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Brasileiros descobrem anel impossível em astro do Sistema Solar
Pesquisadores brasileiros descobriram, recentemente, um anel improvável em volta do asteroide Quaoar, pequeno corpo localizado além da órbita de Plutão.
A descoberta inédita, liderada pelo professor Bruno Morgado, do Observatório do Valongo, unidade acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi publicada em fevereiro na Nature, uma renomada revista científica britânica.
Morgado conta que o fator mais importante do achado não é a existência do anel em si, mas o local que ele se encontra. “A descoberta desse anel é bastante intrigante, porque ele se encontra muito distante de Quaoar, que é o corpo principal. Acontece que existe um limite imaginário, chamado limite de Roche, onde é esperado que aneis se encontrem e sejam estáveis no interior desse limite. No exterior, na região além do limite de Roche, os aneis deveriam se juntar, tornando-se uma Lua, ou seja, um satélite natural, o que aparentemente não é o caso do Quaoar”, explica.
É provável que exista algum efeito, a exemplo de uma perturbação gravitacional, que permita que esse anel continue existindo em seu formato original. Porém, para chegar a uma resposta definitiva, mais estudos precisam ser realizados.
“Tem algo acontecendo que permite que o anel se mantenha estável. Entender esses processos de como os efeitos dinâmicos estão afetando esse anel, para manter ele nesse formato, é bastante relevante para compreendermos como essas pequenas rochas começam a se coagular e a crescer na forma de um satélite. Responder essa pergunta, de porque o anel de Quaoar se encontra tão longe do corpo principal, vai nos deixar mais próximos de entender, de fato, como tudo se formou”, esclarece Morgado.
Esse é o terceiro anel encontrado em torno de um pequeno corpo celeste. Há pouco tempo, pesquisadores só conheciam anéis ligados a planetas gigantes, como Saturno e Júpiter, mas as descobertas de anéis no centauro Chariklo, em 2013, e no planeta anão Haumea, em 2017, abriram precedentes para novos estudos sobre o tema.
Quaoar, que é candidato a planeta anão, possui aproximadamente 550 km de raio e fica localizado a uma distância de aproximadamente 41 vezes a distância entre a Terra e o Sol.
O estudo contou com colaboração internacional, além de pesquisadores do Observatório Nacional (ON/MCTI), da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Sobre a AEB
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Desde a sua criação, em 10 de fevereiro de 1994, a Agência trabalha para viabilizar os esforços do Estado Brasileiro na promoção do bem-estar da sociedade, por meio do emprego soberano do setor espacial.