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Suriname se inspira em modelo brasileiro de alimentação escolar
No âmbito da visita ao Brasil do presidente do Suriname, Desiré Delano Bouterse, realizada nesta quarta-feira (2), a primeira-dama do país, Ingrid Bouterse-Waldring, visitou o Jardim de Infância da quadra 404 Norte, em Brasília, para conhecer, in loco, como funciona o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) . O programa é reconhecido, mundialmente, como um modelo abrangente e exitoso de alimentação escolar e educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação pública brasileira, e vem sido desenvolvido e implementado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) desde a década de 1950.
Na ocasião, a primeira-dama surinamesa pode visualizar os diferentes ambientes e instrumentos utilizados pela escola para garantir o êxito do programa de alimentação escolar, como as instalações da cozinha, a horta escolar e o sistema de reutilização da água dos lavatórios para a rega da horta, assim como acompanhar o momento em que as crianças estavam recebendo a sua merenda do dia, composta de alimentos frescos e saudáveis, alguns deles produzidos na própria escola.
O Jardim de Infância da 404 Norte é referência na educação infantil e em ações de sustentabilidade que envolvem todos que frequentam a escola, incluindo as crianças e seus familiares, e atende atualmente cerca de 170 crianças, entre 4 e 5 anos. A rotina dos alunos inclui cultivo de horta, reúso de água e produção de adubo, além de ações práticas que fazem parte dos componentes do programa nacional de alimentação escolar.
Ingrid Bouterse-Waldring tem acompanhado, de forma próxima, a elaboração de uma iniciativa de cooperação brasileira, que promoverá apoio ao Suriname no desenvolvimento de um Programa de Alimentação Escolar no país. Adaptado à realidade local, o projeto envolverá três Ministérios surinameses (Educação, Saúde e Agricultura) e desenvolverá ações piloto em quatro escolas do Distrito de Wanica. Do lado brasileiro, a iniciativa será coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE) e contará com o apoio técnico do FNDE.
"Acompanharei diretamente este projeto, por meio do meu gabinete. Estamos muito contentes com esta parceria. O Suriname ainda não possui uma política pública nacional de alimentação escolar. Mas a população do Suriname quer políticas nesta área. Estamos nos inspirando no modelo brasileiro e visitar esta escola me trouxe várias ideias. Por exemplo, precisaremos construir cozinhas nas nossas escolas, pois não temos. Aqui pudemos ver também a importância da preparação do cardápio semanal das merendas escolares, por uma nutricionista, para garantir a variedade e combinação correta dos alimentos. Desta forma, as crianças aprendem, desde pequenas, a se alimentar corretamente. Isto será ótimo para o futuro do nosso país" , ressaltou a primeira-dama do Suriname.
Maria Augusta Ferraz, Coordenadora-Geral de Cooperação Técnica com América Latina, Caribe e Europa Oriental da ABC - responsável pela coordenação técnica e implementação do projeto – ressaltou quão oportuna se mostra a visita da primeira-dama à escola, para referenciar a relevância do projeto para o Suriname. Ferraz acrescentou que o início do projeto está próximo e que "iremos ao Suriname em poucas semanas para complementar as ações de preparação para implementação do projeto. Queremos executá-lo o mais rápido possível" , concluiu.
A vice-diretora do Jardim de Infância, Sra. Renata Pena, explicou que a instituição conta com apoio bastante próximo dos pais das crianças, que se envolvem na execução de eventuais obras que a escola precise realizar, além de fazerem doações, como a caixa d´água que atualmente abastece as instalações do edifício. "Na próxima fase de melhorias da escola, queremos criar um sistema de reutilização da água da chuva. Não desperdiçar água, este é o nosso principal objetivo" , afirmou.
A partir de demanda de cooperação do Suriname neste tema, foi elaborado o documento de projeto durante a "II Reunião do Grupo de Trabalho sobre Cooperação Técnica Brasil-Suriname", que teve lugar entre 16 e 20 de abril em Paramaribo, capital do país. Na ocasião, representantes da ABC, do FNDE e do Ministério da Educação, Ciência e Cultura do Suriname puderam acordar todas as etapas de implementação da iniciativa. Atualmente, o projeto se encontra em processo de assinatura, e tão logo se conclua essa fase, terá início sua implementação.
Ainda no contexto da visita presidencial, foram firmados quatro Ajustes Complementares ao Acordo Básico de Cooperação Técnica e Científica Brasil-Suriname , com vistas à implementação dos projetos de cooperação técnica bilateral. Além do referido projeto na área de educação "Programa de Alimentação Escolar em Koewarasan, Distrito de Wanica", serão realizadas três outras iniciativas na área de agricultura, "Consolidação e Ampliação da Capacidade de Zoneamento Agroecológico e da Educação Ambiental do Suriname", "Evoluindo da Agricultura Itinerante para Sistemas Agroflorestais no Suriname: Segurança Alimentar por meio da Agricultura Sustentável" e "Introdução do Cultivo Sustentável do Açaí no Interior do Suriname", elaboradas por ocasião da mesma reunião bilateral em abril.
Com isso, atualmente o Brasil desenvolve nove iniciativas de cooperação técnica bilateral com o Suriname, com destaque para os êxitos alcançados em dois deles, os quais permitiram realizar o zoneamento agroecológico da região norte, a mais populosa e economicamente desenvolvida, e o mapeamento geológico da fronteira com o Brasil, além dos benefícios decorrentes das iniciativas correntes de combate ao HIV/AIDS e de erradicação da malária.
Com a assinatura dos quatro novos projetos, o programa bilateral passa a contar com um total de treze projetos, sendo o maior programa de cooperação técnica prestada pelo Brasil a um país das Américas, Caribe ou Leste da Europa. Há ainda três iniciativas na cooperação trilateral com organismos internacionais e duas iniciativas com países desenvolvidos, em favor do Suriname.
Autor: Janaina Plessmann