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Seminário com 15 países africanos produtores de algodão é encerrado
Segundo dia do evento, organizado pela ABC, conclui com discussões sobre instalação de UTDs e planos para criação de plataforma de compartilhamento de informações em pesquisa
Publicado em
28/01/2022 10h16
Atualizado em
08/07/2024 15h48
“Nossa motivação é a de promover, cada vez mais, o algodão no Brasil e no mercado internacional como um produto de qualidade e com sustentabilidade” , afirmou Alexandre Schenkel, atual Presidente do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e Vice-Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), ao encerrar as atividades do segundo e último dia do Seminário "Integração Africana para o Melhoramento Genético Sustentável do Algodão" , organizado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), durante os dias 26 e 27 do corrente mês de janeiro.
Schenkel falou do trabalho do IBA nos últimos 10 anos, com o setor algodoeiro no Brasil, destacando avanços e programas importantes do ponto de vista de sustentabilidade ambiental e da preocupação social, exemplificando o Programa “Sou do Algodão”, de incentivo à produção do algodão e à disseminação da fibra pelo território nacional, e pelo mercado internacional, além de ter destacado o investimento de cerca de US$ 80 milhões em projetos de cooperação técnica com países da África e América Latina.
UDTs
Moçambique e Tanzânia foram representados pelo painel: “As Experiências Moçambicana e Tanzaniana no Desenvolvimento de Unidades Técnicas Demonstrativas (UTD´s)”, fruto dos projetos “Shire Zambeze” e “Cotton Vitoria”. O Coordenador Técnico do Projeto “Shire Zambeze”, Alexandre Pelembe, em conjunto com Everina Lukonge, Coordenadora Técnica do Projeto “Cotton Vitoria”, apresentaram as experiências, a evolução e o desenvolvimento dos projetos que dirigem, assim como os ganhos, tanto econômicos quanto científicos, obtidos no setor com as iniciativas desenvolvidas nos dois projetos.
As Unidades Técnicas Demonstrativas são campos de experimentação nos quais ocorrem a pesquisa, a análise e a avaliação das variedades de algodão testadas. Segundo o Diretor Executivo da Associação Mineira de Produtores de Algodão (AMIPA), Lício Pena Sairre, as UTDs fazem parte de três pilares da pesquisa no setor. “Consideramos que há três importantes pilares na pesquisa: um pilar é o campo de experimentação e ensaios de variedades; o segundo pilar é o grupo de estudos do algodão, composto por pesquisadores e consultores para discutir os gargalos na produção da fibra; e, por último, os convênios e projetos de pesquisa que fazem uso das UTDs” .
O Diretor da AMIPA apresentou o trabalho realizado pela Associação no Estado de Minas Gerais, que serve de base de conhecimento e de modelos de negócio passíveis de serem compartilhados em ações de cooperação realizadas com países com os quais o Brasil possui parceria. Sairre lembrou que é a forte relação com universidades e institutos nacionais com expertise no tema que proporcionam o ambiente de inovação vivido dentro da Associação, que é compartilhado com os parceiros nos projetos de cooperação técnica coordenados pela ABC. “A ABC é hoje uma entidade estratégica para a AMIPA”, testemunhou. “Toda essa transferência de tecnologia feita com os países acaba nos forçando a buscar melhorias internas também.” , relatou.
Próximos passos
Durante a sessão de alinhamento sobre as estratégias a serem adotadas no âmbito do projeto, o Coordenador-Geral de Cooperação Técnica com a África, Ásia e Oceania da ABC, Nelci Caixeta, e a analista de projetos da Agência, Melissa Popoff Scheidemantel, deram início a discussões sobre os próximos passos, em especial o estabelecimento de Unidades Técnicas Demonstrativas (UTDs) nos 15 países africanos, assim como as expectativas de cada um dos países em torno da criação de uma plataforma para o compartilhamento de dados entre todos os participantes.
A plataforma foi pensada para servir como um repositório de conteúdo sobre protocolos de pesquisa, e funcionar ainda como instrumento para troca de informações úteis acerca do gerenciamento das UTDs, entre outras funções. Visa, também, fomentar a integração de ações entre os participantes da iniciativa. “Essa será uma plataforma útil para dar garantia do trabalho sustentável do projeto”, disse Caixeta. “Estamos em fase de estudos, iniciando o diálogo com todos os países para agregar ideias, sugestões e fazer um ´benchmarking´ para encontrar o melhor modelo que irá atender a todos” , completou.
O Projeto
O Projeto Regional "Integração Africana para o Melhoramento Genético Sustentável do Algodão" envolve o Brasil e 15 países africanos já beneficiados por outros projetos, bilaterais e regionais, da cooperação técnica brasileira em algodão: Benim; Burkina Faso; Burundi; Cameroun; Chade; Côte d´ Ivoire; Etiópia; Malawi; Mali; Moçambique; Quênia; Senegal; Tanzânia; Togo; e Zimbábue.
A iniciativa está inserida no Programa Brasileiro de Apoio ao Fortalecimento da Cotonicultura em países em desenvolvimento da África, coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), e executado em parceria com instituições nacionais públicas e privadas de excelência no setor do algodão.