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Saúde bucal de Moçambique é tema de dois projetos encerrados no país
A atenção à saúde oral dos moçambicanos foi objeto de dois projetos que se encerraram recentemente no país. Uma delegação técnica brasileira realizou missão a Maputo entre os dias 16 e 20 de dezembro para realizar avaliação final e o encerramento oficial dos projetos "Apoio ao Sistema de Atendimento Oral de Moçambique: capacitação de técnicos moçambicanos em prótese dentária" e "Apoio ao desenvolvimento da política nacional de saúde oral de Moçambique: pesquisa em saúde bucal - Maputo" .
A delegação brasileira foi integrada por representantes do Ministério da Saúde, da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e das universidades Federal de Pernambuco (UFPE) , Estadual de Maringá (UEM) e Federal da Paraíba (UFPB) , além da Prefeitura de Arapongas/Paraná .
O trabalho da equipe para o levantamento de resultados sobre o projeto envolveu a aplicação de questionários e entrevistas aos profissionais envolvidos direta ou indiretamente nas duas iniciativas. O grupo realizou, ainda, visita ao laboratório de prótese implantada pelo projeto no Hospital Geral de Mavalane.
A iniciativa, que envolveu a capacitação de técnicos moçambicanos em prótese dentária, resultou no treinamento de 22 profissionais de saúde bucal (dois protéticos, 14 dentistas e seis gestores). Durante os quatro anos de projeto, mais de 8.700 pacientes moçambicanos foram atendidos.
A avaliação feita pelos técnicos brasileiros determinou a elaboração de um quadro de necessidades que foram sugeridas ao governo de Moçambique para serem aplicadas.
Perfil
Já o projeto de pesquisa em saúde oral resultou em dados relevantes sobre o perfil epidemiológico da população moçambicana. A alta prevalência de cáries na população infanto-juvenil é determinante para o elevado número de adultos desdentados no país. Cerca de 45% das crianças de 6 anos monitoradas no âmbito do projeto têm pelo menos um dente cariado. Por outro lado, a contagem de dentes restaurados em crianças e adolescentes nas idades de 6, 12 e 15-19 anos é praticamente nula. Nos adultos, 54,4% já perdeu ao menos dois dentes; 20% dos adultos entre 35 e 44 anos precisam de prótese em uma das arcadas dentárias e 14%, nas duas arcadas.
Esses dados revelam uma variedade de consequências de saúde no geral, desde a dificuldade de alimentação até a maior incidência de doenças graves, como câncer em diferentes partes do trato digestivo.
Política Nacional
Como resultado da avaliação final, a equipe brasileira sugeriu a elaboração de uma estratégia nacional em termos de saúde oral. Os projetos desenvolvidos em parceria com o Brasil poderiam subsidiar a elaboração de uma política nacional uma vez que transferiu, aos quadros e instituições moçambicanas parceiras, metodologia testada e de eficiência comprovada para o levantamento de dados sobre a saúde bucal da população.
A coordenadora interina do Programa de Saúde Oral do Ministério da Saúde de Moçambique , Amália Mepatia, solicitou a continuidade da parceria de cooperação técnica com o Brasil por meio de segunda fase do projeto.
A delegação brasileira foi recebida pela diretora nacional adjunta de assistência médica do Ministério da Saúde de Moçambique, Elênia Amado também sugeriu a continuidade da cooperação. “Há muitos desafios a serem superados nessa área, como o próprio projeto de pesquisa ajudou a identificar” , afirmou.
A missão aproveitou a ocasião para entregar oficialmente as publicações previstas nos projetos de cooperação: "Pesquisa Epidemiológica em Saúde Oral na Matola" e "Manual de confecção de próteses dentárias pela técnica de polimerização por microondas".
Autor: Cláudia Caçador