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Pesquisadoras do Peru são treinadas no Brasil em inovações tecnológicas e boas práticas
Para fortalecer suas capacidades em vários temas relacionados à cadeia de valor do algodão, duas pesquisadoras do Peru, do Instituto Nacional de Inovação Agrária (INIA) , estiveram no Brasil para um estágio no escritório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Algodão) , na cidade de Campina Grande, Paraíba. No Peru, a produção de algodão representa o sustento de mais de 8 mil agricultores e agricultoras familiares no país.
A iniciativa teve apoio do Programa Nacional de Pesquisa Agropecuária (PNIA), que financiou os estágios, e é resultado da articulação feita com o projeto de cooperação internacional trilateral sul-sul +Algodão Peru que é coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
As pesquisadoras Iris Graciela Junes Núñez e Karina Soledad Zúñiga Sarango foram treinadas (teoria e prática) em temas como fito-melhoramento do algodão, transferência de tecnologia, gerenciamento e conservação de solos e de água no semiárido, agroecologia, inclusão social, agricultura familiar e segurança alimentar.
O pesquisador da área de melhoramento vegetal da Embrapa Algodão, Francisco José Correia Farias, avaliou o estágio como uma excelente experiência, para obter novos conhecimentos na cadeia de valor do algodão no Brasil, com ênfase na agricultura familiar desenvolvida na região semiárida do país. Francisco explicou que as regiões do Peru onde o algodão é cultivado são áridas, muito parecidas com o semiárido brasileiro, onde o melhor uso da água é muito importante para o desenvolvimento de variedades de algodão. "Certamente as pesquisadoras terão condições de iniciar projetos específicos adaptando a nossa realidade ao contexto do Peru", afirmou o pesquisador brasileiro.
Segundo a pesquisadora Graciela Junes, o objetivo do treinamento foi alcançado, destacando como temas interessantes a transferência de tecnologia, agroecologia, agricultura familiar, fertilidade do solo, o melhoramento genético do algodão. Sobre o conhecimento aprendido no Brasil que poderia ser replicado no Peru, Graciela ressaltou que as metodologias úteis de criação de insetos, no manejo integrado de pragas, é um trabalho que pode ser desenvolvido em seu país. "Com isso, poderíamos reduzir muito os custos de produção, evitando a poluição ambiental e cuidando da saúde do produtor" .
O Peru, assim como outros países da América Latina, tem suas culturas de algodão afetadas pelo bicudo do algodão, uma praga que gera grandes perdas econômicas para os agricultores. Durante o treinamento, Graciela e Karina também receberam capacitação sobre o manejo de pragas, com ênfase no bicudo.
Durante o estágio de 60 dias, as pesquisadoras do INIA conheceram os laboratórios e os campos experimentais da Embrapa Algodão; participaram de eventos como de ciência e tecnologia e de uma feira para agricultores familiares do Semiárido , com inovações tecnológicas para o manejo e uso da água e convivência com a seca; visitaram ainda outros escritórios da Embrapa no nordeste e no centro-oeste do Brasil para conhecer os programas de melhoramento para o cultivo de algodão e o trabalho de melhoria genética e o banco de germoplasma.
Outro aspecto importante observado por Francisco nessa cooperação é que o Peru, como centro de origem do algodão há mais de seis mil anos, possui uma variedade chamada pima peruana, que possui excelente qualidade de fibra (extralonga), que agrega muito valor para o tecido; uma variedade que não existe no Brasil. "Há a possibilidade de trocarmos germoplasma, por meio de um projeto, o que significaria um ganho para os dois países".
Mais algodão e mais alimentos
O algodão associado às culturas alimentares como estratégia de diversificação e segurança alimentar dos agricultores familiares algodoeiros foi outro aspecto apresentado às pesquisadoras peruanas. Durante as visitas de campo, elas conheceram as experiências de pequenos agricultores que cultivam algodão em consórcio com feijão, gergelim, batata doce e milho, e criação de aves e caprinos, muito comuns no nordeste do Brasil. Segundo Graciela, os agricultores familiares peruanos não têm a cultura de associar vários cultivos, enfocando apenas na monocultura de algodão, milho e feijão. " Essa é uma característica muito diferente que vimos aqui no Brasil" , disse a pesquisadora que acrescentou que seria possível trabalhar com os agricultores familiares de seu país culturas consorciadas, talvez por meio de pequenos módulos ou em projetos combinados com trabalhos de inovação, pesquisa e transferência.
+Algodão Peru
Com o objetivo de melhorar a competitividade dos sistemas de produção de algodão no país, o governo do Peru, a FAO e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) executam em conjunto, desde 2015, o projeto +Algodão Peru. O projeto conta com o importante apoio de instituições cooperantes de ambos os países, bem como o apoio dos escritórios da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) do Peru e da Regional para a América Latina e o Caribe.
Além do Ministério da Agricultura e Irrigação (Minagri), participam, pelo lado peruano, o Instituto Nacional de Inovação Agrícola (INIA) e a Agência Peruana de Cooperação Internacional (APCI). Representando o Brasil estão a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Brasileiro de Algodão (IBA) e a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa).
Fonte: Com informações e foto da FAO