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“Marte” no sertão nordestino
Júlio Rezende, professor do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é o responsável pela criação do "Habitat Marte", que tem o objetivo de simular o Planeta Vermelho na caatinga nordestina, mais precisamente na zona rural da cidade de Caiçara do Rio do Vento (RN). O projeto resulta da pesquisa desenvolvida durante seu pós-doutorado, que foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O cientista espera tornar o local um núcleo de pesquisas adequado para desenvolver conhecimentos a serem utilizados em Marte.
“Iniciativas de qualidade como esta, que valorizem o setor espacial, são importantes para a Agência Espacial Brasileira. Parabenizo o professor Júlio Rezende pela iniciativa”, afirma o presidente da AEB, Carlos Moura.
O Habitat Marte possui, como inspiração, a estação espacial norte-americana Mars Desert Research Station (MDRS) , coordenada pela Mars Society . O local está pronto para receber simulações de expedições no ambiente marciano, no qual são utilizados trajes espaciais criados particularmente para os cientistas. Também podem ser simulados estudos em laboratórios sobre o clima, o solo e a atmosfera do planeta vermelho. As pesquisas são desenvolvidas no solo do vulcão extinto Pico do Cabugi, localizado no município de Angicos (RN), pelo fato das formações vulcânicas possuírem alta predominância de basalto, característica similar ao solo marciano.
“Nós temos o propósito de funcionar como um habitat autossustentável, que se desenvolve ao fazer o uso da chuva, tratamento de esgoto, produção do nosso próprio alimento na estufa e, também, fazer bom uso da energia solar, que se encontra em fase de implantação. Isso é um espaço para pesquisas de diversas áreas, como biologia, química e geologia“, disse Rezende.
Com início em 2017, o Habitat Marte registra 65 missões realizadas até o momento. As missões que ocorriam de forma presencial passaram a ser realizadas no ambiente virtual devido à atual pandemia. Dessa forma, foram elaboradas mais de 30 edições, com participação de 213 integrantes de 29 países, o que contribuiu para o reconhecimento internacional do trabalho.
Os resultados práticos da pesquisa podem ser implementados no ambiente nordestino. “As iniciativas que estamos desenvolvendo a partir do Habitat Marte têm uma grande aplicabilidade no semiárido nordestino, principalmente porque trabalhamos com tecnologias sociais, como filtros populares para o tratamento de água, biodigestores, sistemas de aquaponia e outros. Afinal, nosso objetivo é servir como a realidade do sertão”, afirma Júlio Rezende. Ele ressalta que uma das coisas mais relevantes do projeto é o fato de poder ser utilizado por pesquisadores, cientistas, professores e estudantes de todos os segmentos, visto que o processo de colonização de Marte demandará participação de todas as áreas de conhecimento.
Sobre a AEB
A Agência Espacial Brasileira, órgão central do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (SINDAE), é uma autarquia vinculada ao MCTI, responsável por formular, coordenar e executar a Política Espacial Brasileira.
Desde a sua criação, em 10 de fevereiro de 1994, a Agência trabalha para viabilizar os esforços do Estado Brasileiro na promoção do bem-estar da sociedade, por meio do emprego soberano do setor espacial.
Coordenação de Comunicação Social - CCS