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Seminário discute comunicação no meio rural em tempos de pandemia
Países latino-americanos e caribenhos continuam trocando experiências sobre como vêm trabalhando os desafios apresentados na agricultura familiar, no contexto da pandemia do novo coronavírus, COVID-19. O terceiro webinário da série de encontros remotos ocorreu nesta quarta-feira (10/6) com discussões sobre o tema: “Comunicação Rural nos tempos do COVID-19: Como as ferramentas digitais contribuem para os desafios da cultura do algodão?”
Participaram da reunião on-line cerca de 130 profissionais da Argentina, Bolívia, Equador, Colômbia, Haiti, Paraguai e Peru, países parceiros no projeto de Cooperação técnica Mais Algodão, desenvolvido entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) , com apoio do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) , além de governos e entidades de cada país, conforme as atividades são configuradas.
O encontro teve a apresentação de quatro panelistas, cada um representando uma esfera de atuação, dos setores público e privado, setor agrícola e do setor de comunicação e tecnologia.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi representada pela Chefe da Embrapa Informática Agropecuária , Silvia Massruhá. A pesquisadora destacou diversos recursos tecnológicos já disponíveis no Brasil, que atendem tanto a produtores rurais de grande porte como agricultores familiares. Algumas ferramentas apresentadas interconectam produtores rurais, profissionais do setor e entidades governamentais, melhorando o fluxo de informação.
Silvia lembrou que o uso cada vez mais disseminado de smartphones e de aplicativos segmentados para o setor tem transformado a aceitação da tecnologia por parte dos produtores. Outro fator é a mudança no perfil do agricultor, mais jovem, e do consumidor, mais exigente sobre a transparência no processo de produção. Já quanto à pandemia, ela acredita que serviu como um acelerador para a importância dada às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). “O lado positivo da pandemia é que ela tem funcionado como um acelerador de futuro, por meio das tecnologias digitais. O que talvez levasse décadas para ser incorporado, especialmente em um setor conservador como o agro, os produtores de pequeno e médio porte têm procurado cada vez mais a tecnologia” .
O professor de psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM ), Francisco Ritter, lembrou que, cada vez mais, é imprescindível conhecer o usuário das tecnologias. “É preciso conhecer a mentalidade do usuário para saber como tratar a informação que chega até ele” , lembrou. Ritter coordena o Projeto Lazos, iniciativa que está sendo implantada com estudantes de escolas agrícolas de comunidades do Paraguai, com o apoio da FAO local, e que tem como objetivos principais promover cursos de comunicação para o desenvolvimento de técnicas e ferramentas de comunicação digital. A ideia é gerar uma comunidade rural comprometida com a inovação e que faça uso das TICs durante a Assistência Técnica prestada aos agricultures familiares do setor algodoeiro.
TICs
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são todos os meios técnicos usados para tratar a informação e auxiliar na comunicação. No meio rural, especialmente no contexto da agricultura familiar, as TICs têm um papel importante podendo contribuir, por exemplo, para melhorar a viabilidade econômica das fazendas, aumentar o acesso a informações técnicas sobre mercados e clima e podem, também, incrementar a organização e inclusão das comunidades rurais.
A inclusão digital é um dos desafios encontrados nos países latino.americanos e caribenhos. O acesso à internet, em especial no meio rural, pode ser considerado um limitador, mas há soluções tecnológicas que garantem a inclusão de produtores rurais no fluxo de recebimento de informação.
O Diretor da Microsoft para Transformação Digital na América Latina e Caribe, Pedro Uribe, lembrou que, mesmo com telefones comuns, os produtores podem ter acesso a tecnologias digitais que usam inteligência artificial e análise de dados de imagens de satélite, por exemplo . “Com mensagens de texto, o produtor pode se beneficiar das tecnologias de ponta”, destacou. “Apenas com um telefone ele consegue saber quando plantar para ter mais rendimento ou, ainda, prevenir a ameaça de pragas no campo”.
A coordenadora do projeto Mais Algodão pela FAO, Adriana Gregolin, destacou que a agricultura familiar representa, na América Latina e no Caribe, a principal forma de produção de alimentos, com 80% de unidades produtivas. Nesse contexto, as TICs podem fazer toda a diferença na cadeia de valor do algodão, na qual os desafios vão ficando cada vez maiores, conforme a cadeia avança.
Gregolin destacou que a cooperação entre as diferentes organizações é o que vai permitir-lhes encontrar soluções para os desafios enfrentados pelos agricultores, especialmente no pós-covid. “Temos conhecimento e tecnologia disponíveis e temos agricultores disponíveis para recebê-las. É preciso usar nossa capacidade de criar juntos as soluções que vão garantir o desenvolvimento sustentável dos nossos países irmãos.”
Saiba mais sobre o projeto Mais Algodão: https://bit.ly/2Vjc2IS
Confira o que ocorreu na primeira reunião da série aqui: https://bit.ly/2XKcAcn
Confira o que ocorreu na segunda reunião da série aqui: https://bit.ly/2Ak7cU4
Autor: Claudia Caçador