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BRASIL E CHINA ACERTAM DESENVOLVER O SATÉLITE CBERS-4A
Brasília, 20 de maio de 2015 – O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, e o diretor da Administração Nacional Espacial da China (CNSA), Xu Dazhe, firmaram ontem (19) um protocolo de intenções para desenvolver e lançar o sexto Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers-4A).
A assinatura ocorreu quando da visita oficial do primeiro-ministro da China, Lĭ Kèqiáng, à presidenta Dilma Rousseff.
“Com o lançamento, em dezembro último, do satélite Cbers-4, a China e o Brasil consolidaram uma iniciativa emblemática no mundo em desenvolvimento, que contribui na fiscalização do desmatamento da Amazônia. Além disso, os serviços de imagens territoriais geradas pelo satélite contribuem muito para os países africanos”, disse a presidente, ao destacar os avanços da parceria bilateral nos campos da educação, da tecnologia e da inovação.
Preparado em conjunto pela Agência Espacial Brasileira AEB e CNSA o protocolo complementar estabelece as bases jurídicas para a construção conjunta do satélite Cbers-4A, a fim de garantir o fornecimento contínuo de imagens aos dois lados da cooperação e a outras nações. O sexto exemplar do programa Cbers deve ser lançado em 2018, na China.
A divisão das tarefas de desenvolvimento e do montante de investimentos repetem a proporção dos satélites Cbers-3 e 4, com 50% para cada lado. O novo acordo define que os trabalhos de montagem, integração e testes do Cbers-4A sejam realizados nos laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP).
O sistema de rastreamento, telemetria e controle do Cbers-4A será semelhante aos dos dois satélites anteriores. Lançado em dezembro de 2013, o Cbers-3 não atingiu a órbita de destino por uma falha no foguete. Já o Cbers-4 está no espaço desde dezembro de 2014. Estabelecido em 1988, o programa obteve sucesso com os exemplares Cbers-1, de 1999, Cbers-2, de 2003, e Cbers-2B, de 2007.
Para o Cbers-4A, o protocolo designou AEB e a CNSA como entidades responsáveis por sua implementação. Já o Inpe e a Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (Cast) seguem como executores do projeto.
O presidente da AEB, José Raimundo Coelho, lembrou que o programa Cbers é “considerado o primeiro acordo de cooperação em alta tecnologia firmado entre dois países em desenvolvimento”. O Inpe e a Cast haviam apresentado a proposta técnica do sexto satélite para AEB e CNSA em fevereiro último.
As imagens fornecidas pelos satélites contribuem para monitorar e verificar desmatamentos, desastres naturais e a expansão da agricultura e das cidades, entre outras aplicações. O Acordo-Quadro permite a distribuição global dos dados gerados, com objetivo de beneficiar outros países em desenvolvimento.
Em viagem pela América Latina, o primeiro-ministro destacou China e Brasil como os maiores países em desenvolvimento dos hemisférios Leste e Oeste do planeta. “A nossa amizade tem uma base sólida e a nossa cooperação tem uma perspectiva muito ampliada”, declarou Kèqiáng. “Essa colaboração tem potencial de trazer benefícios para os nossos povos e para todo o mundo.”
Segundo Dilma, o encontro reafirmou a característica estratégica e a intensidade das relações bilaterais. “Tivemos nesta manhã uma reunião muito produtiva, marcada pelo diálogo franco e pela disposição de avançar, fortalecer e efetivar cada vez mais a nossa parceria”, disse a presidente. “O Plano de Ação Conjunta 2015-2021, que assinei com o primeiro-ministro, inaugura uma etapa superior em nosso relacionamento e está expressa nos vários acordos.”
Parceria – Ao todo, brasileiros e chineses celebraram 39 acordos no Palácio do Planalto, em áreas como agricultura, comércio, defesa, energia, infraestrutura, inovação, mineração, planejamento estratégico e transporte. O acerto em torno do Cbers-4A é um protocolo complementar ao Acordo Quadro sobre Cooperação em Aplicações Pacíficas de Ciência e Tecnologia no Espaço Exterior.
O diretor do Observatório Nacional (ON), João dos Anjos, assinou um acordo de cooperação científica com o diretor do Observatório Astronômico de Xangai, Hong Xiaoyu. Dilma ainda ressaltou o memorando de entendimento firmado entre Xu Dazhe e o ministro da Defesa, Jacques Wagner, sobre sensoriamento remoto, telecomunicações e tecnologia da informação.
Ela agradeceu ao primeiro-ministro pela participação chinesa no programa Ciência sem Fronteiras (CsF), “que hoje acolhe centenas de estudantes e pesquisadores”. No ato, os presidentes da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Carlos Nobre, e da Huawei do Brasil, Zhao Yuning, assinaram um memorando de entendimento a fim de oferecer treinamento em tecnologia da informação a bolsistas brasileiros.
A presidente realçou a frequência dos contatos de alto nível entre os dois governos, ao recordar a visita oficial do presidente da China, Xi Jinping, em julho de 2014. Na ocasião, Xu Dazhe e o presidente da AEB formalizaram parceria em sensoriamento remoto. Dilma informou que viajará ao país asiático em 2016.
Fonte: MCTI