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Seminário internacional discute garantia da alimentação escolar durante a pandemia
Flexibilidade, coordenação e agilidade são fundamentais para garantir o fornecimento de alimentos a estudantes durante a pandemia. Essas foram algumas das conclusões dos painelistas do Seminário Internacional sobre Alimentação Escolar “Desafios atuais da alimentação escolar: possibilidades de implementação em diferentes modalidades educacionais” , realizado, em 16/09, pelo projeto de alimentação escolar desenvolvido pela cooperação entre o Brasil e a FAO.
Gestores de programas de alimentação escolar do Brasil, Colômbia, Paraguai e Santa Lúcia trocaram experiências que evidenciaram a importância da adaptação de políticas e de responsabilidades compartilhadas entre os governos locais, estaduais e nacionais. A atividade foi transmitida nas redes sociais, e teve mais de 1.200 visualizações.
O webinário foi organizado pelo projeto “Consolidação de Programas de Alimentação Escolar na América Latina e Caribe”, realizado no âmbito da cooperação Brasil-FAO, por meio da parceria entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, do Ministério da Educação (FNDE/MEC) .
O evento virtual integra as iniciativas promovidas pela Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES), criada pelo Governo do Brasil, em 2018, para fortalecer e consolidar programas de alimentação escolar por meio de capacitação, troca de experiências e divulgação de materiais e informações.
Brasil: protocolos
Karine Santos, coordenadora do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), executado pelo FNDE, destacou a flexibilidade dos dias letivos e da carga horária para ter aulas a distância e presenciais. No Brasil, as escolas públicas estão funcionando em modalidade híbrida, e o Estado tem garantido o abastecimento e distribuição dos gêneros alimentícios. Santos falou de medidas como a implantação de protocolos de segurança sanitária para o retorno dos estudantes, a compra de equipamentos para o ambiente escolar e a higienização dos espaços. “Temos que ser ágeis na decisão e na adaptação das políticas”, afirmou, destacando a importância da coordenação interinstitucional e da partilha de responsabilidades entre os atores locais, estaduais e nacionais. “É um trabalho de muitas mãos”, acrescentou Santos.
Colômbia e Paraguai: “kits” de alimentos
Juan Carlos Martínez Martín, Diretor-Geral da Unidade Administrativa Especial de Alimentação Escolar da Colômbia, explicou que o país organizou “kits” de alimentos não perecíveis para enviar às casas dos estudantes. O valor pago às refeições oferecidas nas escolas foi mantido e a contribuição nutricional também.
Já a diretora do programa de alimentação escolar do Paraguai, Andrea Milena, disse que o retorno dos estudantes às escolas é gradual e opcional, nas modalidades presencial, semipresencial e a distância. Ela comentou que a alimentação escolar é entregue em “kits” com alimentos não perecívei,s e destacou a importância da articulação com governos departamentais e prefeituras.
Brasil e Santa Lúcia: agricultura familiar
Meriam Henville, representante do programa de alimentação escolar de Santa Lúcia, no Caribe, disse que o país passou a oferecer cestas básicas às famílias durante o fechamento das escolas. Como desafio, relatou que a comida não durava em casa, e foi necessária uma reorganização. O país implementou medidas para continuar comprando de pequenos produtores, recrutou mais cozinheiros e profissionais, bem como adotou novas formas de pagamento aos agricultores.
Henville acrescentou que a pandemia mostrou o papel crucial que o programa de alimentação escolar desempenha na região e apontou para a importância das hortas escolares. Henville destacou que os governos devem apoiar e incentivar os produtores locais para reduzir despesas com importação de alimentos.
A técnica do FNDE, Maria Sineide Neres, comentou sobre o empenho dos municípios brasileiros em continuar oferecendo alimentos de qualidade. “É muito claro que muitos municípios têm uma boa gestão e têm conseguido entregar aos alunos produtos frescos e saudáveis, adquiridos da agricultura familiar, superando muitos dos desafios impostos pela pandemia”.
Adaptação
A especialista da FAO em El Salvador, Reina Osório, destacou que a troca de experiências entre os países é muito valiosa. “A articulação entre os diferentes atores governamentais é fundamental para poder oferecer soluções eficazes".
Por sua vez, Jean Fransen, oficial de segurança alimentar da FAO no Caribe, destacou que flexibilidade e adaptação foram as palavras-chave das palestras de todos os convidados para a garantia do direito humano à alimentação adequada para todos os alunos.
Najla Veloso, coordenadora, pela FAO, do projeto Consolidação de Programas de Alimentação Escolar na América Latina e Caribe, destacou que esses eventos capacitam gestores e os ajudam a tomar decisões em tempos desafiadores. “A alimentação escolar é reconhecida como política fundamental antes, durante e depois da pandemia. Os gestores reafirmaram que o direito à alimentação é primordial e que não podemos abrir mão da presença da educação ou da alimentação na escola”, comentou.
No encerramento do evento, Paola Barbieri, analista de projetos da ABC/MRE, destacou a participação dos presentes e dos palestrantes, acrescentando que a Agência espera continuar trabalhando com parceiros para fortalecer os programas de alimentação escolar na região. “Independentemente do momento em que vivemos, o direito humano à alimentação adequada é um direito inegociável”.
Fonte: Com informações: FAO