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ELAT/INPE GRAVA AS PRIMEIRAS IMAGENS DE RAIOS EM ALTA RESOLUÇÃO, ALTA VELOCIDADE E COLORIDAS
O Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) gravou – pela primeira vez no Brasil – imagens de raios em alta resolução e coloridas através de câmeras de alta velocidade. Este procedimento faz parte do projeto temático “Impacto das mudanças climáticas sobre a incidência de descargas atmosféricas no Brasil”, liderado por Osmar Pinto Junior, coordenador do Elat/Inpe, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Com as imagens obtidas por estas câmeras, o impacto dos raios sobre os objetos atingidos no solo poderá ser melhor avaliado. O Elat/Inpe é pioneiro nesta área e tem contribuído mundialmente para o avanço das pesquisas sobre as características do fenômeno.
“Os estudos estão avançando e novas descobertas sobre as características dos raios, que são diferentes em cada região, contribuirão de forma significativa para a prevenção e proteção”, comentou o pesquisador Marcelo Saba, do Elat/Inpe.
Até então, não haviam sido registradas no Brasil imagens com uma resolução tão alta e, pela primeira vez, foram feitas também imagens a cores. O principal diferencial destas imagens, do ponto de vista científico, é a precisão de detalhes que podem ser observados devido à alta resolução. As câmeras são capazes de registrar até dois mil quadros por segundo com resolução de 1.280 por 720 pixels.
As novas câmeras integram o projeto Rammer (Rede Automatizada Multicâmeras para o Monitoramento e Estudo de Raios), ligado ao projeto temático da Fapesp e conduzido como trabalho de pós-doutoramento do engenheiro eletricista Antonio Carlos Varela Saraiva.
O projeto permitirá que sejam feitas as primeiras gravações de uma tempestade em três ângulos diferentes. Com isto será possível analisar características dos raios que dificilmente poderiam ser observadas devido à interferência de outros fenômenos, como a chuva.
“Com estas imagens será possível observar com mais precisão a diferença entre as tempestades, pois uma tempestade pode ser mais perigosa do que a outra em função da quantidade e dos tipos de raios”, afirmou Antônio Saraiva.
Outro diferencial da observação com três câmeras, que trará resultados para o projeto temático da Fapesp, será identificar a totalidade de raios de uma tempestade, o que permitirá uma avaliação da eficiência dos sistemas de detecção de raios e um aperfeiçoamento da Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas (BrasilDat).
“Hoje sabemos que os prejuízos materiais chegam a aproximadamente um bilhão de reais em todo o país, anualmente, e em um cenário de aumento do número de raios a tendência é que os prejuízos também aumentem, assim como o risco de mortes e ferimentos devido a raios. O diferencial deste estudo com câmeras rápidas e de alta resolução é poder avaliar com detalhes o impacto dos raios sobre os objetos que eles atingem no solo”, disse Osmar Pinto Junior.
Com o avanço do projeto e das pesquisas será possível identificar e gerar alertas de tempestades severas com maior precisão, o que deve se tornar cada vez mais importante com o impacto das mudanças climáticas.
As novas câmeras, inicialmente instaladas em São José dos Campos, também serão deslocadas para outras regiões. A partir do dia 23 de fevereiro começa uma operação que levará as câmeras para observações no Rio de Janeiro. As gravações de imagens com câmeras rápidas serão utilizadas no inédito filme-documentário sobre raios no Brasil, que será lançado no verão de 2012. O filme “Fragmentos de Paixão – Que Raio de História” será realizado sob a coordenação do Elat e mostrará os raios na trajetória da história do Brasil.