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Soluções digitais são compartilhadas entre especialistas e parceiros em cooperação sul-sul trilateral
Acesso amplo, baixo custo e simples utilização. Para o diretor da Agência Brasileira de Cooperação , embaixador Ruy Pereira, essas devem ser as características principais das ferramentas digitais a serem utilizadas no âmbito da cooperação sul-sul trilateral, especialmente no contexto da pandemia.
“ As ferramentas digitais são importantíssimas para o desenvolvimento econômico e social, e devem ser soluções, necessariamente, de acesso amplo, de custo barato e de utilização simples de maneira a viabilizar sua incorporação ao cotidiano de dezenas de milhões de pessoas que, no grande Sul, sofrem com o impacto da pandemia e com as desestruturações nos circuitos de produção e comercialização agrícolas ”.
Foi com essa reflexão que o diretor da ABC encerrou, na noite desta quarta-feira, 30/9, o Webinário “ O papel das soluções digitais no fortalecimento da Cooperação Sul-Sul Trilateral (CSST) no contexto da COVID-1 9”, promovido, pela primeira vez em conjunto, pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Centro de Excelência contra Fome do Programa Mundial de Alimentos (CdE/WFP).
O evento marcou a celebração do Dia das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul, comemorado oficialmente em 12 de setembro. Durante o seu discurso de abertura, Ruy Pereira lembrou que no mês de setembro é também celebrado o aniversário de criação da ABC. “ Nós fizemos, neste mês, 33 anos de existência e trabalho, e este evento tem esta relevância porque faz parte do conjunto de comemorações do aniversário da ABC ”, disse.
O encontro remoto contou com a participação de representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), da EMBRAPA Informática Agropecuária , do Ministério da Cidadania , do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do Ministério da Educação , e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações .
O professor de sociologia de desenvolvimento rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Sergio Schneider, apresentou uma palestra sobre as oportunidades de digitalização para os agricultores familiares. O sociólogo destacou que as novas tecnologias digitais têm grande potencial para a comercialização e a inclusão propositiva dos agricultores familiares, sobretudo por meio do uso de aplicativos de mensagens, inclusive de voz, já largamente usados pelos produtores rurais como ferramenta de apoio e extensão rural e, também, como instrumento para comercializar seus produtos. “ Estas tecnologias de baixo custo e acessíveis estão permitindo que produtores superem limitações como o analfabetismo, por exemplo, ao usarem mensagens de voz e se conectarem aos mercados”. Schneider lembrou que é preciso pensar diferentes tecnologias para diferentes tipos de agricultores, e que o uso que se faz da tecnologia tem que ser uma preocupação constante, inclusive no meio rural. “Nenhuma tecnologia é boa ou ruim intrinsecamente. Depende do uso que se faz dela ”.
Digitalização
Durante as duas horas do encontro, foram compartilhadas pelos representantes de cada instituição parceira as soluções digitais que já estão sendo usadas para melhorar o acesso e a inclusão dos produtores agrícolas e de beneficiários de projetos.
Segundo Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (CdE/WFP) da ONU no Brasil, antes mesmo da pandemia o Centro já fazia uso da tecnologia para dar apoio remoto aos diferentes países atendidos. “ Por uma questão de redução nos custos nós resolvemos, já em 2019, implantar o apoio remoto aos países atendidos por meio de reuniões virtuais, webinários e vídeos específicos ”, disse. Balaban destacou alguns benefícios do uso dos meios digitais, tais como a rapidez, eficiência técnica, disponibilidade e economia de recursos.
O diretor do escritório no Brasil do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Claus Reiner, ressaltou que é importante incorporar as soluções digitais mesmo no período pós-pandemia. “ Há muitas atividades que podem ser realizadas na cooperação sul-sul, mesmo de forma digital. Aprendemos muito nesse período e espero que, quando voltarmos para o novo normal, continuemos utilizando as novas tecnologias e formas de organizar a cooperação de maneira digital, adicionalmente às atividades presenciais. ”
Inclusão
Rafael Zavala, diretor do Escritório da FAO no Brasil, lembrou que a inclusão é o grande desafio do momento. “ Com a digitalização, o grande desafio que temos, seguramente, como um componente da cooperação sul-sul triangular, será o caráter da inclusão ”, lembrou. “ O processo inclusivo deve garantir que ninguém fique desatendido, já que a digitalização é um bem e um serviço para produtores e consumidores e um meio para que estejamos mais próximos de sistemas alimentares mais robustos e mais justos. ”
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Confira o Webinário que está disponível no Twitter da FAO aqui
Autor: Claudia Caçador