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Projeto +Algodão Comemora Resultados e Inicia a Fase III até 2024
A iniciativa regional de cooperação sul-sul trilateral +Algodão realizou, nos dias 12 e 13 de maio, a sua reunião anual de planejamento, com todos os parceiros do projeto. Na ocasião, os participantes identificaram, em conjunto, a priorização de ações regionais para o biênio 2021-2022, que coincide com a fase III da iniciativa.
O encontro reuniu, de maneira virtual, cerca de 150 participantes de instituições cooperantes e dos países parceiros: Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru. A terceira fase do projeto +Algodão, assinada neste ano para o período até 2024, reflete o reconhecimento dos países parceiros da necessidade de seguir com ações que permitam a sustentabilidade dos resultados já alcançados até aqui.
O projeto +Algodão é uma iniciativa coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), e implementada em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e os governos da Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Haiti, Paraguai e Peru, com recursos do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).
Os seis eixos técnicos da nova fase do projeto são voltados para os temas de máquinas adaptadas a pequenas áreas de produção; assistência técnica e extensão rural (ATER); controle da praga bicudo-do-algodoeiro; tecnologias de informação e comunicação (TIC); inserção do algodão e seus coprodutos em mercados, certificação e associação; e a comunicação estratégica dos resultados e das boas práticas estimuladas pelo projeto.
Nesta nova etapa, três novos aliados estratégicos brasileiros ingressam no projeto: a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a organização social Diaconia.
Oito anos de conquistas e impactos na região
A coordenadora regional do projeto +Algodão pela FAO, Adriana Gregolin, apresentou os principais resultados dos oito anos de execução, quando foram instaladas 128 unidades de demonstração e realizados 155 dias de visita a campo nos países parceiros, nos quais foi possível validar tecnologias, sementes e boas práticas com base em metodologias ATER. “É um processo de cooperação internacional que reúne mais de 80 instituições, que trabalham juntas para o desenvolvimento da agricultura familiar do algodão latino-americano” , disse Gregolin.
Por meio de dias de campo e oficinas, o projeto fortaleceu as capacidades de 9.778 agricultores e agricultoras em cinco países, além de capacitar 2.419 técnicos e profissionais. Na estratégia de formação de jovens rurais, 700 estudantes do Paraguai e da Colômbia foram capacitados; além disso, 340 artesãs e suas organizações da Bolívia e do Paraguai receberam treinamento em temas, tais como planos de negócios, acesso a mercados e melhoria de produtos.
Com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Algodão), foi desenvolvido o primeiro protótipo de colheitadeira de uma linha para agricultura familiar. Foram promovidas cerca de 100 missões de instituições brasileiras, como a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), EMBRAPA e Empresa de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária da Paraíba (EMPAER-PB), e dos próprios países para promover a troca de conhecimentos e experiências no setor.
Os países avançaram na formulação de seus planos nacionais para o algodão e no aprimoramento de suas estratégias de competitividade, com o apoio e a experiência acumulada da ABRAPA e de seus associados. Na Bolívia, o projeto +Algodão apoiou a elaboração do Programa Nacional de produção de algodões bolivianos. A semente CCA-348 Mandiyuti foi replicada na Bolívia, em apoio ao Centro de Pesquisa Agropecuária Tropical (CIAT), atingindo 1.600 hectares plantados, em 12 parcelas de agricultores familiares.
O projeto contribuiu, no Equador, para o desenvolvimento do plano de fortalecimento da capacidade nacional de pesquisa do algodão, bem como para o desenvolvimento da mesa nacional de ATER. No Paraguai, a mesa algodoeira foi reativada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAG), e foi formada a Equipe Técnica Interinstitucional (ETI).
No Peru, foi desenvolvido o Plano Nacional do Algodão, sob a liderança do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Irrigação (MIDAGRI). O algodão posicionou-se na Colômbia dentre as 10 culturas prioritárias do governo no Plano Nacional de Desenvolvimento do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADR).
Alavancar o Acesso a Mercados
Em relação ao acesso a mercados, foi apresentado um resumo do caminho já percorrido pelo projeto + Algodão e o que se propõe como ações futuras para a III fase da iniciativa, divididas em estratégias de mercado para os produtos e coprodutos do sistema algodoeiro. Para isso, busca-se a utilização de conhecimentos práticos para transformar as condições de vida dos agricultores; integrar os planos de reativação econômica dos países parceiros; e contribuir para o desenvolvimento dos seus territórios rurais.
Cooperando para fortalecer a cadeia do algodão
Em suas palavras de abertura da reunião, Cecília Malaguti, coordenadora da cooperação Sul-Sul com organismos internacionais, da ABC, agradeceu às instituições brasileiras colaboradoras que acompanham o projeto ao longo desses oito anos e que oferecem seus conhecimentos para fortalecer o setor algodoeiro nos países parceiros. Segundo a coordenadora da ABC, o projeto +Algodão é “o mais expressivo que desenvolvemos no âmbito do Programa de Cooperação Brasil-FAO, não só em termos de recursos financeiros investidos, mas também em termos de sua abrangência territorial " , afirmou.
O Representante da FAO Brasil, Rafael Zavala, apontou a importância do algodão na América Latina, região responsável pela produção de 2,3 milhões de hectares de lavouras de algodão, satisfazendo um consumo de 1,5 milhão de toneladas de fibra e com exportações que chegam a USD 2,3 bilhões de dólares. Zavala ressaltou o papel relevante da agricultura familiar nessa área “porque oferecem fibras naturais diferenciadas, muitas histórias, artesanato, roupas, muitas vezes feitas por mulheres do campo e geram uma identidade territorial” .