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NOVO PRESIDENTE DA AEB QUER VERBA PARA PROGRAMA ESPACIAL
Manter os projetos em andamento, melhorar a eficiência e conseguir mais recursos para investimento em desenvolvimento e pesquisa. Esses são os planos do novo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antônio Raupp, que assumiu o cargo na última segunda-feira.
Ex-presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e ex-diretor do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do Parque Tecnológico de São José dos Campos, Raupp pretende ampliar o protagonismo do Vale do Paraíba, especialmente de São José, na conquista tecnológica do espaço.
Para ele, empresas como a Embraer deveriam se envolver mais com projetos na área espacial. “São companhias integradoras que podem participar do setor, não só como fornecedores, mas desempenhando outros papéis”.
Em entrevista a O VALE, Raupp falou dos planos e da meta de concluir o VLS (Veículo Lançador de Satélites) e o foguete Cyclone 4 em 2012, ano considerado pelo governo como um “divisor de águas para o programa espacial”.
Quais serão suas primeiras medidas à frente da AEB?
Apoiar os projetos em desenvolvimento e não atrasar nenhum deles. A orientação do ministro é fazer uma reunião de avaliação crítica das atividades e da performance do SINDAE (Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais). Saber como operam os participantes e as dificuldades de entrosamento e de gestão. A meta é evitar burocracia e buscar um desempenho mais eficiente.
Isso exigirá mais recursos para o setor espacial?
Sem dúvida. Vamos buscar mais recursos para o setor dentro das possibilidades do governo federal, que está cortando custos [o orçamento da AEB para 2011 é de cerca de R$ 280 milhões]. Precisamos definir uma nova agenda para a AEB. Não negar o que já foi feito, mas aprimorar e criar novos compromissos.
Como conseguir mais dinheiro, então?
É uma decisão política. E não falo só de dinheiro, mas de recursos humanos, marco legal dos órgãos executores e infraestrutura. Com as avaliações que faremos dos projetos, saberemos qual a real demanda por recursos. Porém, como o governo está apertando o cinto, teremos que fazer o máximo com o mínimo.
Que medida o sr. tomará com relação ao VLS?
Defendo projetos de lançamentos intermediários, com satélites que operam em órbita baixa. Equipamentos menores e que possam ser feitos com maior rapidez. Outros órgãos concordam com essa perspectiva. Vamos promover lançamentos de produtos da família VLS para o final de 2012 e começo de 2013.
Que papel terá a região na sua gestão?
Pode esperar plena e total colaboração de todas as questões do programa espacial. Quero criar uma comissão no campo técnico da agência para atuar junto às empresas da região, antecipando problemas e trabalhando para a solução. Esse corpo técnico não precisa ser formado por funcionários da agência, mas por contrato de serviço. A região tem muita mão-de-obra para isso, como os tantos funcionários que estão se aposentando.
A experiência no Parque Tecnológico de São José será importante para a atuação na agência?
O período no Parque Tecnológico ampliou meu contato com empresas, a minha visão dessa área. Hoje, defendo um incremento da participação das empresas no setor espacial. Não só como fornecedores, mas desempenhando outros papéis importantes, como entidades integradoras em associação ao INPE e ao CTA. A Embraer, por exemplo, é uma empresa integradora, que congrega diversos fornecedores para seus produtos. Pretendo atrair a Embraer para uma participação na área espacial.
Como o sr. enfrenta as críticas ao programa espacial?
Com exemplos. Como ficaria a agricultura brasileira sem o uso de satélites para a previsão do tempo? E a preocupação ambiental? Se não fossem os satélites, como ficariam as transmissões dos meios de comunicação? As críticas vêm de uma discussão desinformada do assunto.
SAIBA MAIS
Formação
Raupp é graduado em física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, PhD em Matemática pela Universidade de Chicago e livre-docente pela Universidade de São Paulo.
Carreira
Pesquisador do Laboratório Nacional de Computação Científica e do INPE e professor da USP e da UnB.
Cargos
Diretor do INPE e do Parque Tecnológico de São José e ex-presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).