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Setor Financeiro é tema de cooperação técnica entre Brasil e Cabo Verde
Uma mudança cultural na forma de perceber as rotinas que compõem o sistema financeiro do país, especialmente dentro de uma instituição bancária. Esse foi um dos maiores impactos da segunda fase do projeto “Reforço Institucional do Banco de Cabo Verde – Fase II” , constatada depois da avaliação final da iniciativa, ocorrida em dezembro de 2017.
A cooperação técnica entre Brasil e Cabo Verde no setor financeiro teve início em 2011, com a assinatura da primeira fase do projeto, coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE) . Pelo lado cabo-verdiano, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação é o responsável por coordenar as ações que têm sido implementadas em parceria com o Banco Central do Brasil (BCB) , responsável por compartilhar o conhecimento técnico com Cabo Verde
Na fase I, a cooperação contribuiu para o desenvolvimento dos Planos do Sistema de Pagamentos e de Supervisão Bancária baseada no risco e capacitou técnicos do Banco Central de Cabo Verde em matéria de Normas Internacionais de Relato Financeiro.
Já com a fase II, o Banco Central de Cabo Verde foi conduzido, por meio da capacitação e treinamentos implantados pelos especialistas do Banco Central do Brasil, à uma cultura institucional de gestão de riscos, com a elaboração e utilização de ferramentas (matriz de risco, manual de gestão, risk assessments). Um outro impacto importante foi a elaboração do plano estratégico de sistemas de informação que se encontra em vigor, mostrando que a preocupação em estabelecer um ambiente de segurança dos dados e dos sistemas bancários foi um dos pontos fortes do projeto.
Durante a missão de avaliação final, realizada no fim de 2017, em que questionários foram aplicados aos gestores e técnicos participantes do projeto, o quesito “resultados e eficácia” das atividades foi o que obteve o maior grau de satisfação dos participantes. Um deles destacou: “Indiscutível: a mudança cultural, a mudança da visão, do modus operandis de todo o processo de supervisão, não só dos bancos, mas sim de todas as instituições financeiras” .
Um balanço da cooperação, elaborado pelo BCV, destaca interesse na continuidade da cooperação por parte do país africano. O documento destaca que “a parceria estabelecida permitiu ao Banco Central de Cabo Verde levar adiante importantes ações de capacitação dos colaboradores em projetos estruturantes, fundamentais para o desenvolvimento do BCV como banco de referência no sistema financeiro cabo-verdiano”.
A analista de projetos da Coordenação-Geral de Cooperação Técnica – PALOP, da ABC, Anna Pérez, informou que uma terceira fase do projeto já foi desenhada. “Essa ação de continuidade já foi desenhada do ponto de vista técnico”, informou. “A medida em que os conhecimentos são aprofundados, vão também surgindo as lacunas e a percepção da necessidade de continuidade das ações” .
A continuidade do projeto, no entanto, depende de algumas negociações em diversos níveis até que, de fato, se concretize. Aliado a esse trâmite natural do processo por que passam os projetos de cooperação técnica, há, ainda, a suspensão das atividades frente à pandemia do novo coronavírus. Por isso, é difícil estabelecer o prazo de assinatura da próxima fase.
Caso seja aprovada, a terceira fase do projeto pretende ampliar a capacidade técnica dos funcionários do Banco Central de Cabo Verde, com atenção a áreas de elaboração de manuais de procedimentos; gestão de reservas; auditoria informatizada; diagnóstico de clima organizacional; infraestrutura e gestão patrimonial; e educação financeira.
Autor: Claudia Caçador