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Delegação brasileira da AEB e do INPE cumpre agenda oficial na China
Brasileiros e chineses cumprem agenda espacial e celebram 30 anos de parceria.
Representantes da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) participaram no período de 19 a 24 de novembro de uma missão oficial na China, onde cumpriram ampla e intensa agenda relacionada com a cooperação bilateral na área espacial.
As primeiras reuniões no país foram realizadas pelo Joint Project Committee (JPC) na Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST), grupo que se reúne de forma alternada no Brasil e na China desde o início da cooperação. A última reunião do JPC ocorreu, no Brasil, em outubro de 2017. Na China, as discussões enfatizaram a programação das atividades que serão desenvolvidas conjuntamente até o lançamento do sexto satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-4A). O satélite encontra-se no Laboratório do INPE, em São José dos Campos (SP), na fase de integração e testes. Após essa fase, o CBERS-4A será transportado para a China, em maio do próximo ano, com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2019.
A delegação brasileira e os chineses também discutiram, durante a 5ª Reunião do Subcomitê de Cooperação Espacial Brasil-China no âmbito do Comitê de Alto Nível de Coordenação e Cooperação, o andamento da implementação do Plano Decenal Sino-Brasileiro de Cooperação Espacial (2013-2022), lançado em 6 de novembro de 2013 pelos governos dos dois países, o qual atribui à AEB e à Administração Nacional Espacial da China (CNSA), a função de coordenar sua implementação. O plano contempla sete áreas de cooperação: tecnologia espacial, aplicações espaciais, ciências espaciais, serviços de lançamento, suporte em rastreio e controle, equipamentos espaciais e treinamento de pessoal.
O Programa CBERS é um dos itens da área de cooperação em tecnologia espacial. Segundo informações do diretor de Política Espacial e Investimento Estratégico da AEB, Petrônio Noronha, nas reuniões dos dois países, foram discutidos tópicos para a elaboração de um plano de trabalho e desenvolvimento conjunto de uma proposta para as missões CBERS 5 e CBERS 6, como parte do início das tratativas em torno de uma proposta de futuro acordo entre os países. “A continuidade, incluindo o projeto dos satélites CBERS-5 e CBERS-6, deverá ampliar o horizonte de cooperação entre Brasil e China, aumentando os benefícios para a comunidade usuária de dados de sensoriamento remoto”, explicou Petrônio.
A delegação da AEB também participou da 2ª Reunião do Comitê Consultivo do Centro Regional de Ciência e Tecnologia Espacial e Educação na Ásia e no Pacífico (RCSSTEAP), na Beihang University. O Brasil é membro nato do Centro, fazendo parte de seu Conselho Superior Consultivo desde sua criação em 2014. Além do Brasil, estavam representados os seguintes países: Paquistão, Indonésia, Bolívia e o Peru. A reunião, coordenada pelo vice-diretor do RCSSTEAP, Weng Jingnong, contou com a participação especial da diretora do Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior (UNOOSA), Simonetta Di Pippo, assim como do ex-diretor Sérgio Camacho.
A AEB mantém parceria com o RCSSTEAP e a Beihang University em diferentes iniciativas, dentre elas os Programas MASTA e DOCSTA, para os quais já enviou dez estudantes brasileiros de mestrado, com bolsa integral custeada pelas instituições chinesas.
O Centro Regional é um organismo afiliado às Nações Unidas com similares em outros países. Segundo Leila de Morais, chefe de gabinete da AEB, esse Centro desenvolve robustas atividades na área de capacitação no setor espacial, com variadas opções de formação que abrangem desde graduação e pós-graduação até cursos de curta duração. “É importante que estejamos próximos dessa iniciativa, para termos acesso e compartilharmos informações relevantes para a implementação de um Centro similar no Brasil, uma vez que o País está se preparando para ser sede do Centro Regional de Educação em Ciência e Tecnologia Espacial para América Latina e Caribe (CRECTEALC) a partir do próximo ano”, explicou Leila.
O aniversário de 30 anos da parceria Brasil-China, completados em julho de 2018, também foi lembrado pelos chineses que organizaram, em conjunto com a AEB, cerimônia para comemorar o sucesso da parceria que continua trazendo vários benefícios aos dois países.
A reunião comemorativa na China, que teve sua primeira parte realizada no Brasil no último mês de agosto, contou com a presença de autoridades dos setores espaciais chinês e brasileiro, de representantes acadêmicos e industriais chineses, além da ilustre participação da diretora da UNOOSA, Simonetta Di Pippo.
Durante a reunião, foi projetado um vídeo alusivo aos 30 anos da cooperação espacial China-Brasil, o qual relembrou momentos marcantes da profunda amizade estabelecida entre os dois países no decorrer da cooperação. Foram distribuídas medalhas em homenagem a todos que contribuíram para o sucesso do Programa e lançado o livro China and Brazil: common goals make distance disappear 30 anos CBERS 1988-2018. Após a solenidade, o presidente da AEB, José Raimundo Braga Coelho, e o diretor da CNSA, Zhang Kejian, discursaram para os presentes.
Em seu discurso, o presidente da AEB, José Raimundo, ressaltou a importância dos princípios basilares da parceria: “objeto de mútuo interesse e desenvolvimento conjunto”. Ele destacou ainda o desprendimento dos responsáveis de ambas as partes em se comprometerem a assumir riscos e a compartilhar benefícios mútuos.
Ele destacou ainda os primeiros contatos espaciais bilaterais ocorridos durante a 26ª Reunião do Comitê das Nações Unidas para os Usos Pacíficos do Espaço Exterior (COPUOS), em Viena, em junho de 1993, quando as delegações brasileira e chinesa se reuniram para discutir a possibilidade de cooperação na área espacial. “Nos anos 80, o Brasil e a China ainda estavam se descobrindo, e nossa aproximação era algo inédito no mundo em desenvolvimento”, afirmou.
Também prestigiaram a cerimônia os estudantes brasileiros que cursam mestrado na Beihang University, instituição que mantém parceria com a AEB. “Esses estudantes foram selecionados pela Agência e ao concluir o curso pretendem voltar ao Brasil e atuar na área espacial ou correlatas, compartilhando o conhecimento adquirido na área, com instituições públicas ou privadas”, concluiu o presidente ao conversar com os seis jovens estudantes.
A mestranda Ana Paula, ao conversar com a comitiva brasileira disse que fazer pesquisa na área espacial traz muitos benefícios para a humanidade, melhora a comunicação e a qualidade de vida. “Meu desejo é dar continuidade a uma realidade pacífica de oferecer um futuro sustentável para as próximas gerações”, disse a estudante.