Foguetes Universitários
A AEB apoia equipes e projetos universitários relacionados a foguetes desde meados dos anos 2000, através de variadas iniciativas envolvendo acompanhamento técnico e apoio financeiro. Com o avançar dos anos, a forma e alcance dos apoios vem sendo adaptada à nova demanda e realidade universitária brasileira.
Com a criação recente dos primeiros sete cursos brasileiros de engenharia espacial, o interesse pelo desenvolvimento de foguetes e o número de equipes tem aumentado significativamente. Mesmo universidades que não contam com cursos de engenharia espacial possuem equipes com dezenas de alunos participantes. As equipes são normalmente formadas por alunos universitários de diversas especialidades e guiadas por professores locais comprometidos com o acompanhamento e segurança dos projetos.
Atualmente, são dezenas de equipes em todo o Brasil, construindo e testando experimentos relacionados a métodos de propulsão química e a todos os outros subsistemas normalmente presentes em pequenos veículos de sondagem (foguetes de pequeno porte). Acompanhando o crescimento destas atividades, em 2020, a AEB publicou a mais recente forma de apoio às equipes através de um edital, que atualmente conta com 21 equipes participantes e mais de 400 alunos, oriundos de uma variedade de cursos em 20 universidades brasileiras.
Como o conhecimento produzido por cada equipe é construído com base na atividade de um grande número de alunos em alta rotatividade, cada projeto acaba por apresentar forças e necessidades únicas e específicas ao momento em que a equipe se encontra. No apoio, a AEB oferece tutorias técnicas com a participação de 24 especialistas voluntários de todo o Brasil, selecionados e organizados em números de dois a quatro por projeto, em função das necessidades técnicas de cada equipe. Muitos desses especialistas possuem longa carreira e histórico profissional na área, ou ainda se encontram em atividade em institutos de pesquisa, centros de lançamento, em universidades federais, na AEB e em iniciativas privadas e indústria brasileira.
Muitas das equipes apoiadas já fabricaram e testam seus foguetes completos, atingindo apogeus de até 3 km e com avanços tecnológicos específicos como capacidade de recuperação, telemetria, carga útil, métodos refinados de propulsão sólida e híbrida, projetos de estrutura e aerodinâmica avançados com auxílio de simulações em cálculo numérico e experimentos em túneis de vento.
Alguns desses foguetes são lançados em competições e eventos nacionais e internacionais, outros são testados de forma experimental em regiões isoladas e com condições de segurança específicas. Para algumas equipes com projetos mais avançados, o objetivo passa a ser a utilização de um dos dois centros de lançamento brasileiros, CLBI e CLA, para lançar seus foguetes em um ambiente profissional e com infraestrutura única. No final de 2021, notando a nova demanda destas equipes, o CLBI e a AEB realizaram a primeira edição do Seminário Sobre Campanhas Operacionais (SCOP), centrado na apresentação e capacitação introdutória nas funcionalidades e procedimentos operacionais do CLBI. Esse curso é lecionado pela equipe do CLBI aos líderes de cada uma das equipes apoiadas pelo edital da AEB. Ainda dentro do contexto do apoio atual, foram realizados workshops e apresentações técnicas, sempre visando o avanço na capacitação dos alunos interessados, estimulando a formação de novos especialistas e futuros participantes do Programa Espacial Brasileiro.
A execução do edital atual trouxe informações sobre o número crescente de equipes e participantes, o que auxiliou o mapeamento das capacidades atuais e necessidades imediatas. Como próximos passos, objetiva-se o nivelamento dos conhecimentos disponíveis em cada equipe, a partir da criação de documentações técnicas abertas e comuns a todas as equipes, criando assim uma base sólida de conhecimento a ser explorada e expandida de forma incremental e unificada por todas as atividades universitárias ligadas ao desenvolvimento e testes de foguetes e seus subsistemas.