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LEVANTAMENTO APONTA QUE 61% DOS BRASILEIROS SE INTERESSAM POR C&T
Brasília, 13 de julho de 2015 – O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) divulgou hoje (13) os dados do estudo da série Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil, realizado pelo Centro de Gestão e Estudo Estratégicos (CGEE), organização social supervisionada pela Pasta.
Os resultados foram apresentados pelo ministro Aldo Rebelo, em entrevista à imprensa na 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Carlos (SP).
O estudo aponta que 61% dos entrevistados demonstram interesse por ciência e tecnologia (C&T). O índice é comparável às médias dos países que realizaram pesquisa semelhante. Na União Europeia, por exemplo, 53% afirmaram interesse pelo assunto. No Brasil, o tema é o quinto que mais atrai a atenção da população – está atrás de Medicina e Saúde (78%), Meio Ambiente (78%), Religião (75%) e Economia (68%). O interesse por C&T é maior que em Arte e Cultura (57%), Esportes (56%), Moda (34%) e Política (27%).
De acordo com o ministro Rebelo, os dados orientarão o posicionamento, a ação e as políticas públicas de popularização da ciência e tecnologia. “Temos um levantamento das nossas virtudes e deficiências relacionadas à C&T. Há expectativa extremamente positiva quanto à função social das pesquisas e há também dados graves, como o baixo nível de informação sobre as ações e iniciativas científicas e tecnológicas”, disse o ministro
A sociedade vê a ciência como geradora de resultados aplicáveis às suas vidas e capaz de solucionar problemas. Dos entrevistados, 73% afirmaram que as atividades científicas e tecnológicas trazem mais benefícios do que malefícios para a população. Comparados os resultados de enquetes internacionais, o Brasil se destaca como um dos países mais otimistas quanto aos benefícios das atividades de pesquisa e desenvolvimento. A China tem índice igual ao brasileiro (73%), os Estados Unidos têm taxa de 67%, Espanha registra média de 64%, seguida de Itália (46%) e França (43%).
Acesso – Apesar do elevado interesse declarado dos brasileiros sobre assuntos de C&T, a pesquisa revela que eles continuam tendo baixo acesso a informações científicas e tecnológicas. A maioria declara que nunca ou quase nunca se informa sobre o segmento. A televisão é o meio de comunicação usado por 21% dos entrevistados para adquirir conhecimento sobre as pesquisas. A internet já se aproxima desse patamar, com 18%.
A presidenta da SBPC, Helena Nader, e o presidente do CGEE, Mariano Laplane, se posicionaram quanto ao papel da mídia no processo de popularização da ciência. “Os cadernos sobre ciência e tecnologia estão cada vez menores ou deixando de existir”, avaliou Laplane. “Muitas vezes os principais destaques são para o progresso da ciência fora do Brasil. Pouco se fala das conquistas dos nossos cientistas e instituições. Veículo de comunicação, governo e comunidade científica devem se empenhar na tarefa de popularizar a nossa ciência para atender as expectativas da nossa população.”
Segundo Helena, os dados mostram a necessidade de reverter o quadro em termos do reconhecimento das instituições e das pessoas. “A nossa ciência está evoluindo e tem muita produção importantíssima, mas esses resultados não aparecem. Se conseguirmos romper a barreira, fazendo com que as nossas conquistas científicas estejam na grande mídia, teremos cada vez mais jovens sonhando em ser cientistas em vez de jogadores de futebol”, disse.
O interesse dos brasileiros pela C&T se reflete na confiança dos pesquisadores como fontes confiáveis de informações. O estudo mediu o índice de confiança de dez profissões. Assim como em 2006 e 2010, a confiança nos cientistas foi a mais alta (0,89), ficando à frente do índice dos jornalistas (0,74) e médicos (0,7).
A visitação a espaços científico-culturais e a participação em atividades públicas de popularização da ciência, como feiras e olimpíadas científicas, aumentou ao longo da última década. De 2006 para 2015, cresceram as participações em feiras e olimpíadas (de 13% para 21%), em atividades da Semana Nacional de C&T (de 3% para 8%) e a visitação a museus e centros de C&T (de 4% para 12%).
O estudo aponta ainda que a população acredita que a pesquisa científica é essencial para a indústria, que a experimentação animal deve ser permitida dependendo do caso e a C&T ajuda a diminuir as desigualdades.
A pesquisa teve como base um questionário com 105 perguntas, fechadas e abertas. Foram realizadas 1.962 entrevistas nas cinco regiões do país. Esse é o terceiro estudo coordenado pelo MCTI e quarto em âmbito nacional. Em 1987, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) realizaram a primeira enquete nacional. As fundações de amparo à pesquisa dos estados de São Paulo (Fapesp) e Minas Gerais (Fapemig) já financiaram estudos locais sobre a percepção pública de ciência e tecnologia.
Financiamento – O estudo aponta ainda que 78% apoiam a proposta de que devem ser feitos maiores investimento públicos em C&T. Questionado sobre os dados, o ministro Rebelo reiterou o compromisso feito pela presidenta Dilma Roussef de dar prioridade ao segmento na regulamentação de 50% do Fundo Social do Pré-Sal e dos esforços da pasta para recompor o orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
“Cinquenta por cento do Fundo foi destinado à educação e saúde e não dá para desenvolvê-las sem ciência e tecnologia. Estamos fazendo, em parceria com as entidades do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, uma proposta para direcionar a outra parte dos recursos oriundos da exploração do petróleo da camada pré-sal para as pesquisas e para a ciência. Esse estudo deve estar pronto para ser apresentado até o fim de agosto”, adiantou o ministro. “Essa será uma proposta ousada e ambiciosa, correspondendo às ansiedades do Brasil.”
Além do ministro, de Helena e de Laplane, também participaram da entrevista o reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Targino de Araújo, e o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis.
Interatividade – Os dados do estudo podem ser acessados pelo endereço percepcaocti.cgee.org.br. Os usuários poderão fazer a sua própria análise, cruzando as respostas do estudo de acordo com variáveis como faixa etária, região e gênero.
Fonte: MCTI