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Perdas e desperdícios de alimentos: países discutem soluções e desafios para reduzir essa realidade na alimentação escolar
A organização do evento virtual foi responsabilidade da representação da FAO na Colômbia e da Coalizão Alimentar (Food Coalition). A iniciativa contou com o apoio da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES), estratégia impulsionada pelo governo do Brasil, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com apoio e secretariado da FAO, por meio do projeto “Agenda Regional de Alimentação Escolar Sustentável na América Latina e Caribe”.
A analista de projetos da ABC, Paola Barbieri, ressaltou que a RAES valoriza o intercâmbio de boas práticas e a difusão de conhecimentos sobre alimentação escolar, sendo as perdas e desperdícios de alimentos parte dessas preocupações: “a rede é um espaço regional promotor do fortalecimento de capacidades institucionais e humanas para fortalecer conjuntamente os programas de alimentação escolar na região”, complementou.
Daniela Godoy, oficial de políticas da FAO, afirmou que 13% da produção alimentar do mundo é perdida no pós-colheita, com impacto social, econômico e ambiental. “Abordar as perdas e desperdícios traz efeitos positivos para o desenvolvimento sustentável, pois muitos alimentos que são perdidos ou desperdiçados fariam parte de uma alimentação saudável".
Najla Veloso, coordenadora pela FAO, do projeto Agenda Regional de Alimentação Escolar Sustentável, acrescentou que a alimentação escolar afeta a agenda ambiental por se tratar de política multissetorial que envolve economia, nutrição, desenvolvimento social, educação, agricultura, saúde. "Discutir o tema hoje é um desafio gigantesco por que tem impacto sobre os preços dos alimentos e também sobre a disponibilidade. Trata-se de abordar inclusão, redução da fome e dignidade".
Para Najla, é crucial um bom planejamento dos cardápios oferecidos nas escolas, o que inclui processos tais como logística, compras, entregas, manejo, técnicas de cocção e oferta de alimentos. “É importante quantificar a comida que está sendo desperdiçada nas escolas”.
Experiências
Luis Fernando Correa, diretor da Unidade Administrativa Especial de Alimentação Escolar - Alimentos para Aprender, do governo da Colômbia, apresentou projeto piloto que avaliou a eficácia da inclusão de técnicas de gastronomia em 13 escolas de 9 departamentos do país. O trabalho identificou cardápios com baixa aceitabilidade e avaliou a quantidade de desperdício antes e depois dos ajustes com técnicas gastronômicas. Foram realizados treinamentos de manipuladores de alimentos e ações para fortalecer os conhecimentos da comunidade educativa. “O uso de alimentos locais e a inclusão de técnicas gastronômicas melhoraram a aceitabilidade entre os estudantes, mostrando-se eficazes para reduzir em 41% o desperdício de alimentos no prato, especialmente de verduras e frutas”, apontou.
Monitoramento
Outra experiência apresentada tratou do modelo de medição e prevenção do desperdício de alimentos nos serviços do Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar, instituição que oferece apoio nutricional, educacional e de saúde a populações vulneráveis.
Laura Arévalo, moderadora do evento e especialista em educação alimentar e nutricional da FAO na Colômbia, concluiu sublinhando a necessidade de incluir sistemas de monitoramento das perdas e desperdícios, garantir cardápios culturalmente adequados, além de ações intersetoriais para o diálogo sobre a matéria, a fim de conhecer as melhores experiências em nível nacional e regional.