Notícias
CIENTISTAS ACOMPANHAM AFASTAMENTO DA LUA
Brasília, 17 de março de 2015 – As pessoas não percebem, mas a Lua está se afastando da Terra. O satélite está hoje 18 vezes mais longe do que quando se formou, há 4,5 bilhões de anos, afastando-se da Terra a uma velocidade de 3,78 centímetros por ano.
Segundo a astrônoma Britt Scharringhausen, a razão para o aumento da distância é que a Lua levanta marés na Terra. Como o lado do planeta voltado para a Lua fica mais perto, ele sente um puxão gravitacional mais forte do que o centro. Do mesmo modo, a face oposta da Terra – que não está virada para a Lua – sente menos a gravidade da Lua do que o centro da Terra.
Este efeito “estica” um pouco a Terra, tornando-a levemente oblonga – são os chamados “bojos de maré”. O corpo sólido real da Terra é distorcido de alguns poucos centímetros, embora o efeito mais notável sejam as marés levantadas sobre o oceano.
Como toda massa exerce uma força gravitacional, os bojos de maré sobre a Terra exercem uma força gravitacional sobre a Lua. Como a Terra gira mais rápido (uma vez a cada 24 horas) do que a Lua (uma vez a cada 27,3 dias), os bojos de maré têm como efeito “acelerar” a Lua, o que a faz afastar-se.
Ainda que outras explicações concentrem-se na redução da velocidade da Terra, o efeito líquido é uma alteração da velocidade relativa entre a Terra e seu satélite que tem como resultado o afastamento da Lua – quando algo que está em órbita de outro corpo acelera, essa aceleração o empurra para fora.
Interações – A interação entre a Lua e a Terra afeta nosso planeta de várias formas. Para começar, à medida que a Terra gira mais devagar, os dias ficam mais longos – dois milésimos de segundo a cada século. Isso tende a deixar os invernos mais frios e os verões mais quentes.
E se a força gravitacional da Lua torna-se mais fraca, nossas marés não serão tão acentuadas. No entanto, mesmo sem a Lua, existiriam marés – ainda que muito mais suaves – pelo efeito gravitacional do Sol.
No entanto, segundo os cientistas, nenhuma dessas consequências é causa para preocupações, pois as mudanças são sutis demais para que possamos testemunhá-las. Em algum momento, a Terra e a Lua vão chegar a um equilíbrio e a Lua deixará de se afastar.
Mas, eventualmente antes que isso aconteça, o Sol vai se expandir até virar uma gigante vermelha e engolir a Terra e seu satélite – daqui a cerca de 5 bilhões de anos, mais ou menos.
Aferição – A possibilidade do monitoramento preciso do afastamento da Lua deve-se, sobretudo às missões espaciais dos Estados Unidos e da União Soviética, nas décadas de 1960 e 1970.
Em três das missões Apollo os astronautas deixaram na Lua unidades retrorrefletoras cheias de pequenos espelhos. O robô lunar soviético Lunokhod-1 também fez o mesmo.
Desde então, os astrônomos têm disparado raios laser em direção a essas unidades refletoras, para manter um registro exato de o quanto a Lua está se afastando.
“Enviamos cerca de 100 quatrilhões de fótons com cada pulso de laser. Se tivermos sorte, para cada pulso que enviamos, volta um fóton”, explica Russet McMilllan, do observatório astronômico Apache Point Observatory, no Novo México (EUA).
Apesar de à primeira vista um fóton parecer pouco, ele é suficiente para medir a distância entre a Lua e da Terra até o seu último milímetro.
Segundo a última medição feita por McMillan, a distância exata da Terra à Lua era de 393.499.257.798 milímetros, mas isso varia largamente ao longo da órbita da Lua, cuja diferença entre perigeu e apogeu é de cerca de 42.500 km.
Fonte: Inovação Tecnológica