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Foguete VS-30/V14 é lançado com sucesso do Centro de Lançamento de Alcântara (MA)
Foi lançado com sucesso, no último domingo (09/12), do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), o foguete suborbital VS-30/V14 da Operação MUTITI. A Operação iniciou no dia 19 de novembro, pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), sob coordenação do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), contando com a participação conjunta de várias organizações da esfera civil e militar, entre elas a Agência Espacial Brasileira (AEB) que participou da janela de lançamento, acompanhando sua cronologia.
O objetivo principal da operação foi realizar o lançamento e o rastreio do foguete de sondagem VS-30 V14 fabricado pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), a partir do CLA, utilizando o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) como Estação Remota, com a carga útil Plataforma Suborbital de Reentrada (PSR-01), onde estão embarcados diversos experimentos desenvolvidos com o apoio da AEB.
O VS-30 foi lançado às 13h43, pelo horário de Brasília, tendo atingido a altura máxima (apogeu) de 120km, bem como um alcance de 154km. O foguete sub-orbital conduziu cinco experimentos científicos e tecnológicos em sua carga útil PSR-01, sendo dois do Instituto de Pesquisas Espaciais – INPE, dois do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), e um experimento (laboratório completo de medidas) do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), em um total de voo 8min21s.
Essa foi a 14ª vez que um veículo do tipo VS-30 foi lançado, tendo sido a terceira vez a partir do CLA. Durante a Operação MUTITI, foi ainda lançado um Foguete de Treinamento Intermediário (FTI), na tarde do dia 27 de novembro, o qual buscou a validação de todos os meios de infraestrutura de solo e operacionais, treinamento da equipe e consolidação da doutrina de lançamento, como preparação para o lançamento do VS-30.
“Com o encerramento da Operação MUTITI e com a realização do lançamento do Veículo VS-30, pudemos constatar o pleno sucesso da operação, mostrando, dessa forma, que o CLA está, mais do que nunca, pronto e operante para quaisquer veículos suborbitais. Apesar das condições climáticas não favoráveis dos últimos dias, as quais nos fizeram adiar por três vezes o lançamento, a equipe se mostrou profissional, comprometida e envolvida com a missão, trabalhando de forma íntegra e coesa para que, durante a janela de oportunidade ocorrida hoje, realizássemos o lançamento, e obtivéssemos pleno sucesso na missão”, diz o Coronel Aviador Marco Antonio Carnevale Coelho, Diretor do CLA.
Experimentos embarcados
A carga útil do foguete VS-30 V14 denominada Plataforma Suborbital de Reentrada 01 (PSR-01) é constituída de cinco experimentos de Centros e Institutos de pesquisas brasileiros.
Sonda Lagmuir de Densidade e Temperatura Eletrônica – INPE
O experimento 1 (um) trata-se de umaSondaLagmuir de Densidade e Temperatura Eletrônica, conduzido por pesquisadores do INPE e usada para medir a variação de correntes eletrônica e iônica ao longo da trajetória do foguete, em altitudes superiores a 60 km. O estudo desenvolvido pelo INPE se torna de vital importância para a moderna sociedade tecnológica, uma vez que permite compreender a dinâmica da atmosfera terrestre, especialmente da ionosfera, uma vez que irregularidades encontradas nesta região interferem decisivamente nos processos de comunicação por ondas eletromagnéticas, aí incluídas as transmissões por meio de satélites, bem como os sistemas de navegação com Global Navigation Satellite System(GNSS), a exemplo do GPS.
Comportamento Térmico de um Forno de Solidificação de Ligas (CTFS) – INPE
O experimento 2 (dois) também de responsabilidade do INPE,estuda o Comportamento Térmico de um Forno de Solidificação de Ligas (CFTS). O estudo visa a avaliar o funcionamento de um forno elétrico com capacidade de fundir materiais com temperatura de fusão entre 100 e 300° C, de forma a permitir seu aperfeiçoamento e qualificação para aplicação em outros voos. Exemplificando,pode-se pensar em uma amostra de diferentes substâncias que,em condição terrestre ambiente,não se misturam ao serem fundidas e posteriormente solidificadas, entretanto que, ao serem submetidas a esse mesmo processo de fusão e posterior solidificação em um ambiente de microgravidade, poderiam se misturar formando um composto homogêneo. Isso possibilita novas aplicações em engenharia no desenvolvimento de produtos, sobretudo em pesquisas relacionadas à resistência de materiais.
Sensores Ópticos para Medidas de Aceleração (AOM) – IEAv
O experimento 3 (três), de autoria do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), é composto por três sensores ópticos para medidas de aceleração, sendo um nos três eixos e dois em um eixo, aplicando diferentes técnicas de medidas e de processamentos de sinais. A análise do comportamento dos sensores em voo constitui importante contribuição para a independência nacional na área de navegação inercial e de sensores a fibra óptica em geral, sendo diretamente aplicáveis em aeronaves tradicionais, remotamente pilotadas, VANTs e veículos lançadores, por exemplo. Além dos experimentos em si, o laboratório completo de medidas que o IEAv embarcou no VS-30 inclui um gerador de luz e uma placa de processamento de sinais, todos eles desenvolvidos por pesquisadores brasileiros e com tecnologia nacional.
Sistema Ioiô e de Separação (PSM – MQ) – IAE
O experimento 4 (quatro)apresenta-se como dois sistemas em desenvolvimento pelo IAE, os quais permitem, inicialmente, a redução da velocidade de rotação após o fim da queima do motor foguete (sistema io-iô) e, posteriormente, uma separação segura entre a carga útil e o veículo (sistema de separação). O objetivo do experimento é testar o modelo de qualificação do Sistema Ioiô e do Sistema de Separação que serão utilizados no Modelo de Qualificação (MQ) da Plataforma Suborbital de Microgravidade (PSM), a plataforma de microgravidade nacional.
Sensor Mecânico Acelerométrico (SMA) – IAE
O experimento 5 (cinco) é também de responsabilidade do IAE. Realizará seu quarto voo e trata-se de um dispositivo de segurança para veículos espaciais. Esse dispositivo só permite a ignição de motores do segundo estágio, ou estágios superiores, quando o foguete apresenta uma aceleração de quatro vezes a aceleração da gravidade (4g), o que ocorre apenas com o veículo já em voo. Desenvolvido e aperfeiçoado a partir da experiência acumulada nos lançamentos do foguete suborbital VSB-30, o sensor traz maior segurança aos veículos ainda em solo na plataforma de lançamento, ao passo em que impede o acionamento do sistema de pirotecnia responsável pela ignição se, por algum motivo inesperado, o sistema eletrônico embarcado entender que o foguete encontra-se em voo.
Para o Cel Av Lester de Abreu Faria, Coordenador-Geral da Operação MUTITI, “o lançamento realizado hoje coroa de sucessos um planejamento de mais de um ano, envolvendo mais de 200 pessoas, e que coloca o Brasil mais uma vez em um patamar diferenciado para o Programa Espacial Brasileiro. Todos os quatro requisitos de sucesso da Operação foram plenamente atingidos, bem como todos os pontos da missão atribuída e da missão deduzida, o que nos deixa convictos da qualidade e profissionalismo dessa equipe que participou da Operação e de todos aqueles que, de uma forma ou de outra, auxiliaram no seu sucesso. ”
Fonte e foto: CLA