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Seminário reúne Brasil e 15 países africanos em torno da cooperação em algodão
Encontro de dois dias apresenta avanços, desafios e perspectivas para projeto coordenado pela ABC no tema Melhoramento Genético Sustentável do Algodão
Publicado em
27/01/2022 09h45
Atualizado em
08/07/2024 15h48
Foi aberto, nesta quarta-feira, 26/01, o Seminário " Integração Africana para o Melhoramento Genético Sustentável do Algodã o", organizado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE) . O encontro, que tem duração de dois dias, foi transmitido pelo canal da Agência no “YouTube”, e contou com cerca de 150 participant es .
Estiveram presentes representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) , da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (AMIPA) , da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), do I nstituto Brasileiro do Algodão (IBA) , além de profissionais de 15 países parceiros da cooperação técnica internacional do Brasil na África, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), entre outros atores que compõem a cadeia produtiva de algodão no Brasil e no exterior.
O Diretor da ABC, Embaixador Ruy Pereira, foi representado pela sua colega Ministra Mariana Madeira que, em suas palavras iniciais, recordou que o fortalecimento das relações de intercâmbio de informações, conhecimentos e material genético entre os países parceiros é elemento central para alcançar o objetivo de aumento de competitividade e eficiência do setor algodoeiro na África. “A ABC orgulha-se desse trabalho desenvolvido com países parceiros africanos, que será relevante para o futuro da cotonicultura internacional e para o progresso social e econômico da população dos nossos países” , afirmou. “O Brasil poderá beneficiar-se das trocas de conhecimento com países africanos, que poderão resultar em soluções de tecnologia e inovação, com vantagens para todo o setor produtivo algodoeiro brasileiro” , completou.
Um talk show, apresentado pelo Coordenador-Geral de Cooperação Técnica com a África, Ásia e Oceania da ABC , Nelci Caixeta, foi palco de apresentações da ABC, da EMBRAPA e do IBA, duas da s principais instituições brasileiras parceiras da ABC nos projetos de cooperação em cotonicultura, com a África.
O pesquisador da EMBRAPA, César Miranda, disse que o trabalho na produção de algodão com os países africanos representa oportunidade de desenvolver não só o algodão, mas trabalhar o desenvolvimento humano, especialmente no contexto da sustentabilidade. Miranda lembrou a importância da troca mútua de conhecimentos viabilizada pelos projetos de cooperação. “A transferência de conhecimentos, na nossa experiência, é ganhar com a experiência de quem está na linha de frente, no dia a dia, o que nos leva a definir muito do que precisa ser melhorado na pesquisa” , afirmou.
Já Gustavo Prado, Diretor-técnico do IBA , recordou que, durante os últimos dez anos, o Instituto investiu cerca de R$1,4 bilhão (ou cerca de US$ 250 milhões) em transferência de tecnologia, iniciativas de inovação, capacitação e em projetos, incluindo iniciativas de cooperação. “A integração sempre foi valorizada pelo IBA, em especial por meio dos projetos de cooperação internacional” , disse. Prado também reforçou que o Programa “Sou do Algodão” é carro-chefe no estímulo à produção de algodão sustentável no País, além de ser referência internacional.
Lançamentos
Durante o evento, foram lançadas duas publicações técnicas que têm o objetivo de fornecer informações que contribuam para o desenvolvimento de capacidades em pesquisas sobre o setor algodoeiro, além de servir de base aos pesquisadores africanos e brasileiros, responsáveis pelos programas de melhoramento genético da planta em seus respectivos países, na tomada de decisões sobre quais características deve ter o material genético mais adequado a ser utilizado. As publicações, nos idiomas português, inglês e francês , podem ser baixadas aqui .
Desafios e Perspectivas
O pesquisador Amadou Yattara, do Instituto de Economia Rural do Mali (IER), apresentou o painel: “Pesquisa em Melhoramento do Algodão: Desafios e Sucessos, o Caso do Mali”. Apesar dos desafios enfrentados , especialmente relacionados com a seca e a necessidade de adaptação de variedades para as condições climáticas no Mali em suas diferentes regiões, Yattara afirmou que “encorajo a retomada da cultura do algodão em meu país” .
Já os pesquisadores Daniel Ferreira e Francisco Farias, da EMBRAPA Algodão, fizeram um balanço sobre o Programa de Melhoramento Genético de Algodão desenvolvido pela Empresa, com foco na evolução e perspectivas d e integração com os países africanos . Daniel Ferreira lembrou que a EMBRAPA tem um banco de germoplasma importante, com 4.825 acessos, 19 espécies do gênero gossypium , das 50 existentes, e 55 cultivares de algodão, o que torna a Empresa uma parceira natural quando o tema é melhoramento genético. Ferreira sugeriu que uma das ações potenciais de atuação no Projeto de Integração Brasil-África seja a estruturação e melhoramento dos bancos de germoplasmas dos países parceiros. Francisco Farias, por sua vez, ressaltou a importância de ações integradas ao melhoramento genético. “É preciso investir em ações integradas: melhorar o solo, fazer o manejo e controle de pragas e doenças, em conjunto com o trabalho de melhora genética” , acrescentou.
O Projeto
O Projeto Regional "Integração Africana para o Melhoramento Genético Sustentável do Algodão" envolve o Brasil e 15 países africanos já beneficiados por outros projetos, bilaterais e regionais, da cooperação técnica brasileira em algodão: Benim; Burkina Faso; Burundi; Cameroun; Chade; Côte d´ Ivoire; Etiópia; Malawi; Mali; Moçambique; Quênia; Senegal; Tanzânia; Togo; e Zimbábue.
Saiba mais sobre a iniciativa no hotsite do evento: https://seminariointegracaoafricana.com/ "