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Jogo Limpo
3º Seminário Brasileiro Antidopagem tem dia dedicado aos atletas e pessoal de apoio
O 3º Seminário Brasileiro Antidopagem teve um dia dedicado aos temas que impactam diretamente os atletas e pessoal de apoio deles. Nesta quinta-feira (24.06), os palestrantes abordaram assuntos como o novo Código Mundial Antidopagem, o passaporte biológico, a suplementação alimentar e a Autorização de Uso Terapêutico. Na abertura do evento, a secretária nacional da ABCD destacou a importância de a comunidade esportiva estar bem informada para a defesa eficaz do Jogo Limpo.
“É necessário que a informação seja disseminada e a cultura do Jogo Limpo seja cada vez mais fortalecida e consolidada. Somente com ações educacionais e eventos como o nosso seminário conseguiremos isso”, afirmou Luisa Parente.
Para que essa informação seja mais acessível a todos, a ABCD formulou um Guia para os Atletas com os principais aspectos do novo Código Mundial Antidopagem voltado a esse público. A coordenadora-geral Científica da ABCD, Adriana Taboza, explicou em detalhes os itens do documento e reforçou a relevância das ações educativas para o combate à dopagem no esporte.
“Quando a gente traz um documento com questões peculiares, mostramos que a antidopagem não se restringe à coleta de amostras. A política antidopagem é muito maior que isso. Há um escopo técnico, científico e multidisciplinar, cuja maior função é proteger o esporte limpo. E o seminário é fundamental para que a gente faça valer o princípio da educação neste sentido”, apontou Adriana Taboza.
Vida de atleta
Em busca de melhores índices e performances, técnicas, métodos e produtos são disponibilizados no mercado para atrair os atletas. No entanto, há riscos no consumo deles, principalmente quando se trata de suplementos manipulados. O endocrinologista Ricardo Oliveira mostrou diversos exemplos de desportistas que tiveram resultado analítico adverso sem saber que estavam ingerindo substâncias proibidas.
“Existe um entusiasmo grande no uso de suplementos pelo mundo. É um mercado que gira em torno de 11,6 bilhões de dólares, com projeção de chegar a 24,4 bilhões em 2025. Há um marketing envolvido nisso, sendo que alguns suplementos não têm nem comprovação científica de eficácia”, alertou Oliveira.
Os suplementos podem melhorar a força, o fluxo sanguíneo, a capacidade cardiorrespiratória, a potência muscular, o foco e atenção, dentre outros benefícios. O problema é quando há contaminação cruzada na manipulação desses produtos. “Quando for inevitável a suplementação, ela deve ser feita adquirindo um produto em loja física, com boa reputação e que ofereça nota fiscal com lote do fabricante. Todos os produtos comprados devem pertencer a um mesmo lote e o atleta deve guardar a nota e um dos frascos, fechado e lacrado em local seguro. Na eventualidade de um resultado analítico adverso, ele vai avisar à comissão antidopagem e mostrar o material guardado. O objetivo é proteger o atleta”, recomendou.
E quando o atleta necessita fazer um tratamento clínico com substâncias proibidas? Um instrumento à disposição é a Autorização de Uso Terapêutico (AUT) que permite que tais substâncias sejam usadas. O Dr. José Kawazoe, presidente da Comissão de Autorização de Uso Terapêutico (CAUT), detalhou os procedimentos para solicitação do instrumento e quando ele deve ser solicitado. “A Lista de Substâncias Proibidas é atualizada anualmente e é composta por 11 grupos de substâncias, sendo que muitas são utilizadas em tratamentos clínicos. A razão de ser da AUT é que, se sou médico e preciso prescrever um medicamento com substância da Lista Proibida, tenho um padrão para receitar o tratamento”.
A AUT é uma prerrogativa para os atletas se manterem no Jogo Limpo, mas para quem busca facilidades através da dopagem, as tecnologias estão cada vez mais eficientes na detecção de uso de substâncias e métodos proibidos. Um exemplo é o passaporte biológico, que monitora os padrões hematológicos e de esteroides dos desportistas ao longo do tempo.
“O passaporte biológico vem para monitorar o perfil total do atleta. A ideia é fazer um filme do ponto de vista hematológico, esteroidal e, em breve, endócrino. A ideia é verificar alterações que possam indicar o uso de substância proibida. São diversas análises para entender como é o individuo. Temos variações que se encontram dentro de uma normalidade, mas a gente não está lidando com exceções que mostrariam doenças, são variações sutis com alterações ao longo do tempo”, explicou a professora Luciana Corrêa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Ela destacou ainda que o passaporte biológico não detecta uma substância, mas mudanças nos marcadores do perfil biológico da pessoa. “Se sai da normalidade dele, a gente consegue indicar para a Autoridade de Controle de Dopagem a suspeita e a Autoridade define a melhor estratégia de testagem e coleta de amostras”, completou Luciana Corrêa, que também atua no Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD).
Por fim, a membro da Comissão Nacional de Atletas (CNA), Simone Camargo, que participou de três edições dos Jogos Paralímpicos, uma no atletismo e duas no goalball, além de ter vencido dois Jogos Parapanamericanos, descreveu os direitos e deveres dos desportistas e a importância de se garantir a igualdade de competição. “Quando respeitamos os programas antidopagem, estamos respeitando a saúde, ética, honestidade, educação, que são valores do ser humano e da prática esportiva”.
O 3º Seminário Brasileiro Antidopagem será encerrado nesta sexta-feira (25.06), com o tema “Comunicação Antidopagem Assertiva e Responsável”. A programação tem como público-alvo profissionais da imprensa, gestores, comissão técnica, pessoal de apoio e comunidade esportiva em geral. As palestras serão ministradas pelo procurador geral da JAD, Caio Medauar, e pelo jornalista Luiz Felipe Prota. Um painel técnico com convidados do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo (IBDD), da JAD e com o jornalista Erich Beting será realizado ao final do seminário.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania