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Projeto sobre manejo sustentável de florestas de produção é encerrado no Pará
“A floresta é a vida, ela nos oferece tudo, em diferentes situações. A gente respira um ar puro onde se tem floresta. Nas partes desmatadas, a gente sente um clima muito diferente. Quando entramos na mata, é como se entrássemos em um ar-condicionado”. É assim que Luiza Maria Frós Duarte, da comunidade São Sebastião de Juçara, na reserva extrativista (Resex) Verde para Sempre, define a floresta. Ao ilustrar uma sensação que faz parte da realidade das pessoas da cidade, Luiza Maria ressalta a importância de manter a floresta em pé.
Já Max Steinbrenner, consultor da Embrapa Amazônia Oriental para o projeto “Bom Manejo”, diz que “a floresta é fonte de energia e de tranquilidade, onde você se conecta com a natureza, coisa que muita gente perdeu.” Essa conexão, muitas vezes inexistente para aqueles que vivem nas cidades não é, no entanto, a mesma vivida pelos ribeirinhos e comunitários que residem na Resex. Por isso, diferentes pontos de vista se somam na busca de formas de preservação, bem como de uso sustentável do bioma.
O seminário: “Floresta da Gente - uma Agenda Positiva para o Manejo Florestal Comunitário, Conservação e Proteção do Território, Resex Verde para Sempre”, realizado de 19 a 21 de março corrente em Porto de Moz (Pará), reuniu pesquisadores, técnicos, especialistas e representantes de instituições governamentais de níveis municipal, estadual e federal, bem como líderes comunitários de cerca de 12 comunidades da Resex, a fim de discutir o manejo florestal sustentável. O encontro marcou, igualmente, o encerramento do projeto de cooperação técnica internacional “Manejo Sustentável de Florestas de Produção em Nível Comercial na Amazônia Brasileira”.
A iniciativa, também conhecida como “Bom Manejo”, teve por objetivo consolidar ferramentas desenvolvidas para manejo florestal sustentável e, ainda, capacitar centros de treinamento e universidades da região amazônica, a fim de transferir ferramentas a empresas madeireiras e órgãos ambientais governamentais responsáveis pelo manejo florestal.
Iniciado em 2017, o projeto é executado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Amazônia Oriental, e desenvolvido em parceria com a Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO, na sigla em inglês), e o governo japonês. A Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, acompanha a iniciativa.
Milton Kamashiro, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e coordenador do projeto “Bom Manejo” lembra que o nome do seminário “Floresta da Gente” releva a importância do pertencimento das comunidades no processo de manejo. “Estou muito satisfeito porque praticamente 50% da audiência é de comunitários, o que demonstra que as comunidades que estão fazendo manejo florestal estão muito bem representadas aqui”, disse. “Ter presentes aqui representantes dos governos estadual e federal, além de pesquisadores e instituições que lidam com certificação demonstra aos comunitários que eles estão acolhidos e visibilizados por todos”.
Bruna Bastos, representante da ABC, apresentou o papel da agência no âmbito do projeto “Bom Manejo”, bem como os compromissos internacionais do Brasil sobre meio ambiente e mudança climática. Bruna lembrou a assinatura, em 1994, do Acordo Internacional de Madeiras Tropicais, firmado pelo Brasil. “O manejo florestal dialoga com o desenvolvimento sustentável”, disse. “Esse manejo envolve os aspectos ambiental, social e econômico, trazendo qualidade de vida para as comunidades”.Verde para Sempre
A Resex Verde para Sempre, maior unidade de conservação de uso sustentável do Brasil, completa 20 anos em 2024. Cerca de 3 mil famílias vivem em mais de 100 comunidades. Administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o território da Resex se distribui pelos municípios de Brasil Novo, Gurupá, Porto de Moz e Prainha (Pará). As comunidades detêm o uso do território e de seus recursos naturais.
O manejo florestal sustentável envolve práticas de exploração de baixo impacto ambiental que buscam reproduzir o ciclo natural da floresta, mantendo a biodiversidade, produtividade, capacidade de regeneração e demais funções ecológicas, econômicas e sociais.
Dia internacional das florestas
O último dia do seminário coincidiu com o dia internacional das florestas. A data foi estabelecida em 21 de março de 2013, por resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas. Anualmente, vários eventos celebram e promovem a conscientização da importância de todos os tipos de florestas ao redor do mundo.
Nesse dia, os países são incentivados a realizar esforços para organizar atividades locais, nacionais e internacionais, envolvendo florestas e árvores, tais como campanhas de plantio de árvores, a fim de promover o impacto de tais ações sobre as gerações atuais e futuras.