 mil professores voluntários. “Apesar de incentivarmos os alunos, nosso alvo secreto é o professor. Uma vez que aprenda os conceitos básicos, ele vai ensinar aos alunos por muitos anos.”