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Agência Espacial Brasileira mostra como o Brasil tem potencial de crescimento na área espacial
Jovens da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) convidaram o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), Carlos Moura, para participar de bate-papo com a estudante Luísa Leão sobre o trabalho da Agência e o mercado espacial. A conversa aconteceu nesta quarta-feira (28) e teve a participação de muitos universitários interessados em ingressar no mercado aeroespacial. O evento foi parte da Semana On-line da Astronomia e Astronáutica (SONDA), promovida pela equipe do Projeto Ares, que é uma das participantes da Olimpíada Brasileira de Satélites (OBSAT).
Carlos Moura fez questão de frisar, no começo de sua palestra, como o Brasil é um país com realidades muito distintas, assimetrias sociais e um vasto território. O setor espacial tem um papel muito grande na integração das mais diversas regiões e capacidade de resolver uma série de problemas por todo o território nacional. Sejam satélites como o Amazonia 1, um satélite de observação da Terra, ou um nanossatélite como o SPORT, que realiza estudos na camada ionosfera da Terra e tem apenas 30 centímetros de comprimento.
Inclusive, o crescimento da importância dos nanossatélites - pequenos artefatos com massa de 1 a cerca de 10 kg - também foi citado como de extrema importância para inserção de novos profissionais no mercado. Devido ao seu menor custo e mais facilidade de construção, a AEB vem, há anos, investindo nesses projetos, principalmente em apoio aos cursos de formação em Engenharia Aeroespacial espalhados pelo país inteiro. Mais recentemente, nanossatélites com missão de demonstradores tecnológicos ou de aplicação real também têm sido apoiados. A Agência está financiando o desenvolvimento de pequenos foguetes universitários, com vinte e duas equipes capacitadas. Logo deve sair um edital da Agência, com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para desenvolvimento de foguetes maiores, que servirão tanto para treinamento dos centros de lançamento como para capacitação tecnológica. “Em breve, vocês terão um novo edital, não só desafiando o setor universitário, mas pequenas empresas, startups, engajados em produzir foguetes para treinamento e capacitação de baixíssimo custo”, disse Carlos Moura.
As oportunidades de se especializar e participar do mercado espacial cada vez mais estão disponíveis em diversos ramos de aplicação. “Quem está pensando em perspectivas de carreira na área, lembre que a atividade espacial não é só trabalhar na AEB, no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ou em uma empresa de satélite ou foguete. Trabalhar no setor espacial, em termos de oportunidades, está muito mais no uso que podemos fazer das informações”, disse Carlos.
O presidente da AEB deu uma série de exemplos de setores que vão precisar de soluções relacionas ao espaço, como o de energia, o agronegócio, as telecomunicações e a Internet da Coisas (IoT). “O mercado espacial cresce cerca de 5 a 8 por cento ao ano continuamente. E deve crescer muito mais. É uma oportunidade para todos“, continuou.
A importância das educações profissionais mais variadas para o setor também não ficou de fora da palestra. No Brasil, existe uma série de universidades com o curso de Engenharia Aeroespacial, mas a participação no mercado espacial pode surgir de várias formações, com áreas como a de economia e a de direito espacial, sempre precisando de novos, inovadores e competentes profissionais.
Moura aproveitou para falar sobre sua própria história de vida, como um exemplo da importância de uma boa formação para trabalhar no setor espacial. Filho de um torneiro mecânico, ele se dedicou aos estudos devido à influência de sua mãe. “Minha mãe gostaria muito de ter estudado, mas não conseguiu. Ela só conseguiu fazer o estudo primário, o equivalente hoje até a quarta série do ensino básico. Mas ela possuía uma gana de estudar muito grande e passou isso para mim e meus irmãos“, revelou.
Carlos passou para a Aeronáutica e, devido à miopia, não pôde prosseguir na carreira da aviação. Ele, então, acabou indo para a carreira da tecnologia, quando entrou no curso de Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Formado, trabalhou por 5 anos na área de aeroportos e, depois, foi transferido para a implantação do Centro de Lançamento de Alcântara.
Questionado sobre como se está fomentando o desenvolvimento da indústria nacional, respondeu: “O mercado lá fora tem crescido muito, e nós temos que entrar nessa competição. Tem uma empresa brasileira, por exemplo, que produziu os painéis solares, tanto para o CBERS quanto para o Amazonia 1. Agora está produzindo painéis para nanossatélites e está exportando. Acabou de abrir filial nos Estados Unidos. Nós confiamos muito na capacidade de nossa indústria espacial, incentivamos os empresários a buscarem essas oportunidades, assim como procuramos convencer nossos investidores a aplicarem na inteligência nacional, no sangue novo que nós temos”, finalizou Moura.
Assista ao bate-papo clicando aqui.
Sobre a AEB
A Agência Espacial Brasileira, órgão central do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (SINDAE), é uma autarquia pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), responsável por formular, coordenar e executar a Política Espacial Brasileira.
Desde a sua criação, em 10 de fevereiro de 1994, a Agência trabalha para viabilizar os esforços do Estado Brasileiro na promoção do bem-estar da sociedade, por meio do emprego soberano do setor espacial.
Coordenação de Comunicação Social - CCS