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VII Conferência Regional sobre Cooperação Trilateral com a América Latina e o Caribe 2024 envia resultados para G20
“Uma das principais realizações da conferência foi criar o engajamento e uma clara mensagem que foi levada pelo Brasil à reunião do Grupo de Trabalho de Desenvolvimento do G20, também realizada em Salvador, em maio, para apresentar aos países membros os resultados e as conclusões da conferência”. O Coordenador-Geral de Cooperação e Parcerias com Países Desenvolvidos, da ABC, senhor Wófsi Yuri de Souza, lembrou a importância atribuída pelo governo do Brasil, que preside o grupo das principais economias do mundo, à cooperação em sua modalidade trilateral, apresentada como prioridade, pela primeira vez, no G20.
O coordenador da ABC ressaltou a importância do trabalho conjunto dos governos do Brasil e da Alemanha. “Essa conferência é resultado de uma parceria de longa data entre a cooperação alemã, o BMZ, juntamente com a agência alemã de cooperação Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, responsável pelo Fundo Regional de Cooperação Trilateral com sócios de América Latina e Caribe. Essa modalidade de cooperação representa atuação muito importante em diferentes áreas e complementa a cooperação sul-sul realizada pelo Brasil.”
Christof Kersting, diretor do Fundo Regional de Cooperação Trilateral, implementado pela GIZ em nome da BMZ, reiterou que “a preparação muito boa e intensa entre Brasil e Alemanha nos permitiu ouvir vozes, experiências e desafios importantes de projetos de cooperação trilateral e direcionar a presença ativa e a participação da comunidade acadêmica, da sociedade civil e organizações internacionais presentes, como FIDA, UNOSSC e OIT. Ambas as perspectivas são fundamentais para compreender o valor e a contribuição da cooperação trilateral.”
A conferência reuniu presencialmente cerca de 100 pessoas e outra centena de participantes em modo virtual. O encontro representou oportunidade para representantes de governos, agências de cooperação, organismos internacionais e regionais, bem como instituições relevantes da academia, sociedade civil e setor privado da região, discutirem sobre a promoção de parcerias efetivas, além de intercambiar experiências e estratégias de trabalho conjunto. A edição de 2024 contou, igualmente, com a ampliação da participação de países de outros continentes como África, Ásia e Europa.
Temas
O tema de 2024, “Superando obstáculos, construindo pontes”, constituiu ponto central das discussões realizadas nos painéis e workshops durante toda a conferência.
Seis workshops reuniram especialistas de diversos subtemas como o fortalecimento da igualdade de gênero, estratégias para cooperação inter-regional sustentável e o fortalecimento de parcerias multissetoriais.
Confiança e avanço
O Embaixador Ruy Pereira, diretor da ABC, participou do último dia da conferência e do fechamento do evento. O diplomata lembrou as consultas políticas de alto nível realizadas em dezembro último, em Berlim, quando Brasil e Alemanha assinaram a Declaração Brasil–Alemanha sobre a Parceria para o Desenvolvimento Global. “Essa declaração é o alcance da relação extraordinária que temos com o governo alemão, especialmente em cooperação, e é uma relação sem precedentes, uma vez que não temos com nenhum outro país desenvolvido”, disse. “O apoio alemão foi vetor essencial para a realização e para o sucesso desta conferência”, completou.Moira Feil, do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), ressaltou ter ficado impressionada com o avanço das iniciativas e ações em cooperação trilateral na região da América Latina e do Caribe. “Acredito que será de grande benefício compartilhar essa experiência da região com o mundo”. Feil disse ainda que incluir atores locais é essencial para o sucesso da cooperação trilateral, que permite o compartilhamento de experiências e conhecimentos, fatores de aceleração do desenvolvimento. “O elemento da confiança mútua confere algo especial à cooperação trilateral”.
Com base na diversidade de perspectivas de diferentes países e nos numerosos exemplos de projetos de cooperação trilateral tratados no decorrer da conferência regional, as principais mensagens do encontro foram:
• No atual contexto global, é crucial colmatar a lacuna de financiamento e promover a sustentabilidade dos projetos de desenvolvimento durante momentos de crise. Os mecanismos de cooperação trilateral, tais como fundos existentes que apoiam parcerias trilaterais, institucionalizam o instrumento como complementar ao financiamento tradicional para o desenvolvimento.
• Por meio da cooperação trilateral, os países podem aproveitar vantagens comparativas, partilhando conhecimentos, recursos, responsabilidades e experiências com vistas a acelerar o desenvolvimento equitativo e inclusivo. Investir em capacidades técnicas, especialização, transferência e adaptação tecnológicas são fundamentais para responder a um processo dinâmico de promoção das mulheres em espaços de trabalho qualificados em países em desenvolvimento.
• A cooperação trilateral provou constituir modalidade capaz de trabalhar e organizar processos de forma holística, mostrando como a transição justa e a inclusão devem funcionar juntas.
• A cooperação trilateral promove a aprendizagem mútua e a partilha de conhecimentos locais. Os participantes concordaram que não há resultados a longo prazo sem envolvimento em nível local. Toda a cooperação trilateral é liderada localmente. Pela sua natureza, a modalidade contribui para mudança de narrativa, no sentido de relações horizontais, nas quais todos os países têm algo a partilhar e a aprender.
• O nível de aprendizagem nessa modalidade tem sido crescente. A cooperação trilateral amadureceu, especialmente na América Latina e no Caribe (ALC). A convergência de diferentes intervenientes e a compreensão das oportunidades de cooperação trilateral são importantes fatores de sucesso.
• Sendo uma região com experiências reconhecidas e avaliadas de cooperação trilateral, a ALC tem interesse e capacidade para impulsionar a cooperação trilateral por meio do G20 e de todos os países convidados.
• A oportunidade de alavancar parcerias é clara e o G20 proporciona espaço privilegiado para promover diálogos concretos entre várias iniciativas e apelos globais à ação, a fim de acelerar a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.