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Em webinar da Unesco, secretária nacional destaca ações inéditas da ABCD
A secretária nacional da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) participou nesta quinta-feira (27.05) de webinar promovido pela Unesco: “Farmacopeia Tradicional, valores do esporte e Covid-19: uma perspectiva regional”, com convidados de diversas nações da América Latina e do Caribe. Em sua fala, Luísa Parente destacou as mudanças que a pandemia causou no sistema antidopagem.
“Vemos que a pandemia provocou mudanças no sistema antidopagem como um todo e deverá provocar mais no sentido de acelerar inovações que estavam a caminho. Como, por exemplo, procedimentos menos invasivos de coleta de sangue e questões que tratam da farmacopeia”, disse a secretária nacional da ABCD.
Vemos que a pandemia provocou mudanças no sistema antidopagem como um todo e deverá provocar mais no sentido de acelerar inovações que estavam a caminho. Como, por exemplo, procedimentos menos invasivos de coleta de sangue e questões que tratam da farmacopeia”
Luisa Parente, secretária nacional da ABCD
Luisa enumerou as principais ações do país na área, como a instituição do Fórum Brasileiro Antidopagem, a vacinação contra Covid-19 dos atletas que vão aos Jogos de Tóquio, além de duas iniciativas inéditas. “Temos em andamento um Acordo de Cooperação Técnica com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para desenvolver um sistema digital de consulta, incluindo a farmacopeia, que fornecerá informações se determinado medicamento contém substância da Lista Proibida. Acredito que será um grande avanço para que atletas e pessoal de apoio tenham mais segurança”, apontou Luisa Parente, designada para representar a Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania no evento.
Outra novidade é uma pesquisa que a ABCD irá desenvolver sobre os valores do esporte, tendo como público-alvo atletas e profissionais técnicos olímpicos e paralímpicos, além de esportistas que já sofreram sanções por violarem regras antidopagem. “Estamos animados com esse projeto, porque será inédito no Brasil e representará um grande diagnóstico do cenário atual das nossas ações educacionais. A pesquisa pode apontar as implicações do uso da farmacopeia tradicional por parte de atletas de elite. Certamente, teremos informações adicionais para aplicar e aperfeiçoar a política antidopagem”. Por fim, a secretária nacional da ABCD convidou todos a participarem do 3º Seminário Brasileiro Antidopagem, que será virtual entre 23 e 25 de junho.
Outra representante brasileira no webinar foi a ex-nadadora Flávia Delaroli, medalhista pan-americana, nutricionista e que hoje integra a Comissão Nacional dos Atletas (CNA). “Como ex-atleta olímpica (Atenas 2004 e Pequim 2008) e, agora, como nutricionista que trabalha com atletas, sinto que mesmo que a gente tenha novos desafios, alguns deles são os mesmos. Isso porque usar qualquer substância é sempre uma preocupação. Aqui no Brasil, a gente tenta manter o que a gente sabe para evitar erros, mas com a Covid-19 os desafios foram maiores, porque misturou medo e ansiedade com todo o resto e abriu espaço para erros acontecerem”.
Ela destacou que os desportistas são seletivos e criteriosos nas informações que recebem, mas que as constantes mudanças tornam difícil eles se manterem seguros. “Os atletas colocam muito esforço mental no que fazem e são seletivos com as informações que recebem. As constantes mudanças de informação torna mais difícil instigá-los a procurar essa informação para estarem cientes, porque tudo muda rápido. Tínhamos um fluxo que passava por profissionais antes de chegar aos atletas, agora eles se sentem mais responsáveis por seus atos”, disse Flávia Delaroli.
Webinar
Na abertura do evento, o presidente do bureau da 7ª Conferência das Partes (COP7) da Convenção Internacional contra a Dopagem no Esporte, Marcos Díaz, a presidente do Comitê de Aprovação do Fundo para a Eliminação da Dopagem no Esporte, Reema Alhosani, e a subdiretora geral de Ciências Sociais e Humanas da Unesco, Gabriela Ramos, destacaram a importância da série de debates virtuais promovidos pelo organismo internacional.
Eles lembraram que a iniciativa se insere no marco da aplicação da Convenção Internacional contra a Dopagem no Esporte, que está em constante adaptação e evolução para lidar com novos desafios, como o impacto da farmacopeia tradicional no esporte. Em especial na América Latina e no Caribe, onde há uma biodiversidade que permite o uso medicinal de diversas espécies vegetais com propriedades curativas, ressaltando a necessidade de proteção do patrimônio cultural imaterial e o respeito aos direitos dos indígenas.
Neste sentido, a ministra dos Esportes da Costa Rica, Karla Aleman, disse que os esportistas estão acostumados a consumir plantas e ervas no lugar de medicamentos modernos, por receio de terem resultados adversos. A farmacêutica Elmonda Chase, representante de Barbados, relatou que a pandemia do novo coronavírus intensificou a busca pela medicina tradicional para se encontrar um remédio contra a Covid-19. Nessa busca, muitos atletas podem acabar usando substâncias proibidas, o que reforça a necessidade das ações educativas, pois a regras da Agência Mundial Antidopagem (AMA-WADA) não foram flexibilizadas em função da pandemia.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania