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Projeto Além do Algodão promove combate à fome e amplia acesso à água na Tanzânia
A iniciativa, que durou 18 meses, encerrou as atividades na semana passada, após a realização da última missão técnica do projeto coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com o governo da Tanzânia, com o Centro de Excelência Contra a Fome, no Brasil, do Programa Mundial de Alimentos (WFP) e, ainda, com o WFP Tanzânia.
Tecnologias agrícolas compartilhadas
O projeto atendeu três distritos da região de Mwanza, no noroeste daquele país. Agricultores familiares de Misungwi, Magu e Kwimba participaram de diversos treinamentos, ministrados por professores especialistas da UFCG. Na ocasião, aprenderam novas técnicas produtivas para o aumento, a diversificação da produção e o combate a pragas.
A iniciativa incentivou a rotação de culturas, tendo em conta as especificidades locais de clima, de modo a garantir a manutenção da qualidade do solo e ampliar os itens produzidos para consumo próprio, alimentação escolar e venda.
Thomas Bwana, diretor-geral do Instituto de Pesquisa Agrícola da Tanzânia (TARI), tratou dos novos aprendizados incorporados ao projeto: “fomos capazes de mudar o nosso paradigma de ficarmos em apenas um produto; agora, fomos além, pensando nos aspectos nutricionais que cada alimento pode nos proporcionar. Este não deve ser o final, mas o início de uma nova abertura da cooperação do Brasil com a Tanzânia”.
Considerando a grande dificuldade de acesso à água na região, tanto para consumo próprio, como para cozinhar e regar as plantações, o projeto promoveu a construção de cisternas de placas de 16 mil litros para captação da água da chuva com hidrômetros e de canteiros econômicos. Além disso, ministrou oficina para a construção de barragens subterrâneas, que facilitam a retenção de água durante o período de chuvas, para a utilização durante a seca.
Combate à fome e nutrição
Vale destacar, igualmente, doação de maquinários agrícolas, destinados à agricultura familiar, que aceleram e facilitam o preparo do solo e a plantação das sementes. Agricultoras familiares participaram, também, de oficinas de aproveitamento integral de alimentos e cuidados com a água. De forma complementar a um outro projeto da cooperação brasileira - “Cotton Victoria” - , o Além do Algodão na Tanzânia apoiou, ainda, o financiamento de um sistema de irrigação para um campo de sementes de plantações de algodão do TARI.
A iniciativa promoveu, também, a construção de três fogões ecológicos em escolas dos distritos envolvidos, que funcionam a lenha, a fim de modernizar e acelerar o preparo de alimentos nas escolas, antes feitos em pedras no chão, misturadas com lenha. Havia grande perda de calor e a necessidade de utilizar quantidades bem maiores de lenha, em razão do vento.
A iniciativa permitiu, igualmente, capacitação para a construção de teares manuais, de modo que os agricultores familiares possam aproveitar o algodão produzido para confeccionar manualmente roupas e outros itens, reduzindo os gastos com a aquisição desses bens e aumentando as possibilidades de ganho financeiro com a comercialização.
Encerramento do projeto
No dia 28 de março, foi realizado evento simbólico de encerramento do projeto na Vila Nguge, no distrito de Misungwi, em Mwanza. Contou com a participação, do lado brasileiro, da UFCG, da ABC, da Embaixada no Brasil na Tanzânia e do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil. Do lado tanzaniano, estavam presentes o Ministério de Agricultura, o Instituto de Pesquisa Agrícola (TARI), o Conselho de Algodão (TCB), o Programa Mundial de Alimentos, além das agricultoras e agricultores que participaram do projeto, que continua no Benim e em Moçambique.Os diferentes interlocutores que se pronunciaram na cerimônia de encerramento, ressaltaram o diferencial da cooperação brasileira. Para o diretor-geral do TCB, o Brasil não deu o peixe, mas ensinou a pescar. “Na cooperação entre Brasil e Tanzânia, ao invés de nos darem dinheiro, vocês nos estão dando os meios para fazer dinheiro e melhorar a vida das pessoas”, concluiu.
O Embaixador do Brasil na Tanzânia, Gustavo Nogueira, sublinhou os princípios que sustentam a cooperação sul-sul brasileira: “para que o peixe seja pescado, as pessoas precisam querer pescar. Neste projeto, observamos o grande entusiasmo e o comprometimento dos parceiros em querer usar essa vara para pescar. O princípio da solidariedade é um princípio da cooperação implementada pelo Brasil. Esperamos que os novos conhecimentos adquiridos sejam expandidos e multiplicados”, ressaltou.
O projeto “Além do Algodão” apoiou a construção de mais de trinta cisternas, escolares e domiciliares, nos três distritos envolvidos no projeto; 90% dos participantes, observaram melhoria na alimentação, nos últimos 12 meses, bem como na autonomia do sistema produtivo; 76% dos envolvidos relataram aumento significativo na produção de alimentos e 34,17% apontaram redução dos custos de produção.