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Países trocam experiências em produção e certificação sustentáveis na produção de algodão
Mais de cem representantes de países da América Latina e da África se reuniram em Goiânia para conhecer e trocar experiências durante o evento de Certificação de Algodão “Contribuições para a sustentabilidade do setor na América Latina e na África” , paralelo ao 12° Congresso Brasileiro do Algodão (CBA) , realizado entre os dias 27 e 29 de agosto.
O diretor executivo da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (ABRAPA) , Márcio PortoCarrerro, apresentou a trajetória do Brasil em direção à certificação Better Cotton Initiative (BCI) . A BCI é uma abordagem holística da produção sustentável de algodão que abrange os três pilares da sustentabilidade: ambiental, social e econômico. "Ninguém no mundo quer consumir contribuindo para a destruição do meio ambiente ou a exploração do trabalho" , afirmou.
Ainda segundo Portocarrero, os países devem considerar a questão da sustentabilidade como uma demanda do consumidor que já alcança o produtor, em qualquer lugar do mundo. "Não há como produzir sem a garantia de sustentabilidade e sem respeitar as regras que os consumidores têm como preocupação" , afirmou. Segundo o diretor da ABRAPA, o Brasil tem seguido o caminho da produção sustentável, o que o levou ao status de segundo maior exportador de algodão do mundo.
Scott Exo, gerente mundial da BCI, que esteve no Brasil para participar do 12º CBA, falou aos participantes do evento paralelo sobre como funciona a certificação, apresentou os indicadores e as vantagens comparativas entre os sistemas de produção. Segundo Exo, o Better Cotton é concedido para agricultores que minimizam o impacto prejudicial das práticas por meio de diferentes ações: protegem as culturas, promovem a gestão da água, cuidam da saúde do solo, melhoram a biodiversidade, cuidam e preservam a qualidade da fibra, promovem o trabalho decente e operam com um sistema de gerenciamento eficaz. Entre os principais desafios na produção de algodão, o gerente da BCI indicou pesticidas, manejo da água, esgotamento do solo, trabalho infantil e pobreza rural.
Exo citou grandes marcas mundiais de roupas e acessórios, que utilizam o algodão, e como a cerificação tem contribuído para agregar maior valor às marcas, entre os seus consumidores e expandir suas vendas. Questionado pelos participantes estrangeiros sobre como os mesmos poderiam dar início ao processo de certificação em seus países, Exo explicou que esse movimento deve nascer internamente em cada país, por um grupo organizado de setores envolvidos na cadeia produtiva de algodão e que, a partir dessa demanda, equipes internacionais da BCI podem apoiar o desenvolvimento do processo de certificação.
O algodão, que hoje reúne 19 milhões de produtores no mundo, segundo Exo, é um produto que, se processado de forma sustentável, contribui não só para o aumento de renda para os diferentes setores da cadeia produtiva, mas também para o aumento da segurança alimentar e nutricional das famílias dos agricultores.
O evento paralelo foi organizado em conjunto pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) , ABRAPA, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) , Organização Internacional do Trabalho (OIT) , pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Programa Mundial de Alimentos (PMA) . Seis países da América Latina e representantes de 15 países da África participaram.
A Coordenadora de Cooperação Técnica Trilateral com Organismos Internacionais da ABC, Cecília Malaguti, destacou que a realização do evento paralelo teve como objetivo reunir representantes de todos os projetos de cooperação do governo brasileiro no setor do algodão, a partir da discussão de um tema de interesse para todos - a certificação do algodão – o que permitirá maior articulação entre as ações desenvolvidas nos países da América Latina e da África.
Para obter a certificação é necessário que a produção esteja comprovadamente dentro das regras. Para tal, há um protocolo a seguir: um auditor, acreditado internacionalmente, visitas à fazenda produtora, para garantir que tudo seja feito dentro das regras de produção sustentáveis, entre outros protocolos.
Sobre o BCI
Na certificação BCI, cada um dos pilares apresenta princípios e critérios de produção que funcionam como mecanismos de monitoramento para obtenção de resultados e impacto; eles trabalham juntos para dar suporte ao padrão do sistema e à credibilidade dos processos. O sistema foi projetado para garantir o intercâmbio de boas práticas e incentivar a expansão da ação coletiva para estabelecer o BCI como uma mercadoria atual sustentável. O sistema de controle de qualidade Better Cotton consiste em uma combinação de autoavaliação e inspeções de credibilidade realizadas pela BCI e verificação de terceiros. O processo é realizado anualmente e a certificação é válida por um ano. Saiba mais em bettercotton.org .
Com informações da FAO.