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Estudantes brasileiros se especializam em tecnologias espaciais na China
Trabalhar com aplicações em tecnologias espaciais e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico do Brasil, após adquirir experiência no exterior, é o sonho de três jovens, dois engenheiros e um físico, que desde o segundo semestre de 2017 cursam mestrado na área espacial, na Beihang University of Aeronautics and Astronautics (BUAA), em Pequim, na China.
Os engenheiros Luan Henrique Oliveira, 25 anos, de Montes Claros (MG), Daniel Xien, 24 anos, de São Paulo e o físico Cristiano Strieder, 34 anos, de Caibaté (RS), fazem parte da terceira turma de estudantes selecionados pela Agência Espacial Brasileira (AEB) para o Master Program on Space Technology Applications (MASTA) do Centro Regional para Ciência Espacial e Educação Tecnológica na Ásia e no Pacífico (RCSSTEAP – China).
Todos eles desenvolvem pesquisas nas áreas de Tecnologias em Microssatélites (Micro-Sat Tech) e Sensoriamento Remoto e Sistemas de Geo-Informação (RS&GIS). A expectativa é que o curso seja concluído no segundo semestre de 2019.
Luan fez Engenharia Aeroespacial, na Universidade de Brasília (UnB) e foi estagiário da AEB, instituição onde trabalhou na elaboração de atividades educativas atualmente desenvolvidas no CVT-Espacial, em Parnamirim (RN). O engenheiro estuda Tecnologias em Microssatélites e acredita que o conhecimento adquirido na área de foguetes, durante a graduação, foi fundamental para a escolha de sua área de estudo e pesquisa.
“Na graduação adquiri experiência trabalhando com propulsão de foguetes e participei de vários campeonatos nacionais e mundial. Entendo que estudar tecnologias para satélites é um desafio, mas tenho certeza que vou sair muito bem, pois pretendo trabalhar no setor espacial no futuro”, afirmou o mestrando.
Dinâmica do curso
Ao falar da organização e do sistema de disciplina da Beihang University, Luan explicou que as aulas são estruturadas em disciplinas condensadas, ou seja, há matérias que podem ser dadas em uma semana e outras, dependendo do semestre, podem ser concluídas em até três meses. “Com relação ao corpo docente é predominante chinês, mas algumas disciplinas são ministradas por professores de outros países.
Cristiano graduou-se em Física pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/RS) e fez pós-graduação em Computação no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), hoje está fazendo mestrado em Sensoriamento Remoto. Ele disse ter ficado impressionado com a carga horária. “A dinâmica das aulas na Universidade de Beihang é bem diferente da do nosso país. Aqui temos aulas todos os dias, com período integral, até mesmo aos sábados. Quando iniciamos o mestrado, fizemos uma disciplina obrigatória o mandarim, idioma oficial da China”, explicou Cristiano.
Auxílio financeiro
Strieder ressaltou que o mestrado na universidade chinesa é uma oportunidade de dar continuidade ao trabalho que já desenvolvia no INPE, auxiliando nas soluções de questões científicas da área espacial. Além da bolsa de mestrado, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (CAPES) financiou a ida dos candidatos selecionados. Eles também recebem moradia gratuita na própria universidade e um auxílio estudantil mensal.
Segundo o presidente da AEB, José Raimundo Braga Coelho, a capacitação de estudantes brasileiros na China é possível graças a uma extensa e forte parceria entre os dois países, que em julho de 2018 completará 30 anos. Para José Raimundo, os chineses reconhecem a importância e potencial estratégico do Brasil no mundo, por isso não hesitam em investir na preparação de profissionais brasileiros.
Para o diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, Carlos Gurgel, a oportunidade de jovens brasileiros estudarem em uma excelente universidade, de um dos países com um dos programas espaciais mais desenvolvidos do mundo traz muitos benefícios ao Brasil. “Durante o mestrado os estudantes absorvem o modo de trabalhar dos chineses, se integram com as principais tecnologias e inovações do setor, além de facilitar relações institucionais e comerciais, tanto com a China como com outros países que investem no setor espacial”, destacou.
Viver na China não foi novidade para Daniel, formado em engenharia Geológica pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL/RS), o estudante é filho de chineses e morou no país durante toda sua infância. Apesar das mudanças, Daniel afirmou que a readaptação na China foi fácil, pois além de conhecer bem a região e ter fluência em mandarim, ele considera o país como sua segunda casa.
Daniel também faz mestrado em Sensoriamento Remoto, e reconhece que é uma excelente oportunidade para trabalhar tanto no Brasil como na China, pois pressupõe que os dois países continuarão fortalecendo suas parcerias e no futuro precisarão de mais profissionais capacitados para atuar no setor espacial.
Por conhecer bem o país que está vivendo, Daniel foi o anfitrião dos dois colegas que não tinham nenhuma familiaridade com a cultura chinesa. Sua intermediação com os colegas e a universidade foi fundamental para a boa adaptação dos colegas no país.
Turma 2018
No início do mês de julho, a Comissão de Seleção da AEB divulgará o resultado final do processo seletivo para o MASTA e Doctoral Program on Space Technology Applications (DOCSTA) 2018. Na próxima reportagem vocês vão conhecer a história e expectativas dos estudantes da quarta turma de mestrando na China.