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Reunião remota discute soluções para garantir segurança alimentar de estudantes sul-americanos
Como garantir que milhões de estudantes recebam refeições mesmo com o fechamento das escolas durante a pandemia do novo coronavirus? Essa foi a pergunta que deu origem a uma reunião remota, realizada nesta terça-feira (7/3), entre representantes dos setores envolvidos com a alimentação escolar de milhões de estudantes da América Latina e do Caribe.
O encontro on-line foi mediado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e reuniu 67 profissionais de 17 países, entre diretores de alimentação escolar, assessores e especialistas da própria organização, e membros dos governos dos países latinoamericanos, todos participantes da Rede de Alimentação Sustentável, desenvolvida pelo governo brasileiro em parceria com a FAO.
O Brasil foi representado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), responsável por coordenar os projetos de cooperação técnica internacional, e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE ), do Ministério da Educação , órgão que coordena todas as ações ligadas à alimentação escolar no País. A ABC coordena, em parceria com o FNDE, diversos projetos de cooperação técnica internacional nos temas da alimentação escolar e segurança alimentar.
“A fome não espera” . Foi o que lembrou Valmo Xavier da Silva, coordenador-geral do Programa Nacional de Alimentação Escolar – CGPAE, ao enunciar as principais medidas tomadas pelo governo brasileiro. Segundo Valmo, para garantir a alimentação dos cerca de 40 milhões de estudantes participantes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) o esforço envolveu, inclusive, mudança na legislação uma vez que, antes do cenário de crise, a lei brasileira não permitia que o alimento destinado aos estudantes pudesse ser distribuído ou consumido fora das escolas.
O representante do FNDE ressaltou, ainda, a importância da Rede de Alimentação Sustentável, especialmente nesse momento de crise em decorrência da pandemia. “Nossa experiência de troca com estados e municípios, no Brasil, tem nos ajudado muito a resolver diversas questões, conforme elas vão surgindo” , disse. “Mas essa troca de experiências entre países e organismos envolvidos com o tema é muito importante para que, juntos, busquemos soluções para os problemas que todos estamos enfrentando globalmente” , concluiu.
Soluções
Cada país apresentou as soluções buscadas para fazer diminuir o impacto social que a ausência do alimento poderia ter na saúde dos estudantes que, muitas vezes, só têm acesso a refeições no ambiente escolar e, em vista do fechamento das escolas, não podem ficar sem receber os componentes nutricionais garantidos pela alimentação na escola.
A principal solução compartilhada foi a manutenção da alimentação dos estudantes só que por meio da distribuição de pacotes com produtos perecíveis e não perecíveis, em quantidade suficiente para um período de 2 a 3 semanas. Alguns países separaram grupos de estudantes mais vulneráveis para que esses pacotes atendessem até a duas refeições diárias.
A distribuição dos alimentos já estocados nas escolas e com perigo de perda de validade foi também uma prioridade.
Protocolo
Sem exceção, a crise exigiu que as nações usassem um protocolo de emergência, com alternativas para garantir a segurança alimentar dos estudantes e, ao mesmo tempo, atendendo às orientações dos especialistas em saúde locais e da Organização Mundial de Saúde (OMS) no que diz respeito aos cuidados sanitários com o manuseio dos produtos e ao isolamento social.
A logística para a entrega de alimentos aos estudantes e suas famílias, evitando a aglomeração de pessoas nas portas das escolas, por exemplo, é uma das preocupações compartilhadas por todos os países. Assim também é o tema da manutenção de empregos de diversos profissionais envolvidos com a alimentação escolar, especialmente as cozinheiras, e a busca por meios para garantir a compra dos alimentos dos produtores rurais familiares, peças fundamentais no fornecimento de alimentos frescos.
Em muitos casos, a demanda por alimentos perecíveis, como legumes, frutas e verduras, diminuiu porque o transporte e a distribuição, sendo mais demorados, acarretam na perda desses produtos.
Continuidade
O encontro remoto terá continuidade no dia 16 de abril, em que demais países apresentarão as medidas tomadas. Também haverá o compartilhamento de dados e documentos relativos às ações em andamento e a discussão de pontos específicos que envolvem tanto a Rede Latinoamericana como a Rede Global de Alimentação Sustentável.
Autor: Claudia Caçador
Fonte: Foto: FAO