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DUAS MISSÕES ESPACIAIS ESTUDARÃO ENIGMAS DO SOL
Brasília, 2 de abril de 2015 – Nenhuma sonda de observação jamais chegou tão perto do Sol como pretendem chegar a Orbitador Solar da Agência Espacial Europeia (ESA) e a Sonda Solar Avançada, da Agência Espacial Norte-America (Nasa).
As duas serão lanmçadas em 2018 para entrar na órbita de Mercúrio com o objetivo de aproximar-se gradualmente e estudar o Sol.
Com a proximidade, a temperatura na superfície frontal das sondas ultrapassará as centenas de graus, e o grande desafio é desenvolver um sistema seguro para proteger as naves do calor.
Para o escudo de calor da primeira, a ESA está usando tubos de titânio. Para a outra, a Nasa optou por um composto de carbono, similar aos blocos de proteção térmica usados nos ônibus espaciais.
Os instrumentos científicos das sondas terão de se esconder por trás dessas barreiras para fazer as medições na tentativa de desvendar alguns dos mistérios da nossa estrela.
A maioria das missões espaciais para estudar o Sol não se aproximou muito, permanecendo em órbita da Terra. Mas é necessário chegar mais perto para avaliar diretamente os efeitos das partículas e dos campos magnéticos que as contêm.
“Queremos obter três medidas”, afirma Tim Horbury, o principal investigador do Orbitador Solar. “Desejamos obter uma medida remota, ver o que está ocorrendo no Sol com nossos telescópios, e depois queremos obter uma segunda medida, para sentir o que está saindo dele.”
“A terceira medida viria da outra sonda, que avançaria um pouco o campo de visão muito rápido de vez em quando só para dar uma ideia do que estaria ocorrendo lá também”, diz.
Distância – A Orbitador Solar chegará até a 43 milhões de quilômetros do Sol – significativamente mais perto de Mercúrio, que gira em torno do astro a uma distância que varia de 46 milhões a 70 milhões de quilômetros.
Já a Solar Avançada é quem fará o verdadeiro trabalho “infernal” quando sobrevoar a superfície solar a meros seis milhões de quilômetros de distância. Nesse ponto da órbita, a sonda deve alcançar velocidades de 200 quilômetros por segundo.
Aproximando-se menos do Sol, a primeira sonda consegue usar telescópios. E as imagens captadas provavelmente serão espetaculares, revelando características do Sol com uma resolução nunca obtida antes.
A Solar Avançada poderá conseguir dados inéditos, mas olhar diretamente para o Sol é algo que está realmente fora de questão. A pouco mais de seis milhões de quilômetros, a temperatura na superfície do escudo de calor deve atingir 1,3 mil graus. Nem mesmo pequenos buracos no escudo para colocação de sensores são permitidos.
A Orbitador Solar por sua vez, com 1,8 mil quilos, tem seus “buracos de fechadura” que permitem espiar nossa estrela. “Temos alguns orifícios de passagem”, diz Dan Wild, um dos engenheiros da Airbus, que está construindo a sonda. “Eles são apenas grandes cilindros feitos de titânio e revestidos de preto para o controle da luz, para que não se pegue muito reflexo”.
“E há portas na frente dos cilindros. Podemos fechar essas portas e isso significa que não vamos perder a nave espacial se alguma coisa der errado”, informa. “A parte frontal do escudo do Orbitador experimentará temperatura na ordem dos 600 graus, mas atrás ela deve atingir apenas 60 graus”, explica Philippe Kletzkine, gerente de projetos do Orbitador.
Curiosamente, alguns instrumentos na parte traseira da sonda ficarão tão na sombra – numa temperatura inferior a 10 graus – que será necessário usar um aquecimento ativo para que funcionem adequadamente.
Enigma – Todo esse esforço de engenharia poderá oferecer respostas para alguns enigmas solares que resistem às investigações há tempos.
Ao ficar posicionado diretamente na atmosfera externa do Sol – a coroa solar -, a Sonda Avançada poderá ajudar a explicar porque essa extensa região é tão mais quente do que a superfície do Sol.
Quanto ao Orbitador deverá dar melhores ideias sobre o que impulsiona o ciclo de atividade de 11 anos do Sol. Sua órbita será alta o suficiente para ter uma visão polar da estrela, o que permitirá ver, pela primeira vez, o que ocorre quando o campo magnético solar gira.
“Chegando à altura dos polos, teremos uma vista excelente e isso nos dará uma ideia muito melhor sobre o mecanismo que rege o ciclo solar e sobre por que esse ciclo começou a ficar mais fraco nos últimos anos,” diz Louise Harra, do Laboratório de Ciência Espacial da Universidade College de Londres.
As duas missões juntas estão custando US$ 2,5 bilhões (mais de R$ 8 bilhões) – a missão norte-americana custa quase o dobro da europeia. Mas há um reconhecimento crescente de que conseguir compreender melhor o comportamento do Sol trará grandes benefícios para a Terra.
Grandes tempestades solares têm o potencial de destruir satélites, comunicação de rádio e redes de eletricidade, e há muita discordância entre os cientistas sobre o real papel que os ciclos solares desempenham sobre as mudanças climáticas na Terra.
Fonte: Inovação Tecnológica