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PREVISÃO CORRETA DO TEMPO DEPENDE DE MAIS PESQUISA E TECNOLOGIA
Pesquisa, recursos humanos e tecnologia são fundamentais para uma previsão do tempo mais precisa e confiável no Brasil. Essa foi a conclusão dos participantes de audiência pública sobre o tema, promovida na quarta-feira (16.11) pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT).
O modelo global de previsão do tempo é defendido pelo pesquisador Haroldo Fraga Velho, do Laboratório Associado de Computação e Matemática, como o “principal motor da pesquisa no Brasil”, tendo à frente o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC).
— Há uma série de centros que fazem previsão global, mas para o Brasil essa é uma responsabilidade do CPTEC, de produzir a melhor previsão de tempo. Para a gente tornar essa previsão competitiva é preciso aumentar a resolução do modelo. Eu tenho que fazer muito mais cálculo no mesmo tempo. Qual é o segredo? Comprar uma máquina mais potente — explicou.
Para o professor Pedro Leite da Silva Dias, da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil está “perdendo terreno” em relação à capacidade de previsão no cenário internacional. Ele destaca que computadores de alto desempenho e o consórcio de vários países fazem da Europa o melhor centro de previsão do mundo. Já o CPTEC estaria na “lanterna da malha mundial”.
— Não é só comprar o computador. Você precisa ter também uma articulação muito maior entre o setor operacional e o setor de pesquisa. Ou seja, os recursos humanos. Aí entra a articulação com o setor acadêmico. E tem que ter atualização mais frequente — afirmou o professor.
Perspectivas – Antônio Divino Moura, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), lembra que o sistema de meteorologia na parte operacional envolve vários ministérios e órgãos do governo como o da Agricultura, Marinha, Aeronáutica, a Agência Nacional de Águas, entre outros.
Moura explicou que a melhoria da previsão do tempo está ligada a vários fatores, como investigações da comunidade científica, desenvolvimento e manutenção de sensores e tecnologia espacial. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), por exemplo, tem cerca de 500 estações que coletam dados a cada hora, transmitidos por satélites.
Além do monitoramento diário e da previsão regional, a previsão climática sazonal também é importante, como explica o representante do INPE.
— Nós estamos agora preocupados em saber se, de janeiro até maio, o norte do Nordeste vai continuar como nos últimos cinco anos, com uma seca tremenda, faltando água para beber.
O trabalho é desenvolvido direto com a Defesa Civil e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Tudo depende de computadores de última geração para rodar modelos atualizados de previsão do tempo.
— De 2016 a 2019 nós queremos ser uma referência nos trópicos em pesquisa, produtos, modelagem do sistema e evoluir mais na questão da previsão de eventos extremos, a previsão do tempo atual, a qualidade do ar e a circulação costeira — disse Moura.
Setor elétrico
Francisco José Arteiro de Oliveira, do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), ressaltou a parceria com os centros de previsão do tempo e do clima, que interfere diretamente nas tomadas de decisão, no custo e na produção de energia elétrica.
Com base na previsão de temperatura, por exemplo, é determinada a geração de energia a ser utilizada no dia seguinte. Da mesma forma, informações sobre descargas atmosféricas podem levar à redução do carregamento das linhas de transmissão, bem como a previsão de ventos que têm capacidade para derrubar as torres.
Além de pedir diagnósticos de mudanças climáticas para ajudar no planejamento do ONS, Francisco José também fez outras recomendações.
— Sugerimos um aprimoramento dos modelos de previsão de tempo com horizonte até 48 horas, com foco na temperatura e na previsão de vento. Nós estamos caminhando para ter 20 mil megawatts de geração eólica, isso equivale a quase duas Itaipus — ressaltou.
Fonte: Agência Senado
16/11/2016