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IMAGENS DE SATÉLITE DO INPE REDUZEM IMPACTOS DE DESASTRES NATURAIS
O monitoramento de desastres naturais é uma das aplicações mais importantes do sensoriamento remoto por satélites, contribuindo para a resposta e a redução dos impactos de deslizamentos de terra e inundações, provocados por eventos extremos. Por isso, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), está aprimorando o sistema de aquisição de imagens em caráter emergencial do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-4, em inglês).
A iniciativa começou em março logo após a passagem do ciclone tropical Enawo por Madagascar, quando o Inpe fez uma aquisição emergencial de imagens do CBERS-4. As imagens, obtidas por meio de gravador de bordo, foram gravadas e retransmitidas para os computadores do Inpe.
Segundo o pesquisador do Departamento de Divisão de Processamento de Imagens do Inpe, Laércio Namikawa, os satélites de observação da Terra adquirem imagens ao longo de sua órbita, que podem ser enviadas simultaneamente ou gravadas a bordo do satélite. “Na aquisição mais comum, o Inpe adquire imagens no modo simultâneo, o que limita a captura às imagens que estão na cobertura da antena de recepção em Cuiabá, no Mato Grosso. Utilizando o gravador de bordo, pode-se adquirir imagens de qualquer ponto do planeta”, explica.
A ocorrência do ciclone em Madagascar permitiu ao Inpe testar o procedimento de aquisição de imagens em uma região fora da cobertura da antena de Cuiabá, em uma situação emergencial. “Precisamos agora definir um procedimento para casos fora do Charter [International Charter Space and Major Disaster]. Já temos o contato com o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres para este fornecimento.”
O International Charter Space and Major Disasters é um consórcio de instituições e agências espaciais, do qual o Inpe faz parte, que fornece dados orbitais em situações de emergência causadas por desastres naturais em todo o mundo. Para fazer parte do consórcio internacional, o Inpe garante o fornecimento de imagens de alta qualidade e resposta rápida.
Na avaliação do pesquisador, as imagens obtidas de satélites demonstram como as tecnologias espaciais podem ser usadas nas tomadas de decisão para minimizar o impacto de desastres naturais. “As mesmas imagens utilizadas na resposta também servem para um planejamento que considere os fatores de risco a desastres”, afirma.
Capacidade de sensoriamento
O satélite CBERS-4 tem quatro câmeras de geração de imagens, com resoluções espaciais entre 5 e 64 metros e resoluções temporais de 5 a 52 dias. Desse modo, na resolução temporal mais alta, a cada cinco dias uma imagem sobre a mesma região é adquirida. Entretanto, a resolução espacial, que define o tamanho do menor objeto visível na imagem, é de 64 metros nesta imagem.
“Na prática, os eventos de alcance territorial maior, como as queimadas, são observados pelo CBERS-4 em intervalos de tempo menor, e os eventos de alcance menor, como a construção de uma casa, são observados em intervalos de tempo maiores. Ou seja, o conjunto de câmeras é adequado para a observação e monitoramento da maioria dos eventos geográficos. Em números, as imagens adquiridas sobre a América do Sul diariamente somam 60 gigabytes de informação bruta, que devem ser processadas e armazenadas pelo Inpe. Com o uso do gravador de bordo, estes números podem dobrar”, informa Namikawa.
O Centro de Rastreio e Controle de Satélites do Inpe, dedicado ao controle da órbita e à operação de satélites, é o responsável pela definição do dia e hora em função da região a ser “mapeada” e da programação destes horários no CBERS-4, em conjunto com o centro chinês, enviando os comandos apropriados para o satélite.
Mariana
O pesquisador afirma que imagens de satélite foram usadas no mapeamento da região afetada pela lama em Mariana (MG), após o rompimento de uma barragem. Isso porque o desastre teve as mesmas características de uma inundação. Adicionalmente, também foi possível visualizar a dispersão da lama ao longo do rio Doce e no Oceano Atlântico. O sensoriamento remoto também foi utilizado no deslizamento de terra na região serrana do Rio de Janeiro, em 2011. “As imagens captadas permitiram observar e quantificar os danos da tragédia”, lembra o pesquisador do Inpe.