Notícias
FOGUETE BRASILEIRO TESTA COMBUSTÍVEL EM MICROGRAVIDADE
Foto: Divulgação/AEB – Modelo de foguete VSB-30 lançado no CLA, no Maranhão.
Brasília, 4 de fevereiro de 2015 – O foguete de sondagem brasileiro VSB-30 lança nos próximos dias um experimento científico inédito para estudo do comportamento do hidrogênio líquido – combustível utilizado em motor de foguetes – em ambiente de microgravidade, no qual objetos (ou pessoas) não têm peso.
Desenvolvida pela empresa Air Liquide Advanced Technologies e pela Agência Espacial Francesa (Cnes), a pesquisa auxilia os cientistas europeus no desenvolvimento das futuras evoluções dos motores do foguete europeu Ariane com combustível líquido.
A operação de lançamento, programada para domingo (8), será coordenada pela empresa sueca Swedish Space Corporation (SSC) e pelo Centro Aeroespacial Alemão (DLR), que mantém um acordo de cooperação na área de lançamentos suborbitais para a atmosfera superior e pesquisa de microgravidade.
De acordo com o vice-diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), coronel aviador Avandelino Santana Júnior, a operação de lançamento do VSB-30, batizada de Cryofenix, será na base de Esrange, a 200 quilômetros do Círculo Polar Ártico, na Suécia.
O VSB-30 é um veículo suborbital, com dois estágios a propulsão sólida e capacidade para transportar cargas científicas e tecnológicas, de 400 kg, até uma altitude de 270 km. Para experimentos de microgravidade, o foguete permite que a carga permaneça até seis minutos acima da altitude de 110 km.
O foguete foi produzido em conjunto com o DLR para atender a uma demanda do Programa Microgravidade da Agência Espacial Europeia (ESA). Antes do VSB-30, o DLR utilizava os foguetes britânicos Skylark mas o modelo teve sua produção descontinuada. Cerca de 80% dos seus componentes são fornecidos pela indústria espacial brasileira.
A parceria dos pesquisadores brasileiros do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) com o programa de microgravidade dos europeus existe desde 2001. Até o momento, o VSB-30 já realizou 14 lançamentos bem sucedidos, sendo 11 a partir do centro de Esrange e três no Brasil, do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.
Programação – Segundo a SSC, estão previstos outros seis lançamentos de experimentos este ano com o foguete VSB-30, a partir de Esrange. Em uma das missões, prevista para ocorrer entre julho e agosto, será usado um foguete novo, o VS-30/Orion, que utiliza um motor brasileiro, o S-30 no primeiro estágio, e um norte-americano, o Improved Orion, no segundo.
Uma comitiva de representantes do DCTA embarcou para a Suécia na semana passada para acertar os últimos detalhes da missão do VSB-30 e assinar um acordo de parceria com a SSC. O acordo prevê o intercâmbio de informações e de recursos humanos na área de desenvolvimento e de operações de lançamento, assim como de tecnologias de propulsão espacial e de propelentes ecológicos, entre outros projetos.
O acordo do DCTA com a SSC também prevê a construção de um sítio de lançamento para o foguete brasileiro Veículo Lançador de Microssatélites (VLM), em Esrange.
O projeto do VLM avançou no final de dezembro com a assinatura de um acordo com a Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (Funcate), que permite a contratação dos primeiros parceiros industriais do projeto: a Avibras e a Cenic. “O projeto VLM-1 foi concebido para ter a participação da indústria desde as primeiras fases do seu desenvolvimento”, diz o diretor do DCTA, brigadeiro do ar Alvani Adão da Silva.
O VSB-30 foi desenvolvido em parceria com o DLR visando a atender a demanda crescente para o lançamento de cubesats (satélites de menor porte em forma de cubos) e microssatélites (até 150 kg). Em 2014, segundo Silva, foram investidos R$ 10 milhões no desenvolvimento do VLM.
“Os recursos necessários para contratar a fabricação de motores e outros subsistemas com indústrias nacionais é de R$ 85 milhões nos próximos anos”, diz Silva. O primeiro voo do foguete, segundo ele, está previsto para ocorrer 27 meses a partir da contratação das indústrias.
Fonte: Jornal Valor Econômico/ FAB