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Webinário promove intercâmbio de projetos sobre produção e conservação da semente de algodão
O Projeto +Algodão realizou, em 17 de maio, o webinário “Mais Algodão, Mais Sementes: Instância Técnica +Algodão – África – FAO” voltado para pesquisadoras e pesquisadores, extensionistas, equipes técnicas e representantes governamentais. Na ocasião, foram promovidos intercâmbios entre iniciativas e ações desenvolvidas para a replicação, validação e certificação de sementes de algodão, bem como trabalhos de melhoramento de germoplasma na América Latina e na África.
O projeto +Algodão é uma iniciativa de cooperação Sul-Sul implementada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e por sete países parceiros, (Argentina, Bolívia, Colõmbia, Equador, Haiti, Paraguai, Peru), no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO.
A iniciativa, iniciada em 2012, tem promovido o uso de máquinas e tecnologias digitais adaptadas à agricultura familiar, ao intercâmbio de materiais para a produção de algodão e ao compartilhamento de boas práticas em diversas áreas relativas à cadeia produtiva do algodão. As conquistas obtidas nos projetos-país já permitiram negociações destinadas a uma segunda fase de ações.
A oficial de agricultura do Escritório Regional da FAO, Ana Posas Guevara, ressaltou a importância de utilizar sementes de qualidade. Guevara felicitou o trabalho do projeto +Algodão: “juntos conseguiram contribuir para a construção de caminhos que garantam a sustentabilidade e a competitividade da produção de algodão nos países parceiros” , disse.
Banco de sementes e germoplasma
Nelci Peres Caixeta, Coordenador-Geral de Cooperação Técnica Sul-Sul da Agência Brasileira de Cooperação com a África, Ásia, Oceania e Oriente Médio, apresentou o trabalho da Agência com vistas ao melhoramento genético sustentável do algodão africano, que inclui o intercâmbio de materiais genéticos entre países da região. Segundo Caixeta, por meio dessa iniciativa de cooperação na África, já foi possível obter 40 variedades de algodão identificadas pelos 17 países africanos que integram o projeto.
De Moçambique, Alexandre Pelembe, Coordenador Técnico do Projeto Cotton Shire-Zambeze, fruto da cooperação brasileira, apresentou a experiência relativa à produção e à multiplicação de sementes. Dentre as atividades realizadas, importa ressaltar a capacitação e a produção de sementes básicas e certificadas, por meio da implantação de Unidades de Demonstração Tecnológica (UTD). “Por meio do projeto, conseguimos cultivar seis ciclos de plantações de algodão, totalizando 200 toneladas de algodão em rama que, ao ser beneficiado, gerou 100 toneladas de sementes certificadas, distribuídas aos agricultores” , sublinhou.
Representando a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o pesquisador em melhoramento de algodão Francisco Farias falou sobre o programa de sementes da Embrapa Algodão, que busca aprimorar as características agronômicas, a resistência às principais doenças, a adaptabilidade e a estabilidade da produção, assim como a qualidade da fibra. Farias citou o banco de germoplasma da instituição, que conta com mais de seis mil acessos, o que permite gerar “pré-melhoramentos” e fazer a seleção de variedades para o cerrado e o semiárido brasileiro. “As cultivares de algodão convencional da Embrapa estão disponíveis para fins de intercâmbio, de modo a aumentar a variabilidade” , disse Farias.
Já o chefe de transferência de tecnologia da Embrapa Algodão, Daniel da Silva Ferreira, apresentou os desafios e as oportunidades da criação de um banco regional de germoplasma. O objetivo do banco é garantir a manutenção da diversidade de variedades por meio do enriquecimento, caracterização, multiplicação, conservação, documentação e divulgação de informações sobre acessos mantidos em bancos de germoplasma. “Num contexto de grandes transformações na próxima década, como as alterações climáticas, a redução da área dedicada à agricultura, a maior procura de produtos agrícolas e a necessidade de desenvolvimento sustentável, é impossível ultrapassar todos esses desafios da agricultura sem variabilidade genética e bancos de germoplasma” , disse Silva.