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Visitantes africanos conhecem fazenda de algodão em Minas Gerais
Uma viagem de 170 km, a partir de Uberlândia, Minas Gerais, levou a delegação africana, que está no Brasil para a reunião do Comitê Gestor do "Projeto Regional de Fortalecimento do Setor Algodoeiro na Bacia do Lago Victoria" , ou “Cotton Victoria”, para uma fazenda na região de Santana de Matos, próximo a Patos de Minas.
Além dos visitantes estrangeiros, o ônibus seguiu com os especialistas da Universidade Federal de Lavras (UFLA) , parceira no projeto, e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE) , responsável por coordenar a iniciativa.
A fazenda visitada é associada da Associação Mineira de Produtores de Algodão (AMIPA) . No local são realizadas pesquisas importantes que depois podem ser aplicadas no setor. Anualmente são testadas de 15 a 25 variedades diferentes de sementes de algodão e o plantio em áreas comerciais depende do resultado alcançado nas áreas de pesquisa da AMIPA. Das 19 variedades cultivadas, oito nunca foram plantadas comercialmente.
O grupo visitou uma área de 20 hectares onde puderam conhecer as 19 variedades de algodão estudadas.
Variedades
O engenheiro agrônomo da AMIPA, José Luzimar Eugênio, foi quem acompanhou os visitantes. Apresentando dados das diferentes tecnologias usadas, e seus respectivos efeitos nas características das plantas como engalhamento e tamanho da raiz, o especialista fez demonstração das características de variedades de plantas. Luzimar deu exemplos de variedades com desenvolvimento mais tardio, em comparação às com desenvolvimento mais precoce, e suas respectivas vantagens e desvantagens, tanto no processo da produção como nos custos envolvidos.
Segundo o agrônomo da AMIPA, a semente é responsável por 15% do total do custo da produção do algodão. “A pesquisa busca melhorar a produtividade da produção usando a menor quantidade de sementes” , afirmou. “Algumas variedades se adaptam melhor a menores quantidades de sementes por hectare” , apontou. Luzimar disse que são usadas, ali, cerca de 70 a 80 mil sementes por hectare, mas o comum, na grande parte das propriedades, é o uso de 90 a 100 mil sementes/ha.
Um dos representantes do Quênia comentou que “essa experiência representará para os três países um benchmark, uma plataforma daquilo que queremos atingir no futuro” .
Controle Biológico
O espaçamento das plantas também foi um dos assuntos mais tratados durante a visita e objeto de muitas perguntas por parte dos presentes. Segundo o especialista, quanto mais densas, mais propensas as plantações ficam às doenças, uma das preocupações permanentes do setor.
A visita à biofábrica da AMIPA, no dia anterior, antecipou a visita ao campo onde o controle biológico já é feito. Um drone equipado com um dispersor, que funciona como uma “mini betoneira”, foi desenvolvido pela AMIPA para dar mais eficiência ao processo de dispersão dos agentes biológicos. Esse drone pulveriza 300 hectares por dia.
Segundo Talita Horrane, assistente de campo da AMIPA, o equipamento é responsável por liberar os ovos dos tricogramas na plantação a uma altura de 20 metros. A área a ser atingida é mapeada e inserida no plano de voo do drone . “O equipamento libera 2.3 gramas de ovos por hectare, o que resulta em 110 mil vespas de tricograma”.
Para Alex Mungai, da Autoridade de Agricultura e Alimentação do Quênia, o que o grupo testemunhou durante as visitas reflete o trabalho que é feito no setor algodoeiro no Brasil há anos, especialmente no que diz respeito à pesquisa. “Nós precisamos trabalhar muito na pesquisa, para chegar aonde o Brasil chegou” , concluiu.
A visita integra a agenda do comitê gestor do “Cotton Victoria” , que já se encontra pela quarta vez desde o início do projeto.
Autor: Claudia Caçador