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PRIMEIRO CIVIL BRASILEIRO A IR AO ESPAÇO TEM ROTINA DE TREINOS
Brasília, 24 de março de 2015 – O brasiliense Pedro Nehme será o primeiro brasileiro civil a embarcar em uma viagem espacial. A experiência inédita foi conquistada quando ele tinha apenas 21 anos e venceu os 129 mil participantes do concurso promovido em 2013 pela companhia aérea KLM, da Holanda.
Hoje, com 23 anos, Nehme cursa o último semestre de engenharia elétrica na Universidade de Brasília (UnB) e se prepara para o voo suborbital na espaçonave Lynx Mark II, da empresa XCOR Space Expeditions, dos Estados Unidos.
A viagem deve ocorrer no final de 2015, mas o treinamento está em andamento. A capacitação é financiada pelo Programa Microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB) – unidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Quando ganhou a competição, Nehme era estagiário na AEB e hoje, como bolsista da agência, auxilia no desenvolvimento dos programas da instituição.
Há dias ele voltou da Filadélfia, nos Estados Unidos, onde realizou treinos na centrífuga Phoenix do Nastar Center. Nehme diz que a preparação inclui uma rotina dedicada de exercícios físicos e dieta restrita. “Não preciso apenas reduzir calorias, mas evitar alimentos que possam provocar tonturas, como café, chocolate e frutas cítricas”, conta.
Monitoramento – “Especialistas da Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial (SBMA) monitoram o meu desempenho, pois é muito valioso para esses profissionais poder estudar uma pessoa que fará uma viagem espacial sem ter o condicionamento e horas de voo de um piloto”, relata.
No primeiro treino, Nehme foi auxiliado pela presidente da SBMA, a nefrologista Vania Melhado, e recebeu orientações técnicas para identificar os efeitos fisiológicos das acelerações e manter a consciência durante o voo espacial.
“Essas técnicas são colocadas em prática nas sessões na centrífuga. Em uma delas, por exemplo, foram reproduzidas a fase de lançamento e a reentrada do veículo espacial, incluindo o visual e o som ambiente, como se realmente estivesse a bordo da Lynx Mark II”, descreve o jovem. “Foi muito interessante. Na centrífuga é possível simular as acelerações a que serei submetido no voo”, comenta.
Outros três treinamentos serão realizados ao longo do ano: um voo zeroG (para simular o ambiente de microgravidade); um espacial suborbital avançado (para estudar efeitos relacionados a hipóxia e desorientação espacial); e um em dois voos, um acrobático e outro de jato (para o condicionamento em ambiente de hipergravidade).
Na avaliação do estudante, a AEB, por meio do Programa Microgravidade, está permitindo que a experiência seja compartilhada, “transformando a experiência de um voo espacial suborbital em uma oportunidade concreta para o avanço das ciências espaciais no Brasil”.
Formação – A formação de Nehme teve como início a realização de um curso em tecnologias espaciais, em 2011, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em 2012, também teve a oportunidade de estudar na Catholic University of America, em Washington (EUA), selecionado pelo programa Ciência sem Fronteiras (CsF). Lá, trabalhou no Goddard Space Flight Center, programa da Agência Espacial Americana (Nasa).
Fonte: MCTI