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CIENTISTAS BUSCAM ESTRATÉGIA PARA OS PRÓXIMOS 10 ANOS DO TELESCÓPIO SOAR
Instalado nos Andes chilenos, a 2,7 mil metros de altitude em relação ao nível do mar, o Telescópio de Pesquisa Astrofísica do Sul (Soar, na sigla em inglês) começou a operar há 10 anos preenchendo uma importante lacuna na astronomia brasileira. Com um espelho principal de 4,1 metros de abertura, o observatório foi projetado para produzir imagens de alta qualidade. “Melhor do que a de qualquer outro instrumento no mundo em sua categoria”, afirma o diretor do Laboratório Nacional de Astrofísica, Bruno Castilho, citando a tecnologia e as condições de céu escuro e baixa cobertura de nuvens oferecidas pela montanha de Cerro Pachón. “Agora, chegou a hora de discutir a ciência a ser feita na próxima década no Soar.”
Este é o objetivo do Workshop on Soar Science 2020, que o LNA realiza entre 13 e 15 de março, no Rio de Janeiro. Com o fim do atual acordo do consórcio em 2020, pesquisadores brasileiros e estrangeiros vão se debruçar sobre a estratégia científica e operacional do Soar para a década seguinte. “Esperamos que a comunidade brasileira usuária participe ativamente das discussões, para opinar sobre que rumo científico deseja para o observatório no novo período”, diz Castilho.
A oficina ocorrerá simultaneamente em dois locais, no Brasil e nos Estados Unidos, conectados por teleconferência. A programação inclui palestras e espaço para comunicações orais, pôsteres e discussões. O LNA organiza o evento ao lado da Universidade da Carolina do Norte (UNC) em Chapel Hill e da Universidade Estadual de Michigan (MSU).
Telescópio
O diretor do LNA descreve o Soar como um telescópio “de porte intermediário, extremamente versátil, rápido, de óptica soberba e localizado em local privilegiado”, no caso, Cerro Pachón, nos Andes chilenos. Tem cerca de 10 equipamentos acoplados a si, por meio dos quais coleta dados nas faixas da luz visível e do infravermelho.
O telescópio custou US$ 30 milhões – cerca de R$ 100 milhões – e recebeu financiamento de um consórcio formado pelo Observatório Nacional de Astronomia Óptica dos EUA (Noao), ao lado da UNC e da MSU; e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Dono de 30% de participação no Soar, o Brasil tem cerca de 120 usuários, espalhados em sete instituições – dentre universidades e instituto de pesquisa. Para a pesquisa astronômica brasileira, os resultados do Soar têm preenchido lacunas entre os dados obtidos pelo Observatório do Pico dos Dias (OPD), localizado no município de Brazópolis (MG), a 37 quilômetros de Itajubá (MG), sede do LNA; e de outros consórcios internacionais acessíveis ao país, como o Telescópio Canadá-França-Havaí (CFHT), no arquipélago norte-americano; e os observatórios Gemini, equipamentos instalados em dois dos melhores sítios astronômicos do planeta – um na Cordilheira dos Andes, no Chile, e o outro no Havaí, nos EUA.
Empresas brasileiras participaram tanto da construção do domo do Soar – com 66 metros de diâmetro e capaz de suportar uma estrutura de 70 toneladas –, como da produção de instrumentos do telescópio. Em 2016, o país entregou ao consórcio o primeiro espectrógrafo de alta resolução montado em seu território, chamado Steles (Soar Telescope Èchelle Spectrograph). Formado por 5 mil peças, a maior parte projetada por engenheiros e pesquisadores do LNA, o equipamento aperfeiçoa estudos astronômicos, ao permitir uma medida mais precisa da matéria que compõe os objetos celestes.
Serviço
Evento: Workshop on Soar Science 2020
Data: 13 a 15 de março de 2017
Local: Auditório Ministro João Alberto Lins de Barros, no CBPF
Endereço: Rua Doutor Xavier Sigaud, 150, Urca
Cidade: Rio de Janeiro (RJ)