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BRASILEIRO PARTICIPOU DE MISSÃO QUE POUSOU ROBÔ EM COMETA
Foto: Divulgação/Fonseca – Brasileiro participou do projeto Rosetta por três anos.
Brasília, 13 de novembro de 2014 – O pouso do módulo robótico Philae na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, na tarde de ontem (12), há mais de 510 milhões de quilômetros da Terra, durou cerca de sete horas. Para o engenheiro Lucas Fonseca, de 30 anos, que participou do projeto espacial da Agência Espacial Europeia (ESA), no entanto, o feito inédito foi alvo de um trabalho de três anos.
Ele trabalhou na Agência Espacial Alemã (DLR) de 2009 a 2012. Lá, dedicou-se à missão que enviou a sonda Rosetta ao espaço levando o módulo Philae. Seu trabalho foi justamente relacionado à etapa do pouso. Lucas era o único não europeu em uma equipe que tentava prever o que aconteceria do momento em que o módulo se desprendesse da sonda até pousar no cometa.
“Isso que ocorreu hoje (ontem) foi meu trabalho por três anos. Tentava antecipar possíveis trajetórias da sonda e criar modelos matemáticos que simulassem essa descida”, explicou.
O engenheiro diz que, apesar do êxito da missão, que durou mais de dez anos, ainda há uma tensão entre os cientistas sobre o que acontecerá na sequência. “É tudo muito recente. O momento que vem logo depois do pouso é um pouco nebuloso. Não se sabe ao certo o que está ocorrendo, as mensagens demoram 40 minutos para chegar até aqui. Em dois ou três dias vamos saber melhor”, afirma.
Uma das questões que estão em análise é que, de acordo com a ESA, o toque do módulo na superfície do cometa não ocorreu conforme o planejado, já que os arpões, que o fixariam no cometa, não dispararam em um primeiro momento. “Mesmo assim, o Philae conseguiu pousar, o que foi um milagre”, diz Fonseca.
Mas, segundo ele, independentemente do que aconteça, o que ocorreu até aqui já foi um feito “extraordinário”. “Não se via algo de tal magnitude na área há muito tempo. Em termos de tecnologia, é algo comparado à chegada do homem à Lua”, opina.
Para o engenheiro, participar do projeto é uma “oportunidade única na vida”. “Fico orgulhoso de ter, de certa forma, representado o Brasil lá. É uma iniciativa que não é territorial, é uma conquista da humanidade”, destaca.
Fonseca é natural de Santos (SP) e se formou em engenharia mecatrônica na Universidade de São Paulo (USP). Ele sonhava em trabalhar com engenharia espacial e fez mestrado nessa área na França, no Institut Supérieur de l’Aéronautique et de l’Espace. Seu projeto de mestrado foi sobre a missão da sonda Rosetta, e a partir daí foi convidado para trabalhar na DLR. Hoje, mora em São Paulo, tem uma empresa de engenharia aeroespacial e dá aulas na USP de São Carlos.
Fonte: Agências de notícias