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Webinário “Juntos Somos Mais Algodão” celebra Dia Mundial do Algodão
Adaptação e resiliência. Essas palavras têm sido pronunciadas com freqüência em eventos que passaram a realizar-se virtualmente no contexto da Covid-19. Têm sido, igualmente, qualidades essenciais para quem produz o algodão, uma das fibras cultivadas mais antigas e que gera renda e qualidade de vida para milhões de agricultores.
As experiências de países da África e da América Latina sobre o tema foram compartilhadas durante o webinar “ Juntos Somos Mais Algodão ”, que ocorreu no dia 7 de outubro, para celebrar o Dia Mundial do Algodão. O evento foi uma oportunidade para mostrar, por meio das várias iniciativas de cooperação em curso no Paraguai, Peru e Moçambique, a importância do algodão como um recurso estratégico para os produtores da agricultura familiar na América Latina e na África.
Os participantes lembraram que a capacidade de adaptação não é novidade para quem faz do algodão seu modo de vida e sua fonte de renda. Foi o caso da Primeira-Dama paraguaia, Silvana Abdo, que destacou a mudança pela qual o projeto “ Cimentando Sonhos ”, executado com artesãs bordadeiras do país, precisou passar para atender às necessidades do atual cenário de pandemia.
“ As artesãs precisaram deixar momentaneamente a criação e produção de bordados para vestidos de noiva para produzir produtos adequados ao momento . Com base em um plano de ação de emergência, para dar continuidade às atividades do projeto, as artesãs começaram a confeccionar máscaras laváveis e kits com máscaras que possuem aplicação dos tradicionais bordados. A adaptação teve como objetivo principal mitigar os efeitos da pandemia na economia local. O resultado foi a produção de 34 mil máscaras e mil kits anti-COVID para doação à população paraguaia ”.
Outro ponto de destaque foi a participação da Ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social do Paraguai, Carla Bacigalupo, que mencionou a importância e o compromisso do Governo paraguaio na promoção do trabalho decente na cadeia algodoeira.
De acordo com a Ministra, o projeto de cooperação “ Algodão com Trabalho Decente ” conecta iniciativas de países que buscam o intercâmbio de boas práticas, às quais o Paraguai vem empenhando grande esforço, com o compromisso em mitigar os efeitos da pandemia do novo coronavírus. “ Procuramos, por meio deste projeto, contribuir para o fortalecimento do trabalho decente e sem trabalho infantil ou forçado, promovendo emprego de qualidade principalmente para mulheres e jovens em toda a cadeia do algodão e, assim, posicionando-o como um exemplo a seguir e replicar ”, afirmou a ministra.
O Representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, fez um balanço dos principais resultados alcançados pelo projeto +Algodão, em execução em 7 países da América Latina. Destacou a instalação de 128 parcelas demonstrativas e a capacitação de mais de 2.400 técnicos e profissionais e cerca de 10.000 agricultores familiares. Segundo Zavala, o projeto está contribuindo para a retomada do algodão na região. “ Façamos o possível para que a fibra signifique mais do que vestuário, que o algodão signifique para as famílias uma vida digna, emprego, sustentabilidade, identidade e bem-estar ”
Cooperação
O Diretor Executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Márcio Portocarrero, falou sobre a retomada da produção do algodão no Brasil e nos países africanos e sul-americanos, por meio do esforço dos órgãos e organismos presentes no webinário. Segundo ele, o que está possibilitando essa retomada é a valorização do conceito de cooperação. “ Cooperação é o que acredito ser a palavra-chave da atualidade. Não a competição, mas a cooperação, que é algo que se aprende ”.
O diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Embaixador Ruy Pereira, enfatizou que as experiências e iniciativas trocadas por meio dos projetos de cooperação internacional têm contribuído para identificar problemas e para construir soluções inovadoras comuns entre o Brasil e os países cotonicultores da América Latina e da África. “ Estamos e continuaremos alinhados com os objetivos propostos pela Organização Mundial do Comércio para a comemoração deste dia ”, destacou.“ Por meio do amplo conjunto de projetos que estruturam o programa de cooperação técnica brasileiro para o fortalecimento da cotonicultura em países em desenvolvimento, alcançamos resultados de grande importância para o setor, dando mais visibilidade internacional ao algodão, cuja produção se encontrava adormecida em alguns países", afirmou o diretor da ABC.
A Diretora-Geral do Instituto Moçambicano do Algodão e Oleaginosas (IAOM), Yolanda Gonçalves, salientou que o algodão é uma cultura estratégica para o país. Segundo Yolanda, o projeto de cooperação Shire-Zambeze, desenvolvido em parceria com a ABC, é um grande aliado para a retomada da produção algodoeira em Moçambique. Nas suas palavras, “ O projeto trouxe capacitação, o que sempre foi um grande desafio para nós. Entendemos que sem conhecimento, sem capacidade técnica, nós não poderemos desenvolver nosso setor. Com o projeto, também verificamos que a pesquisa por uma semente de qualidade é o que vai nos permitir melhorar a produção e a produtividade", disse a diretora-geral do IAOM.
Juntos Somos Mais Algodão
O Webinar “Juntos Somos Mais Algodão” foi promovido conjuntamente pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), no âmbito dos projetos Shire-Zambeze, em execução em Moçambique e Malawi; +Algodão, em execução em 7 países da América Latina (Argentina, Colômbia, Bolívia. Equador, Haiti, Paraguai e Peru); e o projeto Algodão com Trabalho Decente, executado no Paraguai, Peru, Mali e Moçambique.
Autor: Cláudia Caçador