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Projeto Capoeira: Formação em Esporte e Cidadania
Já existiam algumas aulas de capoeira espalhadas pelo arquipélago, mas não era um movimento organizado nem com grande desenvolvimento da técnica. Após uma demanda recebida por meio da Embaixada do Brasil em São Tomé e Príncipe , identificou-se no Brasil alguma instituição que trabalhasse para além do ensino da capoeira, associando à prática do esporte outros aspectos importantes de serem transmitidos aos jovens.
Foi assim que a Associação Raízes do Brasil juntou-se ao projeto e passou a realizar uma série de formações em STP aos poucos praticantes de capoeira do arquipélago. Para além do ensino da capoeira, a iniciativa promoveu também a transmissão de diversos conceitos ligados a questões de cidadania, respeito, sensibilização sobre temas importantes que afetam a realidade de STP, entre outros.
Após mais de um ano desde o término do projeto, o Mestre Ralil Salomão é relembrado com extremo carinho e gratidão pelos oito mestres e professores de capoeira, santomenses, que ele formou no país. Atualmente, são cerca de 20 núcleos com aulas regulares de capoeira, espalhados por diversas regiões de STP, ministradas pelos três grupos existentes.
O Mestre “Vento”, ou Maykee Furtado, 29 anos, é bombeiro e professor de capoeira. Em entrevista concedida à ABC, o capoeirista foi eleito o Presidente da Federação de Capoeira de STP. Praticante há 17 anos, o Mestre Vento menciona com carinho todo o aprendizado que ganhou após o seu envolvimento com o projeto. “A gente aprendeu a ser cidadão. E hoje é isto o que tento transmitir aos meus alunos, muitos deles crianças. Eles aprendem a se respeitar, a respeitarem os pais. Eles não aprendem só como jogar capoeira” , disse, animado.
Há, em STP, um desafio grande de muitos jovens que ficam ociosos, durante um grande período do seu dia. A capoeira surgiu assim, na vida de muitos deles, como uma atividade de ocupação útil e saudável, afastando-os inclusive do álcool e das drogas, como referem muitos dos professores.
Outro aspecto importante, trazido pelo projeto, é a questão da igualdade entre homens e mulheres. A professora “Indiana”, ou Adicina Magalhães, 28 anos, também formada pelo projeto, relata orgulhosa o seu desenvolvimento pessoal e profissional, a partir da capoeira. “Eu voltei a estudar, me formei no curso técnico de educação física. Hoje dou aula de capoeira e aula de educação física. Posso dizer que conquistei o meu espaço na sociedade, sou reconhecida e respeitada, graças ao que aprendi com este projeto” , concluiu Indiana.
Assista também o vídeo do projeto.
Veja aqui mais fotografias do projeto Capoeira.