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Projeto de produção de café em Moçambique apresenta primeiros resultados
Após duas visitas técnicas a Moçambique, realizadas por meio do projeto "Desenvolvimento Sustentável do Café no Parque Nacional Gorongosa/Moçambique em sistema Agroflorestal Integrado no Contexto da Deflorestação, Alterações Climáticas e Segurança Alimentar" , a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) , uma das instituições implementadoras da iniciativa, já pôde visualizar os primeiros resultados do projeto: o manejo correto da cultura do café arábica no Parque Nacional da Gorongosa.
Com coordenação da Agência Brasileira de Cooperação e do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua , e implementação da Ufes, do Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade de Lisboa , a iniciativa tem duração prevista de 60 meses. O projeto teve início no final de 2017 , quando foi assinado um acordo de cooperação técnica trilateral entre Brasil, Portugal e Moçambique. O objetivo é implementar um sistema de produção de café sustentável no Parque Nacional da Gorongosa para mitigar os efeitos da desflorestação e da pressão das alterações climáticas, promover o agronegócio e aumentar o rendimento e a segurança alimentar das famílias rurais da região.
O desafio é promover a orientação técnica para plantar café numa pequena área do parque, com cerca de 300 hectares, onde não há nenhuma tradição do cultivo dessa planta e que possui como atrativo principal o safári internacional, com grande população de leões, elefantes e rinocerontes, entre outros animais.
Valor agregado
O coordenador da parte brasileira do projeto e professor da Ufes, Fábio Partelli, afirmou que o trabalho só é viável se possuir um grande valor agregado. “A ideia é produzir o café para ser comercializado na Europa e nos Estados Unidos, agregando qualidade e valor. Dessa forma, o projeto pode representar uma boa fonte de renda para as 1.600 famílias que moram na região, caracterizada pela pobreza extrema” , explicou.
Ainda segundo Partelli, a Ufes participa do estudo devido a sua forte presença mundial na pesquisa sobre café. “Nós somos a primeira instituição de pesquisa do mundo na publicação de artigos científicos sobre café conilon/robusta, e a quinta quando se trata de café em geral (conilon e arábica)” , enfatizou.
O projeto envolve técnicos, estudantes e professores de graduação e pós-graduação do Brasil e de Portugal, que participarão de ações de capacitação e formação de técnicos, agricultores e estudantes de licenciatura, mestrado e doutorado de Moçambique. O orçamento inicial é de US$ 903.000,00, e pretende-se beneficiar 85 produtores rurais por ano, sendo 25% mulheres. O projeto é fruto de uma parceria institucional existente há mais de 10 anos, de trabalhos de pesquisa em café entre Brasil e Portugal, agora com o objetivo mútuo de apoiar o desenvolvimento de recursos humanos e tecnologia agrícola em Moçambique.
Entre outras ações está a elaboração de um manual de boas práticas de gestão e manejo da cultura do café, com foco em aspectos determinantes como procedimentos de condução, manutenção das plantas ao longo do ano, colheita, processamento e armazenagem do café. O manual será distribuído gratuitamente aos produtores rurais de Moçambique.
Fonte: UFES