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Tecnologias e boas práticas na gestão da água são chave para os sistemas de produção em territórios que convivem com a seca
"Aprendi muito estes dias e levo comigo uma outra perspectiva da vida e do uso da água" , disse Guillermo Ramon Cerritos, representante do Ministério da Agricultura e Pecuária de Honduras, participante da missão de troca de experiências entre países do Corredor Seco Centro-americano e o Brasil para o tema de uso da água e de convivência com a seca no nordeste brasileiro.
A missão foi uma atividade promovida pelo projeto regional América Latina e Caribe Sem Fome 2025, que integra o Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
Representantes de Honduras, El Salvador e Guatemala estiveram, de 19 a 26 de novembro, em Petrolina, no estado de Pernambuco onde trocaram conhecimentos e boas práticas para o uso e reuso de água, especialmente para a agricultura, na região semiárida considerada a mais seca do país.
O grupo esteve presente na feira Semiárido Show, onde foram apresentadas diversas tecnologias e equipamentos para irrigação e gestão de recursos hídricos e de convivência em condições de escassez de água. As delegações também participaram de um minicurso biossalina, em que se destacou a importância da água e sua crescente demanda, necessária para a produção de mais alimentos, principalmente devido o aumento da população mundial.
Troca de experiências
Durante as visitas ao escritório local da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa - Semiárido), os representantes dos países participaram de palestras sobre inovações para a conservação e uso de recursos naturais no semiárido (estratégias de captação, armazenamento e uso da água) como: captação de água e cisterna rural.
O minicurso "sisteminha" da Embrapa reuniu teoria e prática, no qual os participantes puderam observar em campo o funcionamento de um sistema integrado de produção com piscicultura, criação de aves e cabras e diversas culturas, como as frutas típicas da região (umbu, manga), bem como as boas práticas de associativismo na agricultura familiar. Para o chefe da Embrapa Semiárido, Pedro Gama, foi muito gratificante receber as delegações do Corredor Seco e compartilhar as várias experiências de convivência com o semiárido: “temos uma expectativa positiva que não termina com esta visita. Que este intercambio de conhecimentos possa ser multiplicado em ações” , afirmou.
Ely Aníbal Lopez, gerente da Mancomunidade do Centro da Paz (Mamcepaz) de Honduras, também avaliou como produtiva a visita ao Brasil: “estou encantado com a sisteminha da Embrapa, porque estamos neste momento (em Honduras) promovendo em campo o tema da inclusão produtiva, focando nas famílias vulneráveis que precisamos inserir para que, através desses pequenos sistemas simples, possam ser geradas condições para alimentar suas famílias, mediante o início da comercialização de produtos no mercado local ” , afirmou o gerente da Mamcepaz, que representa oito municípios do seu país. Segundo Ely Lopez, no Brasil, foi possível ver como populações em condições adversas sobrevivem no seca. "Vamos tentar implementar um dos sistemas que vimos aqui" , afirmou ele.
O tema da comercialização também chamou a atenção de Luisa Linares Castañeda, representante do Ministério da Agricultura e Pecuária da Guatemala, que destacou esta questão como um dos pontos interessantes da missão a Petrolina: “o trabalho de comercialização é muito relevante para a conservação dos recursos hídricos ".
Na comunidade de agricultores familiares de Cachoeirinha foram apresentadas as tecnologias de coleta de águas residuais, captação de águas pluviais, implantação de barragens comunitárias, hortas e criação de cabras para produção de carne e leite para comercialização local. “Temos água, mas não fazemos um bom uso. Aqui vimos como é feita a gestão da água” , disse Victor Eli Zelaya, representante do Centro Nacional de Tecnologia Agrícola (CENTA) de El Salvador.
A missão dos países do Corredor Seco Centro-americano também visitou o centro de treinamento do Instituto Regional de Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA) , onde o grupo conheceu as atividades da organização na convivência com o semiárido, que se baseia em três eixos: clima e água; produção; e educação e comunicação.
Além dos países do Corredor Seco Centro-Americano, a missão foi composta por representantes do Escritório no Brasil da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO-Brasil), da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), da Embrapa Semiárido e do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
Fonte: Com informações e foto: FAO