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Inteligência do Centro-Oeste analisa desafios à segurança alimentar
Na abertura do evento, o diretor-geral da ABIN, Luiz Fernando Corrêa, agradeceu o engajamento do Poder Legislativo na temática e afirmou que a ABIN tem o objetivo de se aproximar da sociedade e de fortalecer o Sistema Brasileiro de Inteligência. “Vamos debater e emprestar a capacidade da Inteligência nas questões mais relevantes para o cidadão. Hoje vamos tirar conclusões dessa experiência e produzir conhecimento útil para tomada de decisão na esfera pública”, declarou.
Entre as autoridades que marcaram presença no evento estavam a diretora de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Nadia Alencar; o secretário de Estado de Segurança Pública de MT, coronel da Polícia Militar César Roveri; o presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da ALMT, o deputado estadual Júlio Campos; e os superintendentes da ABIN em Mato Grosso, Felipe Midon; em Goiás; Renato de Souza; e em Mato Grosso do Sul, David Bernardes.
- Diretora da Inteligência da Polícia Rodoviária Federal, Nadia Alencar, participou do evento (Foto: Secom/ ALMT)
Atuação do poder público
A secretária de Estado de Assistência Social e Cidadania de Mato Grosso, Grasielle Bugalho, apresentou um mapeamento da insegurança alimentar e nutricional no estado e afirmou que o papel da Assistência Social é elaborar políticas públicas para que as pessoas deixem a situação de vulnerabilidade.
Também integraram a primeira mesa de discussões sobre a atuação do poder público frente aos desafios à segurança alimentar a superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul, Marina Viana; e o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás, Pedro Leonardo Rezende.
- Seminário sobre segurança alimentar reuniu representantes de órgãos públicos, universidades, sociedade civil e ONU (Foto: Secom/ ALMT)
Preservação ambiental
A segunda mesa de debates discutiu o tema “Segurança alimentar e preservação ambiental”. Mediadora do debate, a diretora de Inteligência Externa da ABIN, Ana Martins Ribeiro, reforçou a relação entre os dois segmentos.
“Certamente o enfrentamento à fome e a insegurança alimentar e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e da degradação ambiental são os maiores desafios do nosso século. Trata-se de questões que são, em sua natureza, inter-relacionadas”, destacou a oficial de Inteligência.
“Apesar de o Brasil ter abundantes riquezas naturais e enorme capacidade de produção agropecuária, certamente é um dos países que mais deverá sofrer impactos das mudanças climáticas”, completou a diretora da Agência.
A mesa também foi composta pelo secretário de Agricultura Familiar de Mato Grosso, Luiz Arthur de Oliveira Ribeiro; pelo secretário-executivo de Agricultura Familiar, de Povos Originários e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso do Sul, Humberto de Melo Pereira; e pela superintendente de Produção Rural de Goiás, Patrícia Honorato de Carvalho.
Os participantes expuseram ações de sucesso e desafios em seus estados – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás – na agricultura familiar. Ribeiro, do Mato Grosso, afirmou que a “agricultura familiar está diminuindo a desigualdade no estado”. Pereira, do Mato Grosso do Sul, disse que “é muito importante essa troca de informação. A dimensão do desafio da agricultura familiar no Centro-Oeste é gigante. Não podemos deixar as populações vulneráveis para trás”.
Já Patrícia, de Goiás, afirmou que “quando a gente fala de agricultura familiar, as políticas públicas se fazem fundamentais. A segurança alimentar e nutricional é casada com a agricultura familiar”.
- Diretora de Inteligência Externa da ABIN, Ana Martins Ribeiro, foi uma das mediadoras do debate
Desenvolvimento Sustentável
O coordenador do Programa de Campo do Escritório Regional da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), Gustavo Chianca, abriu o debate sobre "Segurança Alimentar como um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável". Para ele, tanto a fome quanto a obesidade “são dois lados da mesma moeda no Brasil”, pois a falta de acesso a alimentos saudáveis atinge as famílias de menor renda.
Chianca apresentou dados de 2023 sobre fome e insegurança alimentar. No Brasil, 4,7% da população – mais de 10 milhões de pessoas - passam fome, ou seja, não têm acesso a alimento, e a insegurança alimentar, que é a percepção familiar sobre a alimentação, atinge 32,8% dos brasileiros – são mais de 70 milhões. Já o acesso a uma dieta saudável alcança apenas 22,4%, o que representa 48 milhões de pessoas.
O representante da FAO apresentou também tendências globais para aumento da insegurança alimentar: lenta recuperação econômica dos países pós-pandemia Covid-19; aumento de preços de alimentos, insumos agrícolas e combustíveis devido a conflitos e/ou extremos climáticos; consumo elevado de alimentos ultraprocessados e de hábitos de consumo pouco saudáveis; e processos de urbanização sem o devido planejamento.
O coordenador-geral do Movimento Nacional dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (MNODS), Kilwangy Kya, afirmou que o tema é estratégico de Estado, por isso a relevância da discussão também no âmbito da ABIN. “Precisamos de criptografia de ponta a ponta para a segurança alimentar”, comparou. Nosso objetivo é “não deixar ninguém para trás”.
Também participou da mesa o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Leonardo Bortolin; sob mediação do representante da Central das Organizações do Estado de Mato Grosso (Cordemato), Joeverton Silva.
- Seminário sobre segurança alimentar reuniu representantes de órgãos públicos, universidades, sociedade civil e ONU (Foto: Secom/ ALMT)
Ciências Ambientais
Na última mesa, pesquisadores de universidades debateram a temática da segurança alimentar sob o aspecto de Ciências Ambientais. Integraram os debates o professor pós-doutor Marcelo Biudes, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); a professora doutora Fabiana Cruz, da Universidade Federal de Goiás (UFG); e a professora doutora Juliana Carrijo, da Universidade Federal da Grande Dourados/Mato Grosso do Sul (UFGD).
A mediação foi realizada pela mestranda do Programa de Pós-Graduação em Física Ambiental da UFMT, delegada Alessandra Cozzolino. “Para vencer a fome, precisamos de ciência”, concluiu a mediadora.
Biudes destacou a relevância do Centro-Oeste na produção agrícola do Brasil e as tendências de extremos de temperatura na região. Ele apresentou as seguintes medidas para mitigar impactos: o desenvolvimento de tecnologias agrícolas resistentes, a implementação de práticas sustentáveis, o aprimoramento de sistemas de irrigação, o fortalecimento das política públicas para adaptação à mudança do clima e a educação ambiental.
Fabiana Cruz, da UFG, lembrou que o Brasil lidera o uso de agrotóxicos no mundo e que mais da metade de toda área desmatada no Brasil ocorreu no Cerrado, apontando a correlação entre os eventos.
Por fim, Juliana Carrijo, da UFGD, afirmou que é preciso sensibilizar grandes empresas do agronegócio a investirem em universidades. “Não podemos mais falar em mudanças climáticas, mas em urgências climáticas”, disse.