Passaporte Biológico
1. O Que É O Passaporte Biológico Do Atleta (PBA)?
O princípio fundamental do Passaporte Biológico do Atleta (PBA) é monitorar variáveis selecionadas ('biomarcadores') ao longo do tempo que indiretamente revelam o efeito da dopagem, diferente da tradicional análise direta realizada nos controles analíticos.
2. Que Módulos Compõem O PBA?
O PBA é atualmente composto por dois módulos:
O Módulo Hematológico, lançado em dezembro de 2009, com o objetivo de identificar o aumento do transporte de oxigênio, incluindo o uso de agentes estimuladores da eritropoiese (ESAs) e qualquer forma de transfusão ou manipulação sanguínea.
O Módulo Esteroidal, introduzido em 1º de janeiro de 2014, tem como objetivo identificar esteroides androgênicos anabólicos endógenos (EAAS) quando administrados exogenamente (ou seja, não produzidos pelo corpo humano) e outros agentes anabólicos, como moduladores seletivos do receptor de androgênio (SARMS).
O Módulo Hematológico considera um painel de biomarcadores de dopagem sanguínea que são medidos na amostra de sangue de um atleta. O Módulo Esteroidal considera um painel de biomarcadores de dopagem de esteroide medido na amostra de urina de um atleta.
3. Qual é o Objetivo do PBA?
O objetivo de integrar o PBA na estrutura mais ampla de um programa antidopagem robusto é duplo:
1) Identificar e direcionar atletas para testes analíticos específicos por interpretação inteligente e oportuna dos dados do passaporte;
Para o Módulo Hematológico, inclui testes de Agentes Estimulantes de Eritropoiese (ESAs) e testes de transfusão de sangue homólogo (HBT);
Para o Módulo Esteroidal, inclui Espectrometria de Massa de Razão Isotópica (IRMS) para detectar esteroides endógenos administrados exogenamente.
2) Buscar possíveis violações às regras antidopagem (ADRVs) de acordo com o Artigo 2.2 (Uso ou tentativa de uso por um atleta de uma substância ou método proibido) do Código Mundial Antidopagem (Código).
4. O Que A Ama Está Fazendo Atualmente Para Desenvolver O PBA?
A AMA está envolvida com especialistas e partes interessadas para desenvolver ainda mais o PBA e está trabalhando em um módulo endócrino que visa detectar o abuso de fatores de crescimento, como o hormônio do crescimento. O objetivo de longo prazo do PBA é o desenvolvimento de um grande painel de biomarcadores de dopagem, aproveitando os avanços recentes em química analítica e uma melhor compreensão da biologia de sistemas por meio de campos "ômicos", como proteômica e metabolômica.
5. O PBA Substitui O Controle De Dopagem Tradicional?
Não. A luta contra a dopagem depende de várias estratégias, incluindo o teste direto de atletas, bem como as evidências coletadas no contexto de violações não analíticas das regras antidopagem. Ao combinar essas estratégias e buscar novas para enfrentar as ameaças emergentes, a luta global contra a dopagem é mais eficaz.
A abordagem típica de controle de dopagem com base na detecção de substâncias proibidas ou seus metabólitos na amostra de um atleta é uma abordagem eficaz; entretanto, tem limitações quando um atleta pode estar usando substâncias de forma intermitente e / ou em baixas doses. Além disso, novas substâncias ou modificações de substâncias proibidas (por exemplo, drogas projetadas) podem ser difíceis de detectar por meios analíticos convencionais. Nos últimos anos, os regimes de dopagem tornaram-se muito mais planejados cientificamente e tiraram proveito das deficiências dos protocolos tradicionais. O PBA complementa a abordagem de teste antidopagem tradicional para melhorar a relação custo-benefício dos programas antidopagem.
6. Existe Algum Requisito Obrigatório No PBA?
As Diretrizes PBA da AMA promovem consistência e uniformidade na aplicação, sem exigir elementos administrativos ou procedimentais específicos. Cada Organização Antidopagem permanece livre para implementar os processos recomendados sugeridos nas Diretrizes para refletir seus próprios recursos e contexto.
No entanto, uma série de protocolos obrigatórios relacionados à coleta de amostras, análise e considerações legais devem ser rigorosamente seguidos para garantir força jurídica, certeza científica e para apoiar o reconhecimento mútuo e o compartilhamento de dados entre organizações. Esses protocolos obrigatórios são fornecidos nos Apêndices das Diretrizes. Somente programas que aderem totalmente a esses protocolos e utilizam totalmente o ADAMS podem ser considerados programas PBA oficiais.
7. Todas As Organizações Antidopagem Devem Executar Ambos Os Módulos?
Não. Uma avaliação dos riscos fisiológicos do esporte e suas disciplinas deve ser realizada a fim de verificar quais módulos podem ser aplicáveis.
O Módulo Hematológico avalia as variáveis dos glóbulos vermelhos. Os glóbulos vermelhos transportam oxigênio para as células e, portanto, a manipulação do sangue é provável em esportes onde a resistência é vantajosa para os atletas (por exemplo, uso de agentes estimuladores de eritrócitos ou transfusões de sangue). No entanto, a vantagem de melhorar a capacidade de transporte de oxigênio se estende a esportes que não são tipicamente de resistência, mas, apesar disso, têm um grande componente aeróbio. Para o Módulo Hematológico, os atletas devem ser identificados pelas ONADs como fazendo parte do programa de PBA, pois há análises de sangue específicas que devem ser realizadas.
O Módulo Esteroidal refere-se a Esteroides Androgênicos Anabólicos, que podem ser particularmente utilizados por atletas em esportes que exigem força e potência. Essas substâncias também podem aumentar a produção de glóbulos vermelhos e afetar a recuperação. Portanto, eles também podem ser usados por atletas de resistência.
Todas as amostras de urina são analisadas automaticamente para o Módulo Esteroidal, “perfil de esteroide”, o que significa que qualquer atleta que tenha sido testado é essencialmente parte de um programa Passaporte. Assim que um atleta tiver mais de uma amostra de urina analisada, um perfil longitudinal de esteroides será estabelecido no ADAMS.
8. Uma ONAD Deve Ter Implementado O Módulo Hematológico Para Executar O Módulo Esteroidail?
Não. Todas as amostras de urina são analisadas para o Módulo Esteroidal, "perfil de esteroide", com resultados relatados no ADAMS pelos laboratórios credenciados pela AMA, independentemente se uma amostra de sangue foi coletada ao mesmo tempo no atleta, ou se a ONAD implementou o Módulo Hematológico.
9. E Se Um Esporte Não Exigir Resistência Ou Força? A ONAD Ainda Deve Implementar Um Módulo Do Passaporte?
O Módulo Esteroidal é aplicado automaticamente, ou seja, os testes de urina comuns fazem parte do Módulo Esteroidal, em todos os esportes. A ONAD pode decidir quais esportes terão o Módulo Hematológico, a depender da estratégia e nível de suspeição.
10. O Que É Uma Unidade De Gestão De Passaporte Biológico (UGPB), OU Athlete Passport Management Unit (APMU)?
Uma UGPB é composta por pessoas designadas pela ONAD para administrar o programa de passaporte biológico. A Unidade, idealmente, uma UGPB associada a um laboratório credenciado pela AMA, é responsável pela gestão administrativa dos Passaportes de Atletas, aconselhando a ONAD sobre testes inteligentes e direcionados, fazendo a ligação com o Painel de Especialistas, compilando e autorizando um Pacote de Documentação do PBA e relatando Resultados Adversos oriundos do Passaporte.
11. Uma ONAD Precisa Contratar Uma UGPB?
É aconselhável que as ONADs contratem uma UGPB associada a um laboratório credenciado pela AMA. A UGPB pode ou não operar os módulos hematológico e esteroidal. Se a ONAD não estiver executando o Módulo Hematológico, apenas uma UGPB esteroidal precisa ser contratado ou integrada aos processos administrativos existentes.
Se, por algum motivo, a ONAD ainda não contratou uma UGPB e um achado de passaporte atípico esteroidal for relatado com um IRMS negativo ou inconclusivo, a ONAD responsável deve buscar orientação adicional do laboratório que realizou o teste.
12. Como Uma ONAD Deve Proceder Para Selecionar Sua UGPB?
A AMA encoraja os ONADs a estabelecer um relacionamento com uma UGPB associado a um laboratório credenciado pela AMA, visto que é aqui que a experiência necessária para a interpretação dos dados é mais acessível. Algumas ONADs maiores podem ter o conhecimento científico, analítico e médico apropriados disponíveis para operar uma UGPB "internamente". É possível que algumas ONADs que não executam um programa de PBA hematológico e onde o risco de dopagem com esteroides seja muito baixo, decidam gerenciar resultados atípicos de passaporte conforme eles surjam.
» Consulte a lista de UGPB associados aos laboratórios credenciados pela AMA
13. Onde Uma ONAD Pode Encontrar A Lista De Unidades De Gestão De Passaporte Biológico Disponíveis Para Os Módulos Hemotológicos E Esteróidais?
Consulte a lista de UGPB associados aos laboratórios credenciados pela AMA.
14. Uma Organização Antidopagem Deve Ter Seu Próprio Painel De Peritos?
Não necessariamente. A AMA incentiva as ONADs a contratar a Unidade de Gerenciamento de Passaporte Biológico que já possua especialistas associados a eles; entretanto, as ONADs podem optar por manter seus próprios especialistas, se assim desejarem.